segunda-feira, 28 de março de 2016

Última Hora Tiroteo en Capitolio de Washington provoca cierre temporal de la Casa Blanca





Una persona disparó e hirió a otra en el centro de visitantes del Capitolio en Washington este lunes, lo cual ha provocado el cierre temporal del recinto de la Casa Blanca, reportaron medios internacionales.


Las inmediaciones del Capitolio —que acoge los hemiciclos de la Cámara de Representantes y el Senado— se encuentran bloqueados y los trabajadores no pueden entrar ni salir de las instalaciones. Los legisladores se encuentran de vacaciones por la festividad de Semana Santa, informa El País.

La víctima no fue herida de gravedad por el autor del disparo, quien ya ha sido arrestado por las fuerzas policiales y del cual se desconocen los motivos de la agresión.

El centro de visitantes del Capitolio, que destaca como una parada turística frecuente en la capital estadounidense, está ubicado debajo del histórico inmueble, al cual se accede a través de una explanada que hay en la parte trasera del Capitolio.

Ações federais podem conter violência contra jovens negros

ministra das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos Nilma Lino Gomes

 A ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes, pediu hoje (28) que os três poderes nos estados, Distrito Federal e municípios trabalhem juntos com a esfera federal para que o país supere os altos índices de violência contra os jovens negros.

“Precisamos reduzir a taxa de homicídio no Brasil, principalmente dos jovens negros, que são os que mais sofrem. Não bastam ações do governo federal, precisamos de uma ação federativa e articulada, precisamos de articulação entre os estados e municípios e o Distrito Federal, precisamos de articulação entre Judiciário, Legislativo e Executivo para encontrarmos caminhos e alternativas para essa situação”, disse Nilma.

Dados do Mapa da Violência, divulgado em 2015, apontam que os homicídios representam 46% das causas de morte de adolescentes entre 16 e 17 anos.

O estudo mostra que 93% das vítimas são homens, com destaque para os perfis de escolaridade e cor.

Homens negros morrem três vezes mais que homens brancos, e as vítimas com baixa escolaridade também são maioria.

A ministra participou hoje (28) de sessão solene na Câmara dos Deputados para lembrar o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, celebrado no último dia 21 de março.

Ela fez um balanço sobre as políticas e ações desenvolvidas pelo governo federal nos últimos anos para promover a igualdade entre os jovens, brancos e negros, como o Plano Juventude Viva, a Lei de Cotas e o Programa Universidade para Todos.

Nilma Lino destacou a iniciativa ID Jovem, que será lançado no próximo dia 31 de março. Segundo ela, a identidade jovem será um documento que comprova a condição de jovem de baixa renda para acesso ao benefício da meia entrada e, também, da reserva de vagas no transporte interestadual para jovens de baixa renda.

“É uma forma de possibilitar à juventude brasileira e de baixa renda, principalmente jovens negros e negras, a ter mais acesso a atividades culturais e esportivas e ao direito de ir e vir”, disse.

A identidade será destinada a jovens de 15 a 29 anos, com a famílias inscritas no Cadastro Único e renda mensa de até dois salários mínimos.

Segundo a ministra, a Secretaria Nacional da Juventude também deverá, em breve, ser integrada ao Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, para fortalecer as ações voltadas à juventude.

A sessão solene de hoje foi convocada e presidida pelo deputado Vicentinho (PT-SP), que ressaltou a importância de colocar em pauta na Casa projetos de interesse da população jovem e negra.

“Decidimos abordar nessa sessão a questão da defesa da nossa juventude, vítima da violência e do preconceito, em cada periferia vítima da maldita droga, da violência policial e da discriminação. Uma sociedade justa nós só teremos quando jovens brancos e negros forem tratados com as mesma condições e os mesmos direitos”, disse o deputado.

O dia 21 de março foi instituído pela Organização das Nações Unidas como é o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, em 1966, em memória à tragédia que ficou conhecida como Massacre de Shaperville, em 1960, na cidade de Joanesburgo, na África do Sul.

Na ocasião, 20 mil negros protestavam pacificamente contra a Lei do Passe - que os obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde eles poderiam transitar na cidade - quando se depararam com tropas do exército, que abriram fogo sobre a multidão, matando 69 pessoas e ferindo outras 186.

Homossexual agredido é condenado à prisão no Marrocos

Marrocos

 Um dos dois homossexuais marroquinos agredidos e exibidos despidos e ensanguentados por seus agressores foi condenado por um tribunal de Beni Melal (centro do Marrocos) a dois meses de prisão pelo artigo 489, que castiga o homossexualismo.

Segundo explicou nesta segunda-feira à Agência Efe o representante em Beni Melal da Associação Marroquina de Direitos Humanos, a agressão aconteceu em 9 de março e o julgamento no dia 15, mas não foi divulgado até o fim de semana passado, quando um vídeo nas redes sociais mostrava como dois jovens são tirados da cama, agredidos e obrigados a sair despidos na rua enquanto são insultados.

Um dos dois jovens cuidava de um pequeno comércio em Beni Melal, que tinha anexo um quarto. Um dia, quando ambos se encontravam na cama, um grupo de vizinhos forçaram a porta, invadiram o quarto e começaram a agredi-los até fazê-los sangrar, antes de jogá-los despidos na rua.

A agressão ficou então impune e só um dos jovens homossexuais foi detido pela polícia, apresentado perante o juiz e condenado a dois meses de prisão e uma multa de 500 dirhams (cerca de 45 euros), enquanto o outro conseguiu fugir.

A partir de sexta-feira o vídeo começou a circular nas redes sociais e o segundo homossexual se apresentou voluntariamente perante a polícia, que o deteve enquanto o juiz conclui a investigação.

Mas o escândalo gerado pelo vídeo fez com que a polícia também investigue os agressores até chegar a um deles, um jovem já fichado pela polícia por um crime anterior que será agora julgado pela agressão.

No Marrocos, o homossexualismo é expressamente castigado com até três anos de prisão pelo Código Penal em seu artigo 489, que persegue a "comissão de atos contra natura com indivíduos do mesmo sexo".

O homossexualismo também sofre uma grande reprovação social. No verão, um jovem travesti vestido com roupa feminina foi identificado por um grupo de jovens na cidade de Fez, tirado de um táxi e agredido e pisoteado até que conseguiu se safar e fugir.

Naquela ocasião, o Ministério da Justiça advertiu que ninguém devia fazer justiça com as próprias mãos e "sobrepor a justiça ou as forças da ordem".

Banco Central do Chile reduz previsão de PIB para 2016

Manifestante com a bandeira do Chile, dia 10/06/2015

Considerando a piora do cenário internacional, o Banco Central do Chile rebaixou nessa segunda-feira sua projeção de crescimento da economia em 2016.

"O Banco Central do Chile estimou um crescimento de entre 1,25% e 2,25% para o ano de 2016, inferior à estimativa de dezembro do ano passado, de entre 2 e 3% para o ano de 2017", disse Rodrigo Vergara, presidente da entidade ao expôr o Informe de Política Monetária (Ipom) ao Congresso.

A nova projeção supõe uma redução das expectativas em relação à projeção de dezembro passado, de entre 2 e 3%.

O BC estimou ainda que a inflação permanecerá sobre 4% durante a primeira parte deste ano, convergindo gradualmente à meta de 3% na primeira metade do ano que vem.

Maior produtor de cobre do mundo, o Chile tem sofrido com a queda do preço internacional deste metal.

Em 2015, a economia chilena cresceu 2,1%, acima dos 1,9% de 2014.

Vulcão no Alasca entra em erupção e lança cinzas

Vulcão Pavlof, no Alasca, entra em erupção, dia 28/03/2016

O vulcão Pavlof, localizado nas ilhas Aleutas, no Alasca (EUA), entrou em erupção com o lançamento de cinzas a mais de 6.000 metros de altura, informou nesta segunda-feira o Serviço Geológico americano (USGS).

A erupção do vulcão Pavlof, situado a mil quilômetros de Anchorage, a maior população do Alasca, aconteceu no domingo às 16h18 local (21h18, em Brasília) e é a primeira registrada em três anos.

As autoridades elevaram o nível de alerta para esse vulcão de normal a vermelho e emitiram um aviso à aviação para que aumente as medidas de precaução na zona do Pavlof.

O USGS indicou que a erupção do vulcão Pavlof aconteceu abruptamente, sem que houvesse uma atividade prévia que o antecipasse, e foi acompanhada por tremores de terra que se mantiveram com certa continuidade.

O piloto de um avião confirmou que a nuvem de cinzas expulsas pelo vulcão alcançou os 20 mil pés de altura (cerca de 6.100 metros) e se desloca pelo vento rumo ao norte.

O Pavlof, de 2.518 metros de altura e 7 quilômetros de diâmetro em sua base, é formado por sucessivas camadas de lava endurecida, que está coberto por neve e gelo permanentemente.

Com mais de 40 eruções históricas, o Pavlof é um dos vulcões mais ativos do chamado arco das Aleutas, com emissões de cinzas que alcançaram mais de 12 quilômetros de altura, mas a população mais próxima, Cold Bay, se encontra cerca de 60 quilômetros de distância, segundo o USGS.

Risco de terrorismo nuclear centrará cúpula em Washington

Protesto contra armas nucleares em Peer, na Bélgica, em frente à base nuclear de Kleine-Brogel (agosto de 2006)

 A Cúpula de Segurança Nuclear que reunirá esta semana dezenas de líderes em Washington terá um objetivo principal: prevenir que os materiais necessários para construir uma arma atômica caiam nas mãos de grupos terroristas como o Estado Islâmico (EI), antecipou nesta segunda-feira uma fonte oficial dos Estados Unidos.

"A cúpula estará muito centrada na questão específica de prevenir um dos cenários mais aterrorizantes: a aquisição de materiais nucleares por terroristas para fabricar um dispositivo nuclear improvisado", disse o secretário adjunto de Estado dos EUA para a não-proliferação, Thomas Countryman.

A expectativa é que chefes de Estado e de governo e ministros dos mais de 50 países que participarão da cúpula nesta quinta e sexta-feira conversem em particular sobre medidas para evitar que o grupo jihadista EI tenha acesso a esses materiais.

"Não há dúvida que o EI gostaria de adquirir armas de destruição em massa", reconheceu Countryman em entrevista coletiva.

"Mas graças aos grandes passos dados por países da região (para proteger seus materiais nucleares) e à campanha militar da coalizão internacional, não há uma ameaça imediata de o EI tentar fabricar armas atômicas", acrescentou.

Em geral, as possibilidades de os materiais nucleares caírem nas mãos de terroristas "se reduziram nos últimos anos graças ao aumento da segurança" nos países que os abrigam, mas o secretário destacou que é necessária uma "vigilância contínua" em nível global para prevenir essa ameaça.

Ficarão fora do debate oficial na cúpula alguns temas de interesse mundial, como o acordo alcançado ano passado entre Irã e o G51 sobre seu programa atômico e as preocupações da comunidade internacional sobre o programa nuclear e de mísseis da Coreia do Norte.

"A condenação unânime da comunidade internacional às provocações da Coreia do Norte se produz fora do processo da cúpula. É a ameaça mais ativa e provocativa para a segurança no sudeste asiático, mas não é o enfoque central da cúpula", indicou Countryman.

Mas esse tema deverá ser tratado nas reuniões paralelas à cúpula, como o encontro bilateral na quinta-feira entre o presidente dos EUA, Barack Obama, e o da China, Xi Jinping; além das reuniões marcadas para a presidente sul-coreana, Park Geun-hye.

Essa é a quarta Cúpula de Segurança Nuclear internacional, após a de 2010 em Washington, em Seul em 2012 e em Haia (na Holanda) em 2014.

Este ano haverá uma ausência notável entre os presentes, a Rússia, cujo Ministério das Relações Exteriores anunciou em janeiro que não participaria em protesto pelo que considera uma tentativa dos organizadores de interferir no trabalho da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

"A Rússia tomou sua própria decisão de não assistir à cúpula. É infeliz que a Rússia não vá estar, mas continuaremos trabalhando com eles" nos esforços de segurança nuclear e não-proliferação, afirmou hoje Bonnie Jenkins, coordenadora dos programas de redução de ameaças no Departamento de Estado dos EUA.

Governo começa a acomodar aliados contra impeachment

Logo da Funasa

 O Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, 28, traz um exemplo de como o Palácio do Planalto vai começar a atuar "no varejo" para barrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara.

Os cargos no segundo escalão do governo vão servir como moeda de troca para garantir o apoio de deputados na votação que pode levar ao afastamento da presidente.

Nesta segunda, o atual diretor de Obtenção de Terras do Incra, Marcelo Afonso Silva, foi exonerado do cargo para dar lugar a Luiz Antônio Possas de Carvalho, aliado do deputado do PMDB Carlos Bezerra (MT).

Afonso Silva havia chegado à diretoria do Incra em 2011, como indicado da senadora Gleisi Hoffmann, que acabava de assumir a chefia da Casa Civil.

Na época, a vaga era reivindicada pela bancada do PMDB do Senado e foi usada como exemplo de como os dois partidos estavam disputando espaços no governo.

Bezerra é um dos deputados do PMDB que tem se manifestado contra o impeachment de Dilma. Advogado por formação, ele argumenta não ver sustentação jurídica para o afastamento da presidente.

Na semana passada, um aliado do vice-presidente Michel Temer foi exonerado da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para dar espaço a um nome do PTN, que daria dez votos a favor de Dilma no processo do impeachment.

Se o desembarque do PMDB do governo se concretizar nesta terça-feira, a ideia é distribuir os cargos que estavam com o partido às demais legendas da base aliada.

Justiça condena Lufthansa por não servir comida "kosher"

Passageiros aguardando na fila do check-in da Lufthansa no aeroporto de Tegel, em Berlim

 O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou a companhia aérea Lufthansa a pagar uma indenização de R$ 5 mil a um passageiro judeu por não ter servido comida "kosher" durante um voo transoceânico, informaram nesta segunda-feira fontes judiciais.

A justiça considerou em sua sentença que a companhia aérea causou "danos morais" ao cliente, que tinha solicitado no momento da compra de seu bilhete receber comida preparada segundo os preceitos da religião judaica.

No entanto, a comida servida durante a viagem não era kosher e "o passageiro permaneceu 14 horas sem alimentação", afirmou o tribunal em comunicado de imprensa.

"A alimentação específica é de suma importância e tem fundamento em preceitos religiosos. O passageiro permaneceu durante todo o voo intercontinental sem nenhum tipo de comida", considerou o magistrado Antonio Luiz Tavares de Almeida, relator do recurso apresentado após a decisão de um tribunal de primeira instância.

Os fatos ocorreram em 21 de março de 2012, quando o passageiro viajou na companhia alemã Lufthansa desde a cidade suíça de Zurique até São Paulo.

BNDES registra lucro líquido de R$ 6,199 bilhões em 2015

Sede do BNDES

 O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) registrou lucro líquido de R$ 6,199 bilhões em 2015.

Em nota, a instituição de fomento informou que o resultado de intermediação financeira alcançou R$ 18,691 bilhões, 39,6% superior ao registrado em 2014, ajudando a compensar o prejuízo de R$ 7,641 bilhões da BNDESPar, empresa de participações do banco. Em 2014, a BNDESPar havia registrado lucro de R$ 2,905 bilhões.

Segundo relatório da BNDESPar entregue à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a receita com dividendos e juros sobre capital próprio reduziu em R$ 2,1 bilhões na passagem de 2014 para 2015, mas o principal fator para explicar o prejuízo foi a baixa contábil (impairment) de R$ 12,6 bilhões por causa da participação na Petrobras.

"Em 31/12/15, motivado pela constatação de evidências objetivas de perda em sua participação na Petrobras, a BNDESPAR realizou teste de impairment no investimento e concluiu pela redução do seu valor esperado de recuperação a um patamar inferior ao respectivo custo de aquisição", diz o relatório da BNDESPar.

Segundo os informes do banco de fomento, não fosse pelo impairment por causa da Petrobras, a BNDESPar teria registrado lucro de R$ 692 milhões e o BNDES teria tido lucro de R$ 10,684 bilhões.

Uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) permite que o BNDES não transfira para seu balanço as baixas contábeis com participações na Petrobras, entre outras empresas.

"Vale ressaltar que as perdas por impairment são exclusivamente contábeis - já que não houve venda de ativos - e representam a mera transferência do efeito negativo registrado em conta específica do patrimônio líquido para o resultado do exercício. Tal resultado, portanto, não gerou impacto no fluxo de caixa do BNDES, nem em sua posição patrimonial, dado que as perdas já estavam reconhecidas em seu ativo e patrimônio líquido. Com uma futura valorização das ações da Petrobras, os ganhos contábeis serão incorporados ao patrimônio líquido do BNDES", diz nota divulgada à imprensa pelo BNDES.

O banco de fomento informou ainda que seu índice de Basileia encerrou 2015 em 14,7%, "situação confortável diante dos 11,0% exigidos pelo Banco Central".

Lucro do Uber suporta investimentos na China, diz CEO

Ponto de Uber em Portland, Estados Unidos

 A companhia de transporte urbano Uber Technologies está gerando mais de 1 bilhão de dólares em lucro por ano em suas principais 30 cidades globalmente e parte do dinheiro está sendo usada para financiar sua expansão na China, disse o presidente-executivo da empresa, Travis Kalanick, em entrevista.

O Uber disse em fevereiro que está perdendo mais de 1 bilhão de dólares anualmente no mercado chinês, onde disputa com várias empresas locais para ganhar clientes.

Kalanick disse que a China é o mercado mais intenso da empresa, mas também crucial para novas ideias que exportou para outros mercados, e que seu investimento no país é sustentável.

"Se você somar nossas 30 principais cidades hoje, elas estão gerando mais de 1 bilhão de dólares em lucro por ano, somente as 30 maiores. E esse lucro se multiplica todo ano porque estamos crescendo", disse ele em entrevista durante um evento na província chinesa de Hainan. Outras cidades entre as 400 onde o Uber opera também são lucrativas, acrescentou.

"Então isso nos ajuda a investir sustentavelmente em nossos esforços chineses... Por causa dos lucros que temos globalmente, isso é algo que podemos fazer no longo prazo", disse ele.

Cientistas usam genética para melhorar desempenho de atletas

Fabiana Murer, atleta

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) está mapeando em atletas de elite de diferentes modalidades um conjunto de marcadores genéticos associados ao bom desempenho na prática esportiva.

O objetivo do projeto, intitulado Atletas do Futuro, é criar um banco de dados sobre variações genômicas (polimorfismos) frequentes na população brasileira e, com auxílio de softwares, usar essa informação tanto para a seleção e treinamento de novos talentos, como para o aperfeiçoamento da preparação física de atletas profissionais.

Resultados da pesquisa foram apresentados no dia 22 de março, em São Paulo, durante o workshop “Research on Sports and Healthy Living”, organizado pela Fapesp em parceria com a Netherlands Organisation for Scientific Research (NWO).

“Além de melhorar a performance, acreditamos que o conhecimento desses marcadores genéticos possa nos ajudar a reduzir o número de lesões e a prolongar o tempo de vida do atleta”, disse à Agência Fapesp João Bosco Pesquero, idealizador do Atletas do Futuro e coordenador, na Unifesp, do Centro de Pesquisa e Diagnóstico Molecular de Doenças Genéticas.

O grupo, que teve o auxílio de Elton Dias da Silva, Giscard Lima e Sandro Soares Almeida, já coletou dados de mais de 800 atletas – tanto na ativa quanto aposentados – de modalidades como judô, basquete, kickboxing, rúgbi, karatê, tênis, atletismo e futebol.

Entre os voluntários mais conhecidos estão o tenista Gustavo Kuerten, os jogadores de basquete Hortência Marcari e Oscar Schmidt, os judocas Edinanci Silva, João Derly e Aurélio Miguel e os corredores Marilson do Santos, Joaquim Cruz e Andre Domingos Silva.

O material foi coletado por meio de um raspado bucal, com um kitcomercial semelhante ao empregado em testes de paternidade.

A busca pelos marcadores foi feita por métodos de PCR (reação da polimerase em cadeia) e sequenciamento.

Para isso, foi usado um painel de genes-alvos já associados em estudos anteriores à performance esportiva, como, por exemplo, o ACTN3, que codifica uma proteína importante para a contração muscular, a alfa-actina 3.

“Com base na análise desses marcadores, criamos um escore que indica se aquela pessoa tem mais predisposição a atividades que requerem força ou a atividades de resistência. A princípio, estamos avaliando apenas essas duas variáveis. Mas é possível investigar outras, como capacidade respiratória ou propensão a lesão. No futuro, pretendemos ampliar o número de marcadores genéticos analisados”, contou Pesquero.

De acordo com o escore obtido pelo atleta, explicou o pesquisador, tanto a preparação física quanto a tática de jogo, no caso dos esportes coletivos, podem ser adaptados para alcançar melhores resultados.

O método foi testado com sucesso no time de basquete do Palmeiras, durante o campeonato de 2013, graças a uma parceria e orientação do preparador físico Chiaretto Costa e do fisiologista do exercício Paulo Correia, da Unifesp.

“Estávamos no meio do campeonato e o desempenho do time era ruim, havia perdido praticamente todos os jogos. Era um paciente terminal, então decidimos aplicar o tratamento experimental. A performance do grupo apresentou uma mudança drástica, melhorou muito, assim como a dos atletas individualmente”, contou Pesquero.

Na avaliação do pesquisador, o grande segredo está na capacidade de traduzir a informação genética para a prática esportiva.

“Já tentamos aplicar o método em diversos times de futebol. Fizemos as análises dos marcadores, mas há uma grande resistência em mudar o treino com base nos resultados”, contou Pesquero.

Outra experiência bem-sucedida, desta vez no basquete, foi com o time de São José dos Campos, na época comandado pelo preparador físico Adilson Doretto.

“Doretto já acompanhava o time havia três anos e relatou que o número de lesões caiu de 21, na temporada de 2010, para nenhuma, em 2013 – descontados os quatro casos de lesão por acidente. A performance do grupo também melhorou muito”, contou Pesquero.

Apesar dos potenciais benefícios do projeto para o treinamento de atletas profissionais, o pesquisador da Unifesp ressalta que seu principal público-alvo são crianças.

Uma das propostas de Pesquero é desenvolver um software que pudesse ser usado nas escolas, pelos professores de Educação Física, para identificar as modalidades mais adequadas para cada estudante e orientar o treino.

“Muitas vezes, a criança desiste do esporte porque acredita que aquilo não é para ela. Mas, na verdade, está fazendo algo que não é adequado ao seu perfil. Por exemplo, se ela gosta de natação e é mais propensa a atividades de força, podemos orientá-la a optar por modalidades como 100 metros livres. Modalidades acima de 400 metros livres seriam recomendadas para indivíduos propensos a atividades que requerem resistência. Quando a criança faz algo em que se destaca, aquilo funciona como um estímulo positivo, ajuda a manter a prática de atividade física e aumentam as chances de virar um atleta”, avaliou.

Coleta de material genético
Gustavo Kuerten em coleta de material genético

Vida saudável

Realizado com o objetivo de fomentar a colaboração entre pesquisadores do Estado de São Paulo e da Holanda, o workshop “Research on Sports and Healthy Living” reuniu, nos dias 22 e 23 de março, mais de 120 pesquisadores na sede da Fapesp.

Durante a abertura do encontro, o vice-presidente da Fundação, Eduardo Moacyr Krieger, ressaltou que o evento é parte de uma parceria bastante bem-sucedida entre Fapesp e NWO.

“Assinamos um acordo de cooperação em 2012 e, um ano depois, foram aprovados sete projetos financiados conjuntamente. Em 2014, outros sete projetos foram aprovados e, em 2015, mais três. Estamos trabalhando para lançar uma nova chamada de propostas em breve”, disse o vice-presidente.

Segundo Krieger, o esporte é uma das áreas em que melhor se tem aplicado a medicina translacional, ou seja, que melhor consegue transformar as descobertas feitas nos laboratórios em benefícios práticos para os pacientes.

Nico Schiettekatte, conselheiro de Ciência, Tecnologia e Inovação do Consulado Geral dos Países Baixos em São Paulo, lembrou que Brasil e Holanda assinaram nos últimos anos diversos acordos com a intenção de estimular a colaboração em pesquisa e inovação e que, em 2015, a área de esportes foi apontada como prioridade nessa relação bilateral.

“O governo holandês e o Consulado Geral em São Paulo estão extremamente satisfeitos com o aumento da colaboração em pesquisa e é com grande entusiasmo que apoiamos este workshop conjunto. Certamente vai oferecer uma base sólida para a ampliação e aprofundamento de nossas relações”, disse.

O membro da coordenação adjunta de Ciências da Vida da Fapesp Carlos Eduardo Negrão afirmou que a promoção de um estilo de vida saudável é um dos maiores desafios dos dias atuais.

Segundo ele, os avanços tecnológicos nem sempre se traduzem em melhoria na qualidade de vida.

“Nossa geração é muito menos ativa que as anteriores e as evidências mostram que o sedentarismo está associado ao desenvolvimento de doenças. Estudos mostram que atividade física reduz obesidade, dislipidemia, hipertensão e melhora o controle da diabete. Recentemente, exercícios têm sido recomendados também para o combate a doenças graves, como insuficiência cardíaca e câncer”, disse.

Entre os diversos temas abordados no evento destacou-se, por exemplo, a biomecânica de corrida de longa distância – tema da palestra apresentada por Marcos Duarte, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC).

Um dos objetivos da pesquisa é identificar padrões típicos e atípicos de corrida, de modo a prevenir lesões.

Francisco Louzada Neto, da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos, apresentou o sistema desenvolvido no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) que funciona como um “Olheiro virtual”, ajudando a identificar novos talentos para times de futebol (Leia mais em: http://agencia.Fapesp.br/ 22207).

O holandês Aarnout Brombacher, da Eindhoven University of Technology, apresentou uma linha de pesquisa voltada a desenvolver dispositivos que podem ser usados por praticantes de esporte – tanto durante os treinos como no dia a dia – para a coleta de dados como aceleração, frequência respiratória e cardíaca, transpiração, entre outros.

Segundo o pesquisador, esse big data, se bem analisado e contextualizado, pode auxiliar tanto na prática esportiva como também no cuidado de idosos, reabilitação pós-trauma e recuperação de crianças em hospitais.

Também foram apresentadas palestras sobre o uso da tecnologia na promoção de um estilo de vida ativo, protocolos de reabilitação física, métodos de análise de big data relacionado à prática de esportes, bases moleculares da hipertrofia cardíaca (fisiológica e patológica), entre outras.

Por que o superávit já foi para o beleléu?

Os ministros da Fazenda, Joaquim Levy (E); e do Planejamento, Nelson Barbosa; anunciam cortes no Orçamento durante coletiva

Joaquim Levy, quem aí se lembra dele? Assumiu o Ministério da Fazenda do segundo governo Dilma, em 2015, dizendo perseguir superávit primário equivalente a 1% do PIB. Caiu. Mas, antes de ir para Washington, lutava bravamente por 0,7%.

Nelson Barbosa, seu sucessor, quando tomou as rédeas da economia em Brasília, falava em 0,5%, possivelmente ajustáveis numa tal banda (um piso e um teto a serem escolhidos).

Até quarta-feira, 24, tínhamos esse 0,5% do PIB de superávit de Nelson. Mas esse número, singelo, pressupunha aumento da arrecadação de, nada singelos, 170 bilhões de reais. Isso mesmo: ainda se contava com isso, mesmo num ano de tremenda recessão.



Mas Nelson não anunciou nenhuma surpresa. Alguém duvidava que o superávit do governo seria pequenino, de uns 3 bilhões? Quem acreditava com fé nos 30 bilhões de reais anunciados anteriormente? O ministro apenas reconheceu a realidade dos números.

Como temos insistido no Por quê?, não é de agora problema, nascido lá atrás, no primeiro governo Dilma.

Cortaram impostos, aumentaram gastos, tocaram pau no crédito público e menosprezaram a necessidade e urgência das reformas fiscais de natureza estrutural.

Quando essas coisas acontecem é só alegria, é uma festa danada. Mas no momento em que a conta começa a cair… e, pior, neste instante ninguém assume a paternidade da desgraça econômica!

Por falar em Barbosa, e a reforma da Previdência?

Nelson Barbosa, aparentemente, queria mexer na insustentável Previdência Social. Mas, com o caos político que se instaurou por estas terras, sem chances.

Botar para andar a agenda fiscal (área responsável pelo equilíbrio entre gastos e receitas de um governo) demanda muita coragem.

Requer capacidade de argumentação e liderança, por sua natureza impopular. E não tem outra saída. Sem uma melhora na parte fiscal, todo o resto segue emperrado.

A área fiscal é o calcanhar de Aquiles do lamaçal econômico em que meteram o Brasil.

Quer entender o por quê? Dá uma olhada nesta continha, não vai doer nada: com juros reais de 5% e crescimento de 0% (sim, essa previsão é hiperotimista, mas mostra ainda melhor o tamanho

do problema); logo, a gente precisa de (5% – 0%) X 65% = 3,25% do PIB de superávit para que a dívida bruta nacional, hoje na casa dos 65% do PIB, pare de crescer.

Esses números mostram que, ainda que o PIB do Brasil fosse pelo ficar parado, no 0%, o superávit precisaria ser 3,5% e a nossa dívida, alta, se mantinha ainda alta, mas estável.

Neste momento, no entanto, tudo leva não a um superávit, mas a um déficit (negativo, ao contrário do superávit) de mais ou menos 1,5% do PIB.

Deixa dizer com todas as letras então: É IMPOSSÍVEL virar um déficit de 1,5% para superávit de 3% em poucos anos, se for mantida a atual rigidez das despesas do governo e a dificuldade para conseguir elevar impostos.

A coisa está preta e o piloto, quer dizer, o superávit sumiu.

É cedo para dizer que WhatsApp afeta operadoras, diz Anatel

Smartphone com WhatsApp

A competição com os serviços over-the-top (OTTs) ainda não é uma realidade, mas uma tendência, na visão de estudo técnico da Anatel.

O superintendente de competição da agência, Carlos Baigorri, confirmou que há uma análise de impacto regulatório no Plano Geral de Metas de Competição (PGMC) na ótica da concorrência de serviços, levando em consideração a possibilidade de substituição por OTTs.

"No nosso entendimento, é cedo para que essa substituição seja plena. É óbvia em mensagens de texto, quase ninguém mais usa SMS, mas na TV por assinatura ainda há a discussão se as a aplicações de video on-demand são complementares; é um mercado ainda muito incipiente para fazer afirmação taxativa, o que nos cabe é monitorar", declarou ele em debate promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) na manhã desta quinta, 24.

Essa avaliação está atualmente subindo para o conselho diretor. "Assinei ele ontem", disse Baigorri em conversa com jornalistas após o debate, alegando ainda não poder exibir o conteúdo até que o conselho tome sua decisão.

"O que posso dizer de conclusão é que existe substituição entre fixo e móvel (para voz), mas para banda larga achamos que ainda não tem, são características técnicas diferentes", explica.

"Nesses serviços OTT, tanto (no caso de) WhatsApp, VoIP, Skype e Netflix, ainda não há clara substituição, a gente acha que tem tendência, mas que no momento não há informação suficiente. A ideia é colocar em consulta pública e vamos avaliar à luz do que a gente pega da sociedade."

O superintendente da Anatel reitera a interpretação já externada pelo presidente da agência, João Rezende, de que, no ponto de vista de regulação econômica, no caso de haver concorrência de fato, "a solução não é regular OTTs, de ter obrigações de qualidade, tributos, mas sim, desregulamentar os operadores de telecom".

Baigorri confirma haver também estudos para desregulamentação, realizados em parceria com uma consultoria internacional, focados em mudanças de metas de qualidade, licenças e outorgas.

A agência procuraria, assim, eliminar as "regras excessivas", estabelecendo uma regulação modulada de acordo com a concorrência em cada região.

"No PGMC (Plano Geral de Metas de Competição) que está indo para consulta pública, estamos propondo quatro regiões no Brasil em nível de concorrência, então, em municípios altamente competitivos, propomos a redução drástica da regulamentação, e em regiões sem monopólio, aí não tem a regulamentação", declara.

Novas metas de qualidade

A proposta de revisão do regimento de qualidade, por sua vez, procura reduzir a quantidade de indicadores, sobretudo os de natureza técnica "que dizem respeito a engenheiros, mas que, para o consumidor, não dizem nada".

A Anatel então procuraria criar indicadores "mais aderentes à percepção do usuário", o que inclui a definição de padrão mínimo "não muito alto" para não engessar as operações.

"O desafio é em que medida desregulamentar e deixar de proteger o consumidor, a gente sabe que o setor é um dos principais serviços reclamados, e a desregulamentação não pode ser um passo para trás".

Ainda de acordo com Baigorri, o cronograma da agência está apertado, mas a ideia é fazer a consulta pública da revisão do regimento de qualidade ainda neste ano.

Sistema faz previsões simultâneas de tempo na América do Sul

Imagem de satélite de tempestade tropical

A comunidade científica brasileira e internacional ganhou um novo sistema capaz de fazer previsões simultâneas de tempo e de qualidade do ar na América do Sul em tempo real.

O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo, lançou uma nova versão do modelo regional de previsão de tempo e estudos climáticos BRAMS.

Desenvolvido com apoio da Fapesp, por meio de projetos coordenados pelo pesquisador Saulo Ribeiro de Freitas, do Inpe, a nova versão do software meteorológico – denominado BRAMS 5.2 – unificou os modelos para previsão de tempo e de qualidade do ar usados atualmente pelo CPTEC.

Além disso, agregou um novo modelo de superfície que permite simular o ciclo de carbono e outros ciclos biogeoquímicos – processos naturais em que ocorre a passagem de elementos, como a água, de um determinado meio para os organismos e vice-versa – e aqueles causados pela ação humana, como queimadas.

Dessa forma, o sistema permite avaliar de forma integrada os impactos da queima da floresta no balanço de carbono (os processos responsáveis pelas fontes e sumidouros do gás de efeito estufa) da Amazônia e dos aerossóis da fumaça das queimadas na fotossíntese das árvores, entre outros aspectos – uma vez que simula de forma conjunta e simultaneamente as interações entre a composição da atmosfera com a qualidade do ar e os ciclos biogeoquímicos.

Reprodução/ Inpe

Nova versão de software meteorológico do Inpe

Nova versão de software meteorológico do Inpe

“A unificação dos modelos de previsão de tempo e de qualidade do ar em um mesmo software possibilita simular de forma mais coerente e realista a interação do ecossistema da Amazônia com processos, como as emissões de aerossóis pelas queimadas, que modificam regimes de chuva, o nível da temperatura da superfície e têm impactos na saúde pública”, disse Freitas, à Agência Fapesp.

“O desenvolvimento dessa nova versão do BRAMS coloca o Brasil no estado da arte em modelagem integrada da atmosfera em escala regional com um sistema genuinamente nacional e com total domínio do software, além da dinâmica e das parametrizações de processos físicos e químicos”, avaliou.

A nova versão do sistema fornece previsões meteorológicas e de qualidade do ar (com base nas concentrações de monóxido de carbono, ozônio e aerossóis atmosféricos) da América do Sul com resolução de 20 quilômetros (km) e com antecedência de 3,5 dias. Já a previsão do tempo “pura” – sem incluir os aspectos químicos – tem resolução de 5 km.

Para isso, o software utiliza 9,6 mil processadores do supercomputador Tupã, instalado no CPTEC, adquirido com apoio da Fapesp e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Por meio dessa estrutura computacional, o BRAMS 5.2 permite a visualização da poluição atmosférica em megacidades da América do Sul, como São Paulo e Rio de Janeiro, e de plumas de monóxido de carbono de queimadas.

“Hoje, poucos centros de previsão de tempo e estudos climáticos no mundo possuem um sistema de previsão integrada como o BRAMS 5.2, que fornece simultaneamente previsão de tempo e de qualidade do ar na escala da América do Sul com resolução de 20 km”, disse Freitas.

Para cobrir toda a extensão da América do Sul, o software divide a região em 1.360 x 1.480 células horizontais e 55 níveis verticais.

As células de grade computacionais, em um total de 110 milhões, aproximadamente, são processadas simultaneamente nos 9,6 mil processadores do supercomputador em 20 minutos para gerar previsões para um dia.

“Em dez anos de operação do BRAMS pelo CPTEC o tempo de execução de previsão para um dia diminuiu quase 100 vez com a aquisição de computadores mais potentes, como o Tupã, com maior número de processadores”, disse Jairo Panetta, consultor do Grupo de Processamento de Alto Desempenho do CPTEC.

“Não há outra forma de tornar o tempo de execução de um modelo climático mais rápido que não seja aumentando cada vez mais o número de núcleos de processamento”, avaliou o pesquisador, que também é colaborador do Departamento de Ciência da Computação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e consultor do grupo de tecnologia geofísica da Petrobras.

 

 Modelo nacional

O BRAMS foi baseado no Sistema de Modelagem Atmosférica Regional (RAMS, na sigla em inglês), desenvolvido originalmente por pesquisadores da Colorado State University, dos Estados Unidos, no final da década de 1980.

Voltado inicialmente para estudar microfísica e dinâmica de nuvens e modelagem de turbilhões, o modelo foi trazido ao Brasil pelos pesquisadores Pedro Leite da Silva Dias e Maria Assunção Faus da Silva Dias, ambos do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP).

Após ser usado durante anos em estudos voltados a entender a influência da Amazônia no clima regional e global, realizados por pesquisadores de universidades e instituições de pesquisa no país, foi introduzido em 2003 no CPTEC porque, de acordo com Freitas, era o único modelo climático disponível na época capaz de fazer previsões de qualidade do ar.

“O BRAMS começou com o modelo americano. Mas hoje é um software completamente diferente, com diversas finalidades que não existiam no modelo original”, explicou.

O modelo brasileiro é usado hoje por pesquisadores tanto do Brasil como de outros centros de pesquisa de clima na França, Portugal, Estados Unidos, Argentina, Colômbia e Peru, entre outros, em razão do papel desempenhado pela Amazônia no clima global.

A fim de aprimorá-lo, os pesquisadores do CPTEC, em colaboração com colegas da USP de outras universidades e instituições de pesquisa no Brasil e no exterior, vêm se dedicando a melhorar seu desempenho computacional e incorporar novas funcionalidades.

“Para incorporar mais processos e descrevê-los de forma fisicamente mais realística e melhorar a resolução espacial do modelo são necessários cada vez mais recursos computacionais”, afirmou Freitas.

Em razão do trabalho realizado com o BRAMS, o pesquisador recebeu e aceitou um convite da Nasa para trabalhar no grupo de modelagem climática da agência espacial norte-americana.

“A ideia é aumentar a colaboração entre a Nasa e o Inpe em modelagem climática em escala global”, disse.

A nova versão do sistema BRAMS pode ser acessada em http://brams.cptec.inpe.br.

Os principais inimigos de uma boa venda

Vendedora em loja de roupas., vendedor, cliente, vendas, loja, compras

Quais os principais inimigos de uma boa venda?
Escrito por Enio Klein, especialista em vendas

Uma boa venda é aquela que usualmente chamamos de “ganha-ganha”, isto é, ao fim do ciclo, tanto comprador quanto vendedor ficam satisfeitos. O primeiro por ter comprado um produto ou serviço que atende àquilo que buscava pelo preço justo e o segundo por ter podido atender ao cliente de forma satisfatória. Uma boa venda cria condições para outras boas vendas. E isto é bom.

Entretanto, um ciclo de vendas ganha-ganha não é tão fácil de ser obtido na prática. Existem muitas armadilhas que poderão levar o vendedor a não ter sucesso. A primeira delas é deixar-se seduzir pelas primeiras impressões. Qualificar um cliente baseado nelas muitas vezes é o primeiro passo para destruir as chances de uma boa venda.

Vendedores rotulam os clientes e passam a agir em nome disto, superestimando ou subestimando o potencial de compra. Clientes não gostam de ser rotulados e o processo de vendas passa a ser difícil o que não contribui em nada para uma boa venda. Assim sendo, não qualifique seu cliente por impressões iniciais. Use sua experiência, mas não aja prematuramente. Entenda o cliente, procure conhecer o seu comportamento de compra e responda de forma compatível.

Uma outra forma de não conseguir uma boa venda é deixar a sua ansiedade te dominar. Vendedores ansiosos, deixam os clientes desconfortáveis e pressionados, poderão não comprar ou levar alguma coisa que não era exatamente o que procuravam. Uma eventual dissonância fará desse cliente um potencial inimigo. Todos sabemos que a pressão por resultados é inevitável, mas é preciso não transferi-la ao cliente. Deixe-o a vontade, ajude-o, oriente-o, mas não o pressione. Lembre-se que a venda é parte do atendimento ao cliente, o qual só irá fazer um bom negócio com você se estiver satisfeito.

Boas vendas existem quando cliente, você e a empresa ganham. Todo cliente, o brasileiro em particular, adora uma pechincha, um desconto. Fique atento. Jamais prejudique suas margens para realizar uma venda. Uma venda com margem baixa não é boa para você. Se o cliente é orientado a preços busque levá-lo para as ofertas ou produtos e serviços com preços compatíveis com a disposição de gastar do cliente. 

Tente conciliar a necessidade do cliente com preços compatíveis. Negocie com o cliente, mas jamais venda algo que ele não precisa, ou pior, algo que não o atenda, simplesmente para fechar o negócio. Da mesma forma, não sacrifique suas margens para atendê-lo, a menos que tenha alguma razão importante para fazê-lo, tal como um cliente preferencial ou por ser estrategicamente importante fazer aquela venda.

Enfim, uma boa venda é tudo que nós profissionais de vendas queremos. Mas é muito fácil cair nas armadilhas que nos fazem desperdiçá-las. O segredo vem do dito popular “um olho no peixe, outro no gato”. Preste atenção nos sinais do cliente. Eles revelam muito sobre seu comportamento. Use-os com sabedoria para atendê-lo da melhor forma, mas nunca esquecendo que você também precisa ficar satisfeito. Resista à tentação do desconto fácil, que poderá facilitar a venda, mas prejudicará suas margens. Uma venda que não é ganha-ganha é ruim para todos. 

Enio Klein é gerente geral nas operações de vendas da SalesWays no Brasil e professor de vendas e marketing da BSP - Business School São Paulo.

Luis Fernando Verissimo é internado com infecção

Luis Fernando Veríssimo

 O escritor Luis Fernando Verissimo, 79 anos, está internado desde a última sexta-feira no Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, na zona sul do Rio, e seu estado de saúde é estável.

De acordo com o boletim médico divulgado hoje (28) pelo hospital, o escritor permanecerá internado para tratamento de infecção respiratória e arritmia cardíaca.

Em 2013, Luis Fernando Verissimo foi internado no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, após apresentar sintomas de angina (dores no peito).

Ele chegou a ficar internado no Centro de Terapia Intensiva, mas seu estado clínico melhorou. Verissimo foi transferido para um apartamento e dias depois, liberado do hospital.

Usuários protestam contra mudança no Instagram

Logo do Instagram

 O Instagram anunciou neste mês uma mudança que desagradou os usuários do seu aplicativo: o fim da exibição de publicações em ordem cronológica. Em breve, a linha do tempo do app será como a do Facebook, ou seja, será montada com base em um algoritmo que tenta prever o que você vai gostar – e esconde o restante.  

Por conta dessa mudança, mais de 290 mil internautas assinaram uma petição direcionada ao Instagram, solicitando que o app permaneça como é hoje.   

De acordo com a rede social, em média, 70% do conteúdo apresentado nas linhas do tempo dos usuários não é visto. Por isso, a empresa optou pela mudança na forma de exibição.

A ideia é que você sempre veja a foto de uma pessoa com a qual interage com frequência, mesmo que a publicação seja feita na noite anterior e você só abra o app depois do meio-dia do dia seguinte, por exemplo. 

Além da petição, diversos usuários do Instagram pedem que seus seguidores ativem um recurso do app que envia notificações cada vez que um novo conteúdo vai ao ar.  

O Instagram ainda não se pronunciou sobre o caso, mas a mudança na linha do tempo ainda está em fase de análise – e a empresa disse que ouviria sugestões dos seus usuários.

O Brasil é um dos cinco maiores mercados do Instagram no mundo. No total, o app de fotos tem mais de 400 milhões de usuários ativos, o que é menos da metade do que tem o WhatsApp.

Mudança na meta não afeta gestão da dívida, diz Tesouro

Notas de real; reais; dinheiro

 O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública substituto, Leandro Secunho, disse que a mudança na meta de superávit primário deste ano não altera a gestão da dívida pública e que a expectativa é de que os indicadores, como composição, estoque e prazo de vencimento, terminem o ano dentro do projetado no Plano Anual de Financiamento (PAF).

"Não há nenhuma alteração na gestão da dívida com a mudança na meta. Não vislumbramos nenhum descumprimento dos indicativos do PAF", afirmou.

Na semana passada, o governo mandou para o Congresso Nacional um projeto de lei que reduz a meta fiscal para R$ 2,8 bilhões e permite uma série de abatimentos que, na prática, poderão significar um déficit de R$ 96,65 bilhões neste ano.

Secunho afirmou ainda que a emissão de títulos soberanos brasileiros feita no início do mês aproveitou uma janela de oportunidade e, como isso, o Tesouro recomprou dólares equivalentes ao volume de títulos que vencem até o início de 2017.

"Não há necessidade de novas emissões, mas temos atuação qualitativa e vamos considerar acessar o mercado se identificada uma janela de oportunidade", completou.

Expectativa dentro dos intervalos

O coordenador-geral substituto disse que o Tesouro Nacional espera encerrar 2016 dentro dos intervalos previstos no PAF para os indicadores da dívida pública.

De acordo com o técnico, o estoque da Dívida Pública Federal (DPF) deve fechar 2016 dentro da margem, entre R$ 3,100 trilhões e R$ 3,300 trilhões - hoje está em R$ 2,819 trilhões.

Ele explicou que, no mês passado, houve a redução da dívida externa, motivada pela apreciação do real. A dívida interna registrou queda. Secunho também afirmou que os parâmetros do PAF para os papéis que compõem a dívida também devem ser respeitados até o fim do ano.

Sobre os vencimentos, o coordenador disse que fevereiro é um mês com menos vencimentos, ao contrário de janeiro. No programa de recompra da dívida externa, os valores do primeiro bimestre foram pouco significativos, totalizando US$ 40 milhões no período.

Participação de estrangeiros

Secunho afirmou que a queda da participação dos estrangeiros na dívida pública interna - que foi de 18,91% em janeiro para 17,72% em fevereiro - se deu basicamente em títulos de curtíssimo prazo. Ele ressaltou que não houve nenhum tipo de ruptura ou estresse no mercado.

Segundo ele, a expectativa do Tesouro Nacional é encerrar o ano com um prazo médio da DPF entre 4,5 e 4,7 anos, como estabelece o PAF. "Temos perfil de dívida bastante diversificado e participação crescente de investidores de longo prazo", disse o técnico.

Em fevereiro, esse dado ficou em 4,69 anos, já dentro do intervalo, contra 4,76 anos em janeiro. "Essa queda marginal se deu basicamente porque o prazo médio das emissões em fevereiro foi marginalmente menor que o do estoque", explicou.

Moro envia superplanilha da Odebrecht para o Supremo

Sede da Odebrecht, em São Paulo

 O juiz federal Sérgio Moro decidiu enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a superplanilha com a indicação de pagamentos feitos pela Odebrecht a políticos, encontrada pela força-tarefa da Operação Lava Jato na casa do ex-presidente de Infraestrutura da empreiteira Benedicto Barbosa Silva Junior, no Rio de Janeiro.

A superplanilha traz cerca de 300 nomes ligados a 24 partidos políticos. Levantamento do jornal O Estado de S. Paulo com base no documento mostra que, em vários casos, os valores são superiores aos declarados pelos candidatos indicando possível caixa 2.

"O ideal seria antes aprofundar as apurações para remeter os processos apenas di­ante de indícios mais concretos de que esses pagamentos seriam também ilícitos. A cautela recomenda, porém, que a questão seja submetida desde logo ao Egrégio ­Supremo Tribunal Federal", registra Moro, na decisão desta segunda-feira, 28.

A superplanilha, como está sendo chamada a lista nos bastidores do poder, é a maior relação de políticos e partidos associada a pagamentos de uma empreiteira capturada pela Lava Jato desde o início da operação, há dois anos.

Ela foi encontrada nas buscas da 23.ª fase, a Acarajé, que teve como alvo principal o casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura.

A planilha foi divulgada oficialmente pela operação na manhã de quarta-feira, 23. Mas, no início da tarde, o juiz federal decretou sigilo sobre o documento. Moro pediu ao Ministério Público Federal que se manifeste sobre "eventual remessa" dos papéis ao Supremo Tribunal Federal.

Campanhas

As anotações, indica a Lava Jato, referem-se às campanhas eleitorais de 2012 (municipais) e 2014 (presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais). Segundo a força-tarefa, não há nenhum indicativo de que os pagamentos sejam irregulares ou fruto de caixa 2.

Barbosa Silva Jr. é apontado pelos investigadores como o encarregado de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira, para tratar de doações eleitorais e repasses a políticos.

Também há inúmeras anotações manuscritas fazendo referência a repasses para políticos e partidos, acertos com outras empresas referentes a obras e até documentos sobre "campeonatos esportivos", que lembram documentos semelhantes já encontrados na Lava Jato e revelaram a atuação de cartel das empreiteiras em obras na Petrobras.

Os partidos que constam na planilha são PT, PMDB, PSDB, PP, PSB, DEM, PDT, PSD, PC do B, PPS, PV, PR, PRB, SD, PSC, PTB, PTN, PT do B, PSOL, PPL, PTB, PRP, PCB e PTC.

Lava Jato não vai salvar o Brasil, mas será termômetro

Mulher segura cartaz com frase "Viva Moro" em protesto em Brasília - 13/03/2016

Um total de R$ 2,9 bilhões recuperados. Junto a R$ 2,4 bilhões em bens apreendidos ou bloqueados.

Outros R$ 21,8 bilhões que podem voltar aos cofres públicos. Mais US$ 800 milhões bloqueados apenas na Suíça.

Junto a R$ 659 milhões repatriados. Mais de 40 ações penais contra mais 180 pessoas.

São só alguns números, mas eles não deixam dúvidas: ao completar dois anos neste mês, a Operação Lava Jato já é um marco na história do Brasil e também do mundo quando o assunto é o combate à corrupção.

Entre as quase 70 pessoas condenadas – boa parte delas já atrás das grades – constam doleiros, funcionários públicos e empresários.

De uma investigação que começou em razão de um carro importante dado de presente a um executivo poderoso da Petrobras, passando por um posto de gasolina em Brasília (DF) no qual encontros resultavam em entregas de grandes somas de dinheiro, agora a Lava Jato se vê diante da central nevrálgica do escândalo: a política.

Um acirramento político e social que já era evidente em 2014, durante as eleições presidenciais, só se acirrou nos últimos meses.

Não que a Lava Jato seja causa, porém ela agora entra em um campo recheado não só de corrupção que parece sistemática e multipartidária, mas também de interesses que os seus protagonistas tentarão manobrar.

“Vamos trabalhar com tranquilidade, com equilíbrio. Quem tiver de pagar vai pagar”, sentenciou há um ano o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Doze meses depois, o discurso não mudou.

“A pauta política não pode contaminar a pauta jurídica (...). Ninguém está acima ou abaixo da lei”, emendou, em entrevista a jornalistas na Suíça.

 

  Dividido na política e na sociedade, o País e, por consequência, a Lava Jato enfrentam o desafio de avançar em meio ao que parece ser um ‘mar de lama’ dos conchavos entre as grandes empreiteiras nacionais e os interesses de políticos – alguns implicados na própria operação. Como esperado, não há consenso até aqui sobre o quão limpo o Brasil pode ficar.

"É preciso investigar a todos"

O fim do sigilo de grampos telefônicos solicitados pela Justiça, na figura do juiz federal Sérgio Moro, teve significativo impacto político e social, seja aos que clamam pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), seja entre os que falam em ‘golpe’ contra o governo federal e em criminalização de Lula e do Partido dos Trabalhadores.

Não ao acaso, os recentes atos pelo País – os verdes e amarelos pedindo a queda de Dilma, os vermelhos defendendo a causa petista e a democracia – ressoam no Judiciário e no ambiente acadêmico do País.

Embora o PP seja o partido mais implicado em número de parlamentares na Lava Jato, a operação estaria perseguindo com ênfase os petistas, ‘blindando’ os demais.

“Acho que lideranças políticas estão apostando em radicalizações. A Lava Jato escolheu uma formatação muito comum para investigar, atacando ramos da investigação em determinado momento. Você não consegue abarcar tudo que é investigado em determinado momento. Tudo vem sendo apurado e, direi ponderadamente, é absolutamente normal que, após uma coalizão de 13 anos no poder, uma investigação se concentre sobre os seus políticos”, avalia o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti.


Protesto na Avenida Paulista, em São Paulo, em 17/03

Protesto na Avenida Paulista, em São Paulo, em 17/03

Entidade que apoia os trabalhos e a conduta de Moro, a ANPR e o seu presidente não acreditam em uma tese que vem sendo muito recorrente, sobretudo entre os partidários do governo: de que a Lava Jato, uma vez que Dilma deixe a Presidência da República – uma possibilidade real, dado o processo em andamento e sua fragilidade política –, irá arrefecer, beneficiando outros parlamentares também investigados.

“Com todo o respeito, achar isso, que só se investiga o PT, não é verdade. É preciso investigar a todos. Veja que houve uma investigação contra o Aécio Neves [senador e presidente do PSDB] e ela foi arquivada, o que não impede que ele volte a ser investigado. O PP e o PMDB estão até mais envolvidos do que o PT. O procurador Rodrigo Janot já disse que tudo será apurado. Não vejo nenhum viés político no trabalho da Força-Tarefa. É um trabalho extremamente responsável”, diz Cavalcanti.


Outro a refutar qualquer seletividade é o presidente da Associação dos Juízes Federais (Ajufe), Antônio César Bochenek. Figura de relativa proximidade com Moro, ele vê com maior preocupação uma eventual interferência no trabalho da Polícia Federal que possa dificultar a Lava Jato, e assegura que o Judiciário quer é a liberdade para investigar, dentro dos limites constitucionais, deliberando em cima dos autos, e não sob ideologias ou crenças.

“Repito que os juízes estão preparados e irão julgar em cima do que a PF e o Ministério Público trouxerem. Não há seletividade ou preferência por esse ou aquele. Qualquer obstrução hoje é que não seria republicana, e o Judiciário tem feito o seu papel. Qualquer modificação deve ser feita pelo processo judicial, o sistema permite recursos e eles podem modificar entendimentos e decisões. Há falhas e decisões que podem ser reformadas”, avalia.

Para o doutor em Direito pela Universidade Mackenzie e presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra, não há nenhuma contaminação política nos trabalhos da Lava Jato.

O que há, segundo ele, é a constatação de que “o partido do governo é o maior beneficiário do esquema de corrupção” apurado pela investigação, e que a parte política ficará exclusivamente a cargo do Congresso, a começar pela Câmara, que deve votar até a terceira semana de abril o relatório que aceita ou rejeita o pedido de impeachment de Dilma.

“O que pode haver, caso o impeachment aconteça, é uma diminuição da pressão popular, uma vez que o vice-presidente Michel Temer seria nomeado o substituto. Mas com isso eu acredito que, em maior ou menor grau, as manifestações continuarão. O impeachment é um julgamento político que depende da temperatura da nação, que hoje está elevada. Juridicamente, a questão seguirá sendo apurada. Estamos longe do fim”, explica.

Para o secretário-geral da ONG Contas Abertas, Gil Castelo Branco, o pior que poderia acontecer para o País seria um ‘acordão’ para blindar políticos. Contudo, ele também é outro a acreditar na autonomia dos investigadores.

“Ainda que esse governo seja substituído, a Lava Jato vai continuar. Há um compromisso para isso de todos os que investigam esse escândalo. Não creio em arrefecimento. Parte da sociedade não tem ‘corruptos de estimação’, ‘bandidos de estimação’. Há uma cobrança generalizada contra os políticos, como demonstraram as recentes manifestações. Pau que bata em Chico bate em Cunha, Renan, Aécio,Fernando Henrique Cardoso... em todos que, comprovadamente, tenham infringido a lei.”

"Há um risco real de acordo para blindar políticos"

Nem todos, porém, acreditam que a Lava Jato esteja imune a problemas e pressões. Na análise deBruno Brandão, representante no Brasil daTransparência Internacional (TI), uma investigação que apura a participação de mais de 60 políticos em um amplo esquema de corrupção sempre “é um momento prolífico de ‘acordões’”, e há um risco real de que um esteja sendo articulado nos bastidores.

“Esta é talvez a única esperança de impunidade de vários dos que estão na mira da operação”, afirma.

Todavia, ele alerta que o êxito político sobre a investigação da Lava Jato é fruto da união entre Polícia Federal, Procuradoria-Geral da República (PGR),Ministério Público Federal (MPF), e o Judiciário – salvo a PF, as demais possuem autonomia suficiente para escapar de influência política.

“Com uma operação envolvendo tantos atores, poderes e interesses conflitantes, além do escrutínio da imprensa e da população, é bastante complexa a tentativa de sufocar a Lava Jato. Talvez o maior risco de fracasso da Lava Jato hoje seja ela própria, que no afã de cumprir sua missão e se defender da imensa pressão política, termine caindo em armadilhas e atropelando a lei, o que pode levar a nulidades processuais e mesmo à perda de apoio de uma parte importante da sociedade. Foi este o final da Satiagraha, não tanto tempo atrás”, diz Brandão.

A doutora em Ciências Sociais pela Universidade Complutense de Madri e professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Esther Solano acredita que o juiz Moro já caiu nessa ‘armadilha’, no episódio dos grampos de Lula – pelo menos três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) criticaram a condução que levou à liberação dos áudios para a imprensa e para a opinião pública.

“Tudo aponta para uma blindagem dos outros partidos [caso o impeachment aconteça]. Não vejo o mesmo interesse da operação e da própria classe política para que ela avance além do PT. Acho que a Lava Jato vai continuar, mas dará uma segurada no ímpeto das investigações. Venho conversando com outras pessoas e o senso é este: que o PT é o foco principal e outros nomes, como o do Aécio e o do Cunha, vão desaparecer do noticiário. O Temer será poupado, assim como o PSDB, em prol de uma coalizão possível”, afirma.


Protesto pela democracia e contra o impeachment de Dilma na Avenida Paulista, em São Paulo 

Protesto pela democracia e contra o impeachment de Dilma na Avenida Paulista, em São Paulo

Esther acredita que “as instituições não estão cumprindo o seu papel”, uma vez que o Judiciário, por exemplo, “deveria ser mais sóbrio” em suas decisões. 

“Ele não deveria se posicionar, a isenção é própria do Judiciário. Acho que falta cautela e imparcialidade, enquanto o Congresso se tornou um ‘circo’ de projetos personalistas de poder, ao passo que a imprensa mainstream tem sido muito parcial”, completa. Outro que teme pelo futuro da Lava Jato é o filósofo da USP Vladimir Safatle, para quem a operação não mostrou “simetria estrita” ao longo de suas 26 fases com todos os atores políticos investigados.

“Temos um escândalo que toca tanto o governo quanto a oposição. Esse é um esquema que começou no governo FHC, os operadores são os mesmos, o Delcídio [Amaral, senador que foi diretor da Petrobras e deixou o PT neste mês, após a sua delação premiada ser homologada pelo STF] vem desde o governo FHC. Até Furnas tem relação com esse processo, desde 2004, 2005. Essas pessoas que falar que é questão de foco, ‘primeiro aqui e depois lá’, devem achar que somos idiotas. É só olhar para a história brasileira”, analisa.

Safatle relembra ainda o chamado mensalão tucano, que só neste ano condenou em primeira instância o ex-governador e ex-deputado Eduardo Azeredo (PSDB), passados 18 anos do escândalo que desviou recursos públicos para a sua campanha de reeleição em Minas Gerais. 

De acordo com o filósofo, seria um caso clássico de como a Justiça e a imprensa são claramente seletivas no Brasil quando o assunto é o combate à corrupção.

“Dados os indícios que temos, é muito clara a chance de que a operação desapareça após a queda do governo, que é enorme. Os últimos lances da Lava Jato foram dentro do jogo político, e pouco tiveram a ver com o ritmo necessário em uma operação profunda e complexa, que coloca às claras a relação incestuosa entre políticos e empresários. Está claro que desde o fim da ditadura (1985) a democracia brasileira só funciona sob corrupção generalizada. Temos um fracasso completo, é muito sério.”

Na mesma linha, o cientista político da Unicamp Valeriano Mendes Costa Ferreira avalia que o perigo que um arrefecimento da Lava Jato pode causar é enorme, uma vez que os primeiros indicativos – como as recentes conversações entre lideranças de PMDB e PSDB– são de que muito pouco vai mudar na esfera política nacional. 

Mudam partidos, mas a coalizão e a forma com que ela se dá, ao que parece, não deve mudar por interesses partidários.

“O ritmo da Lava Jato tem sido alucinado apenas na primeira instância. Se fosse uma operação séria e republicana, essas demais forças políticas que estão comprometidas já estariam inviabilizadas. Quando acabar essa ‘farra do boi’, com massacre da Dilma e do Lula, sobrará o Congresso, que não há como escapar. Aí vão tirar o pé e se considerarão satisfeitos, se tornando mais razoáveis para, aparentemente, colaborar com uma solução governativa”, opina.

"Lava Jato não transformará o Brasil"

Talvez o único ponto que é unânime para os especialistas é que a Lava Jato, embora histórica e de grande importância, não irá transformar o Brasil por si só. 

‘Nunca antes na história deste País’, como diria Lula, uma investigação chegou a figuras de tamanha envergadura, quer no poder público, seja no âmbito privado. 

Mesmo assim, o trabalho dá fôlego aos brasileiros para construírem uma alternativa melhor do que a que está colocada hoje.

“Acho que há uma injustiça muito grande com o juiz Moro, que não está dando nenhuma entrevista, mas que é acusado de estrelismo. Ele não buscou isso, é o trabalho que, pela sua importância, gerou esse holofote. 

Temos mais de 50 magistrados envolvidos na Lava Jato, que meus colegas de Curitiba acreditam que durará pelo menos mais três anos.

 O legado da operação será a busca pela eficiência na administração pública, com uma busca por um novo padrão cultural. 

A sociedade não tolera mais impunidade e corrupção”, diz José Robalinho Cavalcanti, da ANPR.

Fiel defensor de uma democracia mais participativa, Vladimir Safatle acompanha o pensamento de que a corrupção não deve ser tolerada, o que o faz reforçar o pedido por simetria à operação que “começou muito bem” e que fez “coisas admiráveis contra a nata do empresariado corrupto”. 

Porém, o filósofo alerta que o País hoje rachado não pode ignorar os direitos individuais, sob pena de pagar um preço alto.

“Vemos no mundo todo situações de emergência usadas para flexibilizar os direitos dos cidadãos contra o Estado. Por exemplo, usa-se o exemplo do terrorismo para suspender direitos individuais. Como não tem terrorismo no Brasil, a corrupção foi transformada nisso. Não se pode aceitar a vulnerabilização de cidadãos perante o Estado. Acho que a sociedade civil pode ainda vir a sofrer uma violência absurda. Há hoje um movimento de pessoas que se acham no direito de tomar posse do Brasil, que não precisam do voto popular.”

Fidel Castro reflexiona: “No necesitamos que el imperio nos regale nada”

Fidel Castro reflexiona: “No necesitamos que el imperio nos regale nada”

El considerado “líder histórico de la Revolución” Fidel Castro y presidente de Cuba desde 1959 hasta el año 2008, cuando renunció a sus cargos en favor de su hermano Raúl, ha dedicado sus últimas 'reflexiones' en el medio oficial Granma al discurso que el pasado martes pronunció en el Gran Teatro Alicia Alonso el presidente norteamericano Barack Obama.

A poco más de un mes de sus anteriores reflexiones a propósito de la visita del patriarca Kirill a Cuba, y a unos pocos días de haber marchado Obama de la Isla, Fidel escribe sobre el “hermano Obama”.

Contrastando con el tono fraternal y conciliador del propio Obama en pro del futuro de los cubanos, pero en la misma línea de los discursos de las hordas que ha desplegado el gobierno cubano para deslegitimar y desmontar el discurso del mandatario norteamericano, Fidel mantiene la retórica de enfrentamiento y vuelve la vista y las argumentaciones, una vez más, sobre la historia y el pasado, ese donde los Reyes de España  “nos trajeron a los conquistadores y dueños".

Pero al comandante Fidel le interesa desmenuzar las faltas y omisiones del discurso del “ilustre visitante” quien se desentiende de la existencia previa de poblaciones nativas en los territorios conquistados y quien, según el mayor de los Castro “Tampoco dice que la discriminación racial fue barrida por la Revolución; que el retiro y el salario de todos los cubanos fueron decretados por esta antes de que el señor Barack Obama cumpliera 10 años”.

Tampoco dice que la discriminación racial fue barrida por la Revolución; que el retiro y el salario de todos los cubanos fueron decretados por esta antes de que el señor Barack Obama cumpliera 10 años

En el artículo saca a colación trazos de la historia de Cuba como la Invasión de Bahía de Cochinos o el 'episodio de Sudáfrica”, que motiva en Fidel la “modestia sugerencia” a Obama de que “reflexione y no trate ahora de elaborar teorías sobre la política cubana”.

Sobre los planteamientos del inquilino de la Casa Blanca en Cuba y “sus almibaradas palabras” en pro un futuro esperanzador para los cubanos al decir “Es hora ya de olvidarnos del pasado, dejemos el pasado, miremos el futuro, mirémoslo juntos, un futuro de esperanza. Y no va a ser fácil, va a haber retos, y a esos vamos a darle tiempo; pero mi estadía aquí me da más esperanzas de lo que podemos hacer juntos como amigos, como familia, como vecinos, juntos”, Fidel ironiza y resta importancia “Se supone que cada uno de nosotros corría el riesgo de un infarto al escuchar estas palabras del Presidente de Estados Unidos. Tras un bloqueo despiadado que ha durado ya casi 60 años, ¿y los que han muerto en los ataques mercenarios a barcos y puertos cubanos, un avión de línea repleto de pasajeros hecho estallar en pleno vuelo, invasiones mercenarias, múltiples actos de violencia y de fuerza?”

Se supone que cada uno de nosotros corría el riesgo de un infarto al escuchar estas palabras del Presidente de Estados Unidos. Tras un bloqueo despiadado que ha durado ya casi 60 años, ¿y los que han muerto en los ataques mercenarios a barcos y puertos cubanos, un avión de línea repleto de pasajeros hecho estallar en pleno vuelo, invasiones mercenarias, múltiples actos de violencia y de fuerza?

Y cabe preguntarse ¿Y los que han muerto en el mar, ciudadanos cubanos de las más diversas procedencias, edades y creencias? ¿Los que lo han hecho huyendo de ese sistema de tantos logros vendidos y tanta sublime historia repetida? ¿Acaso esos no merecen formar parte también de los recuentos sobre la historia de Cuba, su pasado y también - tristemente- su presente? ¿Acaso no debería ser hora de reconocer las muchas y repetidas omisiones de los propios discursos oficiales cubanos? ¿Si le exigimos a un mandatario foráneo conocimiento de la historia propia, no deberíamos estar en igual posición moral para exigirle a los nacionales que dejen de omitir episodios y sucesos de su presente?

Nadie se haga la ilusión de que el pueblo de este noble y abnegado país renunciará a la gloria y los derechos, y a la riqueza espiritual que ha ganado con el desarrollo de la educación, la ciencia y la cultura

“Nadie se haga la ilusión de que el pueblo de este noble y abnegado país renunciará a la gloria y los derechos, y a la riqueza espiritual que ha ganado con el desarrollo de la educación, la ciencia y la cultura”, continúa Castro, en clara evidencia de no querer entender hacia dónde se encamina la nueva política de la administración de Obama hacia Cuba y en clara indicación a los ciudadanos de la Isla, de que pese a los aplausos arrancados por el discurso de Obama y pese a sus mensajes de cooperación, de respeto y de entendimiento, es decisión de las autoridades cubanas no modificar las férreas posturas de décadas, ni escuchar voces de fuera alentadoras de cambios.

Pareciera como si la militancia oficialista cubana y sus máximos y entrenados representantes estuvieran asistiendo a un proceso histórico diferente al que percibe el mundo entero, y como si quisieran hacer de la resistencia al cambio -motor principal del progreso- bandera y estandarte de políticas fallidas y desactualizadas, escudo protector ante el cambio y el tan repetido empoderamiento de los cubanos.

Advierto además que somos capaces de producir los alimentos y las riquezas materiales que necesitamos con el esfuerzo y la inteligencia de nuestro pueblo

“Advierto además que somos capaces de producir los alimentos y las riquezas materiales que necesitamos con el esfuerzo y la inteligencia de nuestro pueblo. No necesitamos que el imperio nos regale nada”, culmina Fidel. Quizás leyéndolo muchas veces o repitiéndolo hasta el cansancio se conseguirá que los comensales cubanos vean más productos en su mesa y quizás así podría desvanecerse la triste euforia nacional por la reciente llegada de papas a los puntos de distribución en la Isla.

Seguramente al discurso del compañero Fidel le seguirán horas y horas de debate en mesas redondas, mensajes de apoyos de personalidades cubanas de las más diversas esferas del oficialismo en la Isla y recursos -humanos y materiales- que intentarán desesperadamente minimizar el peso y trascendencia de las palabras y la propia visita de Obama a Cuba, borrar los peligrosos fantasmas del cambio y acallar, así, las esperanzas despertadas en los cubanos de ser activos protagonistas y decisores de sus destinos y del futuro de su nación.

Reflexiones de Fidel Castro por la visita de Obama a Cuba

Reflexiones de Fidel Castro por la visita de Obama a Cuba

El silencio de Fidel Castro sobre la visita del presidente Barack Obama a la Isla había despertado un sinnúmero de interpretaciones, de quienes hasta llegaron a pensar que el antiguo presidente cubano había permanecido al margen, no solo por la decisión de Obama de no reunirse con él, sino quizás hasta porque desconocía de la histórica visita del mandatario norteamericano a Cuba.

Sin embargo, a menos de una semana de marchar el jefe de la Casa Blanca de Cuba Fidel no ha tardado de pronunciarse, usando la vía que suele ser habitual desde hace un tiempo, y ha dejado sus 'reflexiones' en Granma, el Órgano Oficial del Partido Comunista en Cuba.



A continuación dejamos el texto íntegro, más elocuente por sí mismo que cualquier interpretación que de él pueda hacerse.

Seguramente, las palabras del comandante Fidel recibirán más cobertura y más realce en los medios cubanos que la propia visita de Obama, primera de un presidente nortameamericano a Cuba en 88 años.

El hermano Obama

No necesitamos que el imperio nos regale nada. Nuestros esfuerzos serán legales y pacíficos, porque es nuestro compromiso con la paz y la fraternidad de todos los seres humanos que vivimos en este planeta



Los reyes de España nos trajeron a los conquistadores y dueños, cuyas huellas quedaron en los hatos circulares de tierra asignados a los buscadores de oro en las arenas de los ríos, una forma abusiva y bochornosa de explotación cuyos vestigios se pueden divisar desde el aire en muchos lugares del país.

El turismo hoy, en gran parte, consiste en mostrar las delicias de los paisajes y saborear las exquisiteces alimentarias de nuestros mares, y siempre que se comparta con el capital privado de las grandes corporaciones extranjeras, cuyas ganancias si no alcanzan los miles de millones de dólares per cápita no son dignas de atención alguna.

Ya que me vi obligado a mencionar el tema, debo añadir, principalmente para los jóvenes, que pocas personas se percatan de la importancia de tal condición en este momento singular de la historia humana. No diré que el tiempo se ha perdido, pero no vacilo en afirmar que no estamos suficientemente informados, ni ustedes ni nosotros, de los conocimientos y las conciencias que debiéramos tener para enfrentar las realidades que nos desafían. Lo primero a tomar en cuenta es que nuestras vidas son una fracción histórica de segundo, que hay que compartir además con las necesidades vitales de todo ser humano. Una de las características de este es la tendencia a la sobrevaloración de su papel, lo cual contrasta por otro lado con el número extraordinario de personas que encarnan los sueños más elevados.

Nadie, sin embargo, es bueno o es malo por sí mismo. Ninguno de nosotros está diseñado para el papel que debe asumir en la sociedad revolucionaria. En parte, los cubanos tuvimos el privilegio de contar con el ejemplo de José Martí. Me pregunto incluso si tenía que caer o no en Dos Ríos, cuando dijo “para mí es hora”, y cargó contra las fuerzas españolas atrincheradas en una sólida línea de fuego. No quería regresar a Estados Unidos y no había quién lo hiciera regresar. Alguien arrancó algunas hojas de su diario. ¿Quién cargó con esa pérfida culpa, que fue sin duda obra de algún intriganteinescrupuloso? Se conocen diferencias entre los Jefes, pero jamás indisciplinas. “Quien intente apropiarse de Cuba recogerá el polvo de su suelo anegado en sangre, si no perece en la lucha”, declaró el glorioso líder negro Antonio Maceo. Se reconoce igualmente en Máximo Gómez, el jefe militar más disciplinado y discreto de nuestra historia.

Mirándolo desde otro ángulo, cómo no admirarse de la indignación de Bonifacio Byrne cuando, desde la distante embarcación que lo traía de regreso a Cuba, al divisar otra bandera junto a la de la estrella solitaria, declaró: “Mi bandera es aquella que no ha sido jamás mercenaria…”, para añadir de inmediato una de las más bellas frases que escuché nunca: “Si deshecha en menudos pedazos llega a ser mi bandera algún día… ¡nuestros muertos alzando los brazos la sabrán defender todavía!...”. Tampoco olvidaré las encendidas palabras de Camilo Cienfuegos aquella noche, cuando a varias decenas de metros bazucas y ametralladoras de origen norteamericano, en manos contrarrevolucionarias, apuntaban hacia la terraza donde estábamos parados. Obama había nacido en agosto de 1961, como él mismo explicó. Más de medio siglo transcurriría desde aquel momento.

Veamos sin embargo cómo piensa hoy nuestro ilustre visitante:

“Vine aquí para dejar atrás los últimos vestigios de la guerra fría en las Américas. Vine aquí extendiendo la mano de amistad al pueblo cubano”.

De inmediato un diluvio de conceptos, enteramente novedosos para la mayoría de nosotros:

“Ambos vivimos en un nuevo mundo colonizado por europeos”. Prosiguió el Presidente norteamericano. “Cuba, al igual que Estados Unidos, fue constituida por esclavos traídos de África; al igual que Estados Unidos, el pueblo cubano tiene herencias en esclavos y esclavistas”.

Las poblaciones nativas no existen para nada en la mente de Obama. Tampoco dice que la discriminación racial fue barrida por la Revolución; que el retiro y el salario de todos los cubanos fueron decretados por esta antes de que el señor Barack Obama cumpliera 10 años. La odiosa costumbre burguesa y racista de contratar esbirros para que los ciudadanos negros fuesen expulsados de centros de recreación fue barrida por la Revolución Cubana. Esta pasaría a la historia por la batalla que libró en Angola contra el apartheid, poniendo fin a la presencia de armas nucleares en un continente de más de mil millones de habitantes. No era ese el objetivo de nuestra solidaridad, sino ayudar a los pueblos de Angola, Mozambique, Guinea Bissau y otros del dominio colonial fascista de Portugal.

En 1961, apenas dos años y tres meses después del Triunfo de la Revolución, una fuerza mercenaria con cañones e infantería blindada, equipada con aviones, fue entrenada y acompañada por buques de guerra y portaviones de Estados Unidos, atacando por sorpresa a nuestro país. Nada podrá justificar aquel alevoso ataque que costó a nuestro país cientos de bajas entre muertos y heridos. De la brigada de asalto proyanki, en ninguna parte consta que se hubiese podido evacuar un solo mercenario. Aviones yankis de combate fueron presentados ante Naciones Unidas como equipos cubanos sublevados.

Es de sobra conocida la experiencia militar y el poderío de ese país. En África creyeron igualmente que la Cuba revolucionaria sería puesta fácilmente fuera de combate. El ataque por el Sur de Angola por parte de las brigadas motorizadas de Sudáfrica racista los lleva hasta las proximidades de Luanda, la capital de este país. Ahí se inicia una lucha que se prolongó no menos de 15 años. No hablaría siquiera de esto, a menos que tuviera el deber elemental de responder al discurso de Obama en el Gran Teatro de La Habana Alicia Alonso.

No intentaré tampoco dar detalles, solo enfatizar que allí se escribió una página honrosa de la lucha por la liberación del ser humano. De cierta forma yo deseaba que la conducta de Obama fuese correcta. Su origen humilde y su inteligencia natural eran evidentes. Mandela estaba preso de por vida y se había convertido en un gigante de la lucha por la dignidad humana. Un día llegó a mis manos una copia del libro en que se narra parte de la vida de Mandela y ¡oh, sorpresa!: estaba prologado por Barack Obama. Lo ojeé rápidamente. Era increíble el tamaño de la minúscula letra de Mandela precisando datos. Vale la pena haber conocido hombres como aquel.

Sobre el episodio de Sudáfrica debo señalar otra experiencia. Yo estaba realmente interesado en conocer más detalles sobre la forma en que los sudafricanos habían adquirido las armas nucleares. Solo tenía la información muy precisa de que no pasaban de 10 o 12 bombas. Una fuente segura sería el profesor e investigador Piero Gleijeses, quien había redactado el texto de “Misiones en conflicto: La Habana, Washington y África 1959-1976”; un trabajo excelente. Yo sabía que él era la fuente más segura de lo ocurrido y así se lo comuniqué; me respondió que él no había hablado más del asunto, porque en el texto había respondido a las preguntas del compañero Jorge Risquet, quien había sido embajador o colaborador cubano en Angola, muy amigo suyo. Localicé a Risquet; ya en otras importantes ocupaciones estaba terminando un curso del que le faltaban varias semanas. Esa tarea coincidió con un viaje bastante reciente de Piero a nuestro país; le había advertido a este que Risquet tenía ya algunos años y su salud no era óptima. A los pocos días ocurrió lo que yo temía. Risquet empeoró y falleció. Cuando Piero llegó no había nada que hacer excepto promesas, pero ya yo había logrado información sobre lo que se relacionaba con esa arma y la ayuda que Sudáfrica racista había recibido de Reagan e Israel.

No sé qué tendrá que decir ahora Obama sobre esta historia. Ignoro qué sabía o no, aunque es muy dudoso que no supiera absolutamente nada. Mi modesta sugerencia es que reflexione y no trate ahora de elaborar teorías sobre la política cubana.

Hay una cuestión importante:

Obama pronunció un discurso en el que utiliza las palabras más almibaradas para expresar: “Es hora ya de olvidarnos del pasado, dejemos el pasado, miremos el futuro, mirémoslo juntos, un futuro de esperanza. Y no va a ser fácil, va a haber retos, y a esos vamos a darle tiempo; pero mi estadía aquí me da más esperanzas de lo que podemos hacer juntos como amigos, como familia, como vecinos, juntos”.

Se supone que cada uno de nosotros corría el riesgo de un infarto al escuchar estas palabras del Presidente de Estados Unidos. Tras un bloqueo despiadado que ha durado ya casi 60 años, ¿y los que han muerto en los ataques mercenarios a barcos y puertos cubanos, un avión de línea repleto de pasajeros hecho estallar en pleno vuelo, invasiones mercenarias, múltiples actos de violencia y de fuerza?

Nadie se haga la ilusión de que el pueblo de este noble y abnegado país renunciará a la gloria y los derechos, y a la riqueza espiritual que ha ganado con el desarrollo de la educación, la ciencia y la cultura.

Advierto además que somos capaces de producir los alimentos y las riquezas materiales que necesitamos con el esfuerzo y la inteligencia de nuestro pueblo. No necesitamos que el imperio nos regale nada. Nuestros esfuerzos serán legales y pacíficos, porque es nuestro compromiso con la paz y la fraternidad de todos los seres humanos que vivimos en este planeta.

 Fidel Castro Ruz

 Marzo 27 de 2016

  10 y 25 p.m.

Arquivo do blog