sexta-feira, 4 de março de 2016

Paquistão admite que líderes de talibãs residem no país

Hakimullah Mehsud, líder do Taliban paquistanês, sentado com outros militantes do grupo em Waziristan, em um vídeo divulgado em 2009

 O governo do Paquistão admitiu que líderes dos talibãs afegãos residem em seu território, um feito que o país asiático tinha negado até agora e que, segundo o Executivo paquistanês, concede influência para obrigar a dialogar com o Afeganistão, informou nesta quinta-feira a imprensa local.

"Temos influência sobre eles (os talibãs afegãos) porque seus líderes estão no Paquistão e recebem cuidados médicos. Suas famílias estão aqui", disse Shartaj Aziz, assessor das Relações Exteriores do primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, segundo o jornal "Dawn".

O jornal se referia a supostas declarações da segunda-feira do chefe da diplomacia paquistanesa em uma conferência no Conselho de Relações Exteriores em Washington, onde se encontra de visita oficial.

"Podemos usar nossa influência para pressioná-los para que se sentem à mesa (de negociação). Mas não podemos negociar em nome do governo afegão porque não podemos oferecer o que o governo afegão pode oferecer", indicou o assessor.

Aziz afirmou que seu país restringiu os movimentos dos talibãs afegãos em seu território, o acesso a hospitais e ameaçou expulsá-los do país se não dialogarem com o governo do Afeganistão.

O político ressaltou que o governo paquistanês disse aos talibãs que os "acolhemos durante 35 anos e não podemos fazer mais porque o mundo inteiro está nos culpando por isso".

Há anos Afeganistão e EUA acusaram o Paquistão de acolher os líderes dos talibãs afegãos na cidade de Quetta (oeste), onde se refugiou a liderança dos insurgentes após a invasão americana do Afeganistão em 2001.

A admissão de Aziz chega em pleno processo do Grupo a Quatro (G4) que é formado por Estados Unidos, China, Paquistão e Afeganistão para estabelecer conversas de paz entre o governo afegão e os talibãs.

Após quatro reuniões desde que o G4 começou a trabalhar em janeiro, o Grupo convidou no final de fevereiro os talibãs a manter um encontro em Islamabad na primeira semana de março, algo que ainda não ocorreu.

Este novo esforço por iniciar um processo de paz ocorre após o diálogo que começou em julho no Paquistão entre o governo afegão e os talibãs e que acabou poucas semanas depois pelo anúncio da morte do líder fundador talibã, o mulá Omar, que sucedeu o mulá Mansur, e um aumento da violência nos últimos meses.

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