sexta-feira, 4 de março de 2016

Lula é alvo de operação da Lava Jato; acompanhe

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acena da janela da sede do PT em São Paulo, dia 04/03/2016

 Desde às 6h da manhã desta sexta-feira (4), a Polícia Federal cumpre a 24ª fase da Operação Lava Jato que tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um dos alvos. No total, foram expedidos 33 mandados de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

Segundo a procuradoria, as investigações ocorrem justamente para comprovar ou não a participação do ex-presidente no esquema. 

Em declaração nesta tarde, Lula disse ter ficado indignado com a ação do MPF, já que estava disposto a colaborar com as investigações.

"Eu estou indignado também com o comportamento de determinados meios de comunicação", afirmou o ex-presidente. "Hoje quem incrimina é uma manchete."

Lula voltou a negar ser proprietário dos imóveis investigados pelos procuradores. "Eu uso a de um amigo, porque os inimigos não me oferecem", disse sobre o sítio em Atibaia. 

A respeito do tríplex no Guarujá, Lula afirmou que o dia que encontrarem seu nome na escritura, podem chamar o apartamento de seu. 

"Se eu não comprei e não paguei, não é meu", afirmou o ex-presidente. "Quero saber quem vai me dar esse apartamento quando o processo terminar. Vai ser a Globo? Vai ser o Ministério Público?" 

Por fim, Lula disse que se tornou uma dos maiores palestrantes do mundo, por tudo o que fez pelo Brasil — em especial a respeito dos avanços sociais em seu governo. O preço das palestras, portanto, foi baseado naquele que o ex-presidente via como semelhante, o ex-presidente norte-americano Bill Clinton.

"Quem é o que cobra mais caro? É o Bill Clinton? Vamos cobrar que nem ele", disse. "Bill Clinton foi meu paradigma."

A VERSÃO DA PF

O objetivo da operação foi destrinchar os ganhos da LILS Palestras e do Instituto Lula, controladas pelo petista. Entre 2011 e 2014, ambas teriam recebido R$ 30 milhões, boa parte repassado por empreiteiras com participação já comprovada no âmbito da operação.

De acordo com o procurador Carlos Fernando, cerca de 60% das doações ao Instituto Lula e 47% dos rendimentos com palestras foram feitas por Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão, UTC, Andrade Gutierrez e OAS.

"Estamos investigando também vantagens indevidas pagas ao ex-presidente, que é outro aspecto do crime de corrupção", diz o procurador.

Isso porque OAS e Odebrecht, além de serem doadoras, seriam as responsáveis pelas altas cifras despendidas nas reformas no tríplex do Guarujá e do sítio em Atibaia. Pesa sobre ambos os imóveis a suspeita de que se trata de pagamento de favorecimentos ilícitos e, consequentemente, lavagem dinheiro.

Há indícios também de que duas empresas da família receberam recursos do Instituto Lula por motivos desconhecidos. Como as maiores doadoras do Instituto são empreiteiras, o MPF investiga se houve triangulação para favorecimento indireto. Foram dois repasses: R$ 1 milhão e R$ 90 mil, segundo o procurador.

"Ainda estamos em investigação", disse o Carlos Fernando. "Não há nenhuma conclusão a respeito."

Foi revelado pelos investigadores que houve quebra do sigilo bancário e fiscal do presidente Lula para auxiliar a checagem dos fatos, medida que corre em sigilo de justiça.

PEDIDO DE PRISÃO

Segundo o procurador Carlos Fernando, não foi pedida a prisão do ex-presidente, pois não há pressupostos necessários. Até agora, são "indicativos fortes". "As investigações não são conclusivas para pedir a prisão", ele diz.

Lula foi ouvido no Aeroporto de Congonhas das 8 horas da manhã até próximo do meio dia.

Os pedidos de busca e apreensão chegaram ao juiz federal Sérgio Moro há 15 dias, não há, portanto, qualquer relação com as delações do senador Delcídio do Amaral, revelados pela revista Istoé.

O procurador justifica a condução de ex-presidente dizendo que se fosse marcada uma oitiva com antecedência, haveria problemas com segurança. A evidência são as manifestações que ocorrem em São Bernardo e no Aeroporto de Congonhas.

O Ministério Público Federal trouxe detalhes da ação de hoje em coletiva de imprensa de 1h15.

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