domingo, 27 de março de 2016

União Europeia abre caminho para fim da "taxa do absorvente"

Absorventes

 O "imposto do absorvente" se tornou alvo de uma disputa em torno de soberania nacional, feminismo e responsabilidade fiscal.

Na semana passada, os 28 países da União Europeia concordaram em "incluir propostas para maior flexibilidade dos estados-membros em respeito a taxas reduzidas do imposto de valor agregado, que darão a eles a opção de taxa zero sobre produtos sanitários".

Ou seja: a ideia é que em breve, os países do bloco não tenham mais que pedir permissão antes de reduzir ou eliminar a taxação sobre absorventes íntimos e outros produtos de higiene feminina.

A União Europeia tem um imposto de valor agregado que fica entre 17% e 25%, com taxas menores ou isenção para algumas exceções definidas por país.

A lista, que vai desde remédios a jornais diários, passando por coisas como equipamentos para deficientes e alguns alimentos, deve ter agora os produtos sanitários de higiene feminina.

Mulheres notam que eles são essenciais para a saúde feminina e portanto devem ser taxados como tal.

Brexit

A decisão pode ser vista como uma vitória para o Reino Unido. O país terá um referendo em breve para decidir se fica ou não no bloco; enquanto isso, vem negociando mais autonomia com Bruxelas.

A "Brexit" seria custosa e arriscada, então a ideia do governo conservador britânico é usar o processo para conseguir concessões e fazer com que o público veja menos motivos para votar pela saída.

Na sexta, o chanceler George Osborne celebrou a mudança: "Usamos nossa cadeira na mesa mais alta da Europa para assegurar o que o público britânico vem demandando - bom senso no VAT e o fim do imposto do tampão".

Não se sabe se outros países vão seguir o exemplo. Na Grécia, o tal imposto foi aumentado recentemente diante de outra preocupação: a necessidade de arrecadar mais para conter o déficit do governo.

EUA

Nos EUA, estes itens são taxados como de "luxo" na esmagadora maioria dos estados, o que grupos feministas notam que deriva de uma visão de mundo essencialmente masculina.

O presidente Barack Obama concorda: “Eu suspeito que seja porque homens estavam fazendo as leis quando estas leis passaram". Veja na entrevista:

"Batman vs Superman" bate recordes em estreia

Batman vs Superman

  "Batman vs Superman: A Origem da Justiça" passou como um trator por vários recordes - offs para os próximos cinco anos, com a primeira dessas aventuras de superheróis, "Esquadrão Suicida", programada para sair em agosto.

"Isso levanta nossa moral", disse Jeff Goldstein, vice-presidente executivo de distribuição da Warner. "Estamos muito orgulhosos do que já fizemos no mundo DC e o que temos por vir é muito animador." O estúdio não poupou investimentos, ao colocar Ben Affleck para vestir a capa e a máscara do Batman e trazer de volta o diretor de "Homem de Aço" Zack Snyder e a estrela de Super-Homem Henry Cavill. Foram gastos 250 milhões de dólares em despesas com a produção e outros milhões em material promocional. Mas a aposta parece ter sido válida, colocando a DC e a Warner no epicentro do universo do cinema de superheróis com o qual a rival Marvel obteve enormes lucros.

Os recordes também reduzem o peso dos principais críticos de cinema norte-americanos. As resenhas de "Batman vs Superman: A Origem da Justiça" foram implacáveis. A. O. Scott, do jornal New York Times, disse que assistir ao filme é "tão divertido quanto ter uma louça de porcelana quebrando em sua cabeça". Mas o público não se importou e ainda foi bem mais gentil com o filme, avaliando-o com nota B no CinemScore.

"São os fãs que falam mais alto", disse Jeff Bock, analista de bilheterias na Exhibitor Relations. "Isso prova o quão fortes esses personagens são".

A audiência do filme é, em sua maioria, masculina (66 por cento) e os públicos tendem a ser mais jovens, com 63 por cento dos espectadores com entre 18 e 34 anos. As exibições do filme em tela Imax representaram 18 milhões de dólares em bilheteria, ao passo que outras exibições especiais em tela premium acrescentaram mais 17 milhões à quantia total arrecadada. Já as bilheterias em cinemas 3D representaram 40 por cento dos resultados do fim de semana de estreia.  "Os responsáveis pelo filme fizeram um produto que deve ser visto nas grandes salas de cinema", afirmou Greg Foster, CEO da Imax Entertainment. "Esse não é o filme que as pessoas vão querer assistir em pequenas salas." (Por Brent Lang)

Os 5 apps que mais gastam internet sem que você queira

Mãos usando smartphone

 Um estudo global realizado pela Opera Software mostra quais são os cinco aplicativos que mais gastam dados de internet móvel sem que o usuário queira.

Os apps do Facebook Messenger e do Gmail foram os que mais apresentaram consumo de dados em segundo plano, sendo que 73% dos gastos totais ocorrem sem que o usuário esteja interagindo com eles. 

Em seguida, aparecem Google Drive, WhatsApp e Hangouts, com 57%, 54% e 39%.

O estudo foi feito com base nos dados de usuários de celulares com sistema Android. O número de aparelhos analisados pela Opera não foi divulgado.

Junto com a divulgação desse levantamento, a Opera anuncia uma atualização para o seu aplicativo para smartphones Android chamado Opera Max, que agora enviará alertas sobre o consumo de internet móvel em segundo plano.

Além de dados de navegação, restringir o acesso de apps à internet dessa maneira também reduz o gasto de bateria do smartphone – mas essa quantia varia de caso a caso.

O porém é que proibir a sincronização de novidades dessa forma implica que você só verá, por exemplo, uma nova mensagem no Facebook Messenger quando abri-lo.

O Opera Max envia as requisições de dados para os servidores da Opera, onde elas são comprimidas e levadas novamente ao smartphone em tempo real. Isso faz com que o consumo de internet móvel seja reduzido em diversos apps, como WhatsApp, Netflix e Youtube.

Supremo desarquiva ações contra 3 ministros do governo FHC

Fernando Henrique Cardoso (FHC) na Rio+20

 A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), presidida pelo ministro Luis Roberto Barroso, derrubou no último dia 15 o arquivamento de duas ações de reparação de danos por improbidade administrativa contra os ex-ministros Pedro Malan (Fazenda), José Serra (Planejamento) e Pedro Parente (Casa Civil), entre outros integrantes do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

O arquivamento havia sido determinado, em abril de 2008, pelo ministro Gilmar Mendes. A decisão da 1ª Turma, enquanto estiver de pé, determina o prosseguimento das ações que tramitam na 20ª e 22ª varas federais do Distrito Federal.

Ajuizadas pelo Ministério Público Federal, na gestão do procurador-geral Antônio Fernando Souza, as duas ações criminalizavam a ajuda financeira, pelo Banco Central, aos bancos Econômico e Bamerindus, em 1994, e outros atos do Proer, o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional. Uma das ações, da 22ª vara, teve sentença parcialmente procedente contra os réus.

Os ministros recorreram ao STF em 2002, com a Reclamação 2186. Arguíam que a Justiça Federal não era competente para julgá-los, e sim o STF, por terem direito à prerrogativa de foro. Pediam, então, além do julgamento de mérito, uma liminar que suspendesse de imediato a tramitação das ações.

Em 3 de outubro de 2002, três meses depois de entrar no STF, por nomeação de FHC - aprovada no Senado por 57 a 15 -, Gilmar Mendes, relator do caso, deferiu a liminar. Em 22 abril de 2008, véspera de assumir a presidência do STF, o ministro determinou o arquivamento das duas ações. Argumentou, em suas razões, que atos de improbidade administrativa, no caso concreto, constituem crimes de responsabilidade e, portanto, só podem ser julgados pelo STF.

Em 12 de maio daquele ano, o então procurador-geral Antônio Fernando Souza contestou a decisão de Mendes, em um agravo regimental. No entendimento dele, os atos de improbidade, no caso em tela, não podem ser confundidos com crime de responsabilidade, e devem, portanto, ficar na Justiça Federal.

Este recurso é que foi julgado pela 1ª Turma no dia 15 - oito ano depois. Como a reclamação caiu, as ações estão de volta às duas varas federais de origem. O escritório Arnold Wald, que representa os ex-ministros, não quis falar a respeito do caso.

Mosquitos já transmitem 37 vírus no Brasil

Mosquito Aedes aegypti, em centro de pesquisa em Cali, Colômbia 2/2/2016

 Após o vírus zika surpreender com sua rápida disseminação e possível associação com a microcefalia, especialistas brasileiros alertam para os riscos de outras doenças virais transmitidas por mosquitos, as chamadas arboviroses. Nas últimas três décadas, mais que dobrou o número de arbovírus catalogados no Brasil. Segundo registros do Instituto Evandro Chagas, órgão referência em medicina tropical e vinculado ao Ministério da Saúde, já circulam no território nacional 210 arbovírus, ante 95 na década de 1980. Pelo menos 37 são capazes de provocar doenças em humanos e três deles chamam a atenção por já terem causado pequenos surtos em áreas urbanas.

Uma delas é a febre do Mayaro, doença com sintomas parecidos com os da chikungunya e transmitida por mosquitos do gênero Haemagogus, mesmo vetor da febre amarela silvestre. A arbovirose já foi registrada em vários Estados do Norte e Centro-Oeste. Os mais recentes dados epidemiológicos disponíveis no site do Ministério da Saúde mostram que, entre dezembro de 2014 e junho de 2015, foram 197 notificações distribuídas por nove Estados brasileiros. Não há registros de mortes provocadas pela doença, mas, assim como na chikungunya, os infectados podem permanecer com dores articulares por semanas ou meses.

Caracterizada por quadros febris altos e dores intensas de cabeça, a febre do Oropouche é outra arbovirose que já causa surtos localizados, sobretudo em Estados da região amazônica, até mesmo em bairros de capitais como Manaus e Belém. Transmitida por um mosquito conhecido como maruim, do gênero Culicoides, a doença já foi notificada nas últimas décadas em todas as regiões brasileiras, com exceção do Sul, e também não costuma levar à morte.

Há ainda a encefalite de Saint Louis, doença transmitida principalmente por mosquitos silvestres do gênero Culex - o mesmo do pernilongo comum -, que pode causar comprometimento neurológico e já foi responsável por um surto em São José do Rio Preto, no interior paulista, em 2006.

De acordo com o virologista Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, diretor do Instituto Evandro Chagas e pesquisador participante do grupo que catalogou boa parte dos arbovírus no País, embora essas três doenças sejam transmitidas principalmente por insetos silvestres de diferentes gêneros, há experimentos científicos que já indicam que mosquitos Aedes também teriam capacidade de transmiti-las.

"No caso da febre do Oropouche, por exemplo, o Aedes nunca foi encontrado infectado na natureza, mas um estudo experimental em laboratório mostrou que ele pode ser vetor dessa doença e que seria um bom transmissor", afirma o especialista.

Segundo Vasconcelos, o fato de os três vírus estarem presentes no Brasil há mais de 60 anos - eles foram isolados entre as décadas de 1950 e 1960 - sem terem causado epidemias de alcance nacional não permite dizer que nunca farão estragos. "Eu não quero ser pessimista, mas o zika passou 60 anos no mundo sem causar nenhum problema e vimos o que aconteceu (foi descoberto em 1947 na África). Não dá para dizer que esses três vírus não provocarão nenhum problema por já estarem no Brasil. Pode ser que nunca causem, mas é bom não duvidar", diz o diretor do Instituto Evandro Chagas, que cobra mais pesquisas na área.

"Dos 210 arbovírus catalogados no Brasil, há esses 37 que já comprovamos que causam doença em humanos, mas, do restante, a maioria a gente desconhece completamente"

Cientistas descobriram por que beijamos de olhos fechados

Beijo do casal William e Kate

 Você já se perguntou por que fecha os olhos quando beija outra pessoa? A ciência sim e pode ter encontrado a resposta para essa questão. Segundo um estudo da Universidade de Londres, na Inglaterra, as pessoas fecham os olhos para manter o foco na tarefa que estão realizando. 

Isso significa que o cérebro tem dificuldade em processar um sentido ao mesmo tempo em que tem um estímulo visual. “Já se sabia que o aumento das exigências de uma tarefa visual poderia reduzir a atenção em estímulos visuais e auditivos”, explica Sandra Murphy, uma das autoras do estudo, em uma entrevista ao jornal inglês The Independent.

Contudo, para chegar a essa conclusão “romântica”, os cientistas não analisaram casais se beijando. Na realidade, o foco da pesquisa era entender como os alertas táteis (aqueles que vibram para chamar a atenção da pessoa) dos carros funcionam para o ser humano.

Um exemplo de alarme tátil é o protótipo de assento automotivo da Universidade Yale, nos EUA, que vibra para avisar que a pessoa está em perigo. Aliás, os pesquisadores descobriram que esses alertas são ignorados pelo motorista se ele está concentrado na estrada.

Os voluntários participaram de várias tarefas visuais enquanto seu senso de toque era analisado. Eles completaram atribuições de diferentes níveis de dificuldade e precisaram responder a pequenas vibrações que foram aplicadas em suas mãos.

Foi a partir dessa pesquisa, publicada no Jornal de Psicologia Experimental: Percepção Humana e Performance, que os cientistas notaram que as pessoas estavam mais sensíveis ao tato quando seus olhos estavam fechados.

“Esses resultados podem explicar por que fechamos os olhos quando queremos focar em outro sentido”, disse Polly Dalton, professor de psicologia cognitiva da Universidade de Londres, ao The Independent. “Ao desligarmos o estímulo visual, podemos nos concentrar em outros aspectos mentais da nossa experiência”.

Desse modo, essa pesquisa vai muito além de uma possível explicação do porquê as pessoas beijam de olhos fechados.

Recife pode deixar alunos sem livros por polêmica de gêneros


 Alunos assiste aula em colégio de rede pública de Recife

 Alunos da rede municipal do Recife podem ficar sem livros didáticos de várias disciplinas por três anos caso a bancada cristã da Câmara de Vereadores consiga proibir o uso de obras que citam questões de gênero e homossexualidade. Os parlamentares pediram à prefeitura a retirada dos livros distribuídos pelo Ministério da Educação (MEC) que tratam de diversidade sexual. O Executivo local defende o uso dos títulos e avisa que não arcará com a reposição caso as obras sejam realmente proibidas. Em nota, o MEC afirma que não há possibilidade de substituição dos exemplares.

No centro do problema está um livro de ciências para alunos do 5º ano do ensino fundamental, cuja idade regular é 10 anos. No capítulo sobre sexualidade do ser humano, o livro Juntos Nessa 5, da editora Leya, traz dois parágrafos contestados pelos vereadores. O livro destaca que “faz parte da sexualidade conhecer a si mesmo e aos outros, e os comportamentos que estão relacionados à identidade sexual”. A explicação vem em outra parte da mesma página – identidade sexual quer dizer “identificar-se com o sexo masculino ou com o sexo feminino”.

Há ainda outro trecho que fala da união homoafetiva. “Entre os relacionamentos conjugais, existem casais formados por um homem e uma mulher e casais formados por pessoas do mesmo sexo”. Ao lado da explicação, uma foto de família formada por mãe, pai, uma menina e um garotinho, o único negro do grupo.

Os principais agentes da cruzada contra os livros didáticos são os vereadores Luiz Eustáquio (Rede) e Carlos Gueiros (PSB). Eustáquio chegou a levar um exemplar do Juntos Nessa 5 ao plenário da Câmara dos Vereadores para “mostrar o conteúdo ensinado em sala de aula”.

“A questão de homofobia, essa questão de as pessoas terem de ser respeitadas como elas são, eu ensino isso aos meus filhos. É diferente da questão que está sendo ensinada no livro. Ela induz que você vai escolher se é masculino ou feminino, e é sobre isso que tenho plena discordância. E principalmente você ensinar questões de sexualidade para crianças a partir dos 6 anos aos 10 anos de idade. Eu acho que esse é um papel dos pais”, afirma.

Evangélico da Assembleia de Deus, o vereador é autor de dois requerimentos endereçados ao prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), sobre o tema. Um deles pede informações sobre todos os livros entregues às escolas municipais, incluindo quantidade e obras. A intenção, segundo ele, é criar uma frente parlamentar para analisar todas as obras e indicar quais podem ser usadas pela prefeitura. O segundo requerimento solicita a retirada de todo o material didático que contenha qualquer menção a gênero da rede de ensino.

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), foram distribuídos 623 livros do aluno e 23 manuais do professor do livro de ciências Juntos Nessa (5º ano) para dez escolas da rede municipal do Recife.

O vereador Carlos Gueiros também entrou na briga para proibir o uso do livro nas escolas. Autor do Projeto de Lei de nº 26/2016, ele quer não só proibir o título como “outros meios definidos que versem sobre a ideologia de gênero e diversidade sexual”.

Iniciada na Câmara de Vereadores, a polêmica já tomou proporções estaduais. Na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o deputado Joel da Harpa (PROS), diácono da Igreja Batista, também apresentou projeto de lei pedindo a proibição dos livros. O PL 709/2016, publicado no Diário Oficial do estado no dia 8 de março, impede não só o uso do material didático como o ensino de qualquer tema semelhante.

“Nós entendemos que o povo brasileiro, a grande maioria, não aceita a orientação da ideologia de gênero sobretudo nas escolas e principalmente no ensino fundamental. Vendo essa grande proporção de pernambucanos que não aceita a entrada da ideologia de gênero nos planos estaduais de educação, até porque o próprio plano na questão de gênero foi rejeita na Assembleia, então apresentamos essa proposta para que a ideologia fique de fora de uma vez por todas nas escolas”, justifica.

Joel da Harpa nega que seja homofóbico. “Não vejo dessa forma até porque eu acho que qualquer tipo de preconceito deva ser combatido. Seja relativo a cor, seja homossexual, qualquer tipo de preconceito”, disse.

“Se o cidadão resolveu ser homossexual é um direito que assiste a ele e nós devemos respeitar e abraçar e amar essas pessoas. O que a gente combate é a ideologia de gênero para as crianças nas escolas. O que eu acredito é que a ideologia de gênero é um incentivo à homossexualidade.”

Diretora defende a escolha do livro

Na rede de ensino do Recife, a Escola Municipal Abílio Gomes foi uma das que escolheu o Juntos Nessa 5 para as turmas de 5o ano do ensino fundamental. A instituição, que na avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2013 teve a nota mais alta entre as unidades municipais do Recife, fica na comunidade Entra Apulso, uma região pobre do bairro de Boa Viagem, zona sul da capital pernambucana. Com um exemplar nas mãos, a diretora Marta Beatriz de Araújo critica a versão dos parlamentares sobre o conteúdo do livro.

“O livro não estimula, não incita, simplesmente cita que existem casais formados por pessoas do mesmo sexo. Que se identificam com pessoas do mesmo sexo. Isso não é um estímulo à escolha, é a constatação de um fato que tem na sociedade. Nós, enquanto educadores, não podemos nos furtar do dever de ter na sala um espaço de discussão, e não estímulo. O aluno tem direito a ter esse espaço de discussão”, defende Marta Beatriz, explicando que trata a questão pelo viés do combate ao preconceito e à homofobia.

A gestora não é a única a discordar da intenção dos vereadores. Em uma das salas do 5º ano, a professora Luci França pede licença à turma para receber a diretora. Enquanto as crianças fazem um exercício de um dos livros fornecidos pelo Ministério da Educação, Luci é rápida em dar a sua opinião ao saber da reportagem.

“Hoje a preocupação maior em termo de educação seria justamente com essa geração de crianças com microcefalia. Fazer um projeto para preparar educadores para daqui a cinco anos receber essas crianças, e não se preocupar com questão de gênero. Porque aqui na escola o trabalho que a gente faz é de respeito às diferenças. Um papel de cidadania, e não de interferir na opção sexual, porque esse tipo de orientação cabe à família. A escola orienta os alunos a respeitar a opção dos outros”, afirma.

A diretora diz que ficou sabendo da tentativa de impedir o uso do material didático no dia em que fazia a reunião de entrega dos exemplares para os alunos. Para ela, os vereadores desrespeitam o trabalho da equipe da escola ao tentar retirar os livros da rede municipal. “A gente não fez [a escolha] aleatoriamente. Paramos para analisar livro por livro, coleção por coleção, e não era uma editora só, eram várias. Cada uma chegava com sua caixa de material e a gente analisava para poder escolher os livros por disciplina e por ano. Então é uma coisa trabalhosa. Para depois de tudo isso vir uma pessoa e achar que pode desmanchar um trabalho de uma equipe? Acho complicado isso. Quer dizer, eu como professora não posso escolher meu material de trabalho? É o fim do mundo”.

A Agência Brasil ligou para vários números da Editora Leya, que tem os direitos sobre o livro, mas não conseguiu contato.

Os livros foram distribuídos pelo Ministério da Educação (MEC) por meio do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). A cada ano é aberto um prazo para que escolas públicas de todo o país escolham as obras que vão usar em cada uma das séries. Os livros valem por três anos e são repassados de aluno a aluno durante esse período.

A diretora critica ainda a falta de compromisso dos vereadores com o uso do dinheiro público. “Os livros são fruto de dinheiro de impostos nossos. Meu, seu, de todos nós. Eles foram comprados para serem usados durante 3 anos. Se eles forem recolhidos quem vai repor os livros? O vereador vai repor com recurso próprio ou vai se fazer nova compra com recursos públicos?”, questiona. “Acho que tem que pensar em propostas efetivas voltadas para a educação, que tragam retorno efetivo. Isso não vai trazer nenhum retorno, ao contrário: está se tirando material didático do aluno. Acho importante que se faça esse questionamento.”

A Escola Municipal Abílio Gomes luta há 12 anos para conseguir uma sede maior e abrir mais vagas para as crianças da comunidade. “Corta meu coração, mas todos os dias eu nego vaga, porque tem uma capacidade máxima que as salas comportam para garantir o mínimo de conforto para os alunos”, conta Marta Beatriz. Atualmente, as quatro salas de aula que existem no prédio foram divididas em sete para comportar todos os 310 estudantes – 70 deles frequentam o 5o ano do ensino fundamental.

Bancos se preparam para supercalotes por conta da crise

homem cansado em frente ao computador, dívidas, trabalho, estresse,

 Os bancos que atuam no Brasil estão se preparando para um aumento na inadimplência, por conta do mau desempenho da economia.  os cinco maiores bancos do país separaram R$ 148 bilhões para cobrir os calotes levados em 2015 e se preparar para os esperados em 2016.

Desse montante, R$ 23 bilhões estão reservados para cobrir a inadimplência de clientes que hoje pagam em dia, informa o jornal. Desses “calotes potenciais”, a expectativa principal envolve contas de grandes empresas.

De acordo com a previsão da agência Fitch Ratings o PIB do país deve cair 4,5%, e a recessão deve levar a um aumento dos pedidos de recuperação judicial.

Dilma analisa alternativas para evitar impeachment

A presidente Dilma Rousseff em encontro com juristas no Palácio do Planalto

 Sob intenso cerco político, Dilma Rousseff deixou impressionados os ministros com quem conversou nesta semana. Não sem motivo: com uma frieza a toda prova, ela expôs planos de governo para os próximos dias, meses e até para 2018. "Podem ficar tranquilos porque eu aguento bem a pressão. Sou resistente", disse a presidente, ainda gripada, em uma das reuniões com a equipe.

Sem tempo, Dilma trocou a leitura frenética de livros pela análise minuciosa de mapas de votação na Câmara, onde uma comissão com 65 deputados vai definir o destino do impeachment. Ampliou o escopo, mirando em mais do que os 171 votos necessários para barrar o processo no plenário, e exibiu habilidade em decorar o Estado de cada parlamentar a ser fisgado.

A ordem é abrir o cofre, atender os aliados fiéis, desalojar os "traidores" e dividir o PMDB, que na terça-feira deve oficializar o divórcio do governo. Na estratégia do "tudo ou nada", Dilma partiu para o varejo das negociações políticas, virou uma espécie de "ouvidora" dos insatisfeitos, coisa que sempre abominou, e montou um gabinete de crise permanente.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve a nomeação suspensa como ministro da Casa Civil e aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal para saber se poderá assumir o cargo, atua de longe na coordenação geral dos trabalhos, sem pisar no Palácio do Planalto.

A batalha de comunicação do governo é agora direcionada para "vender" a imagem de Dilma como mulher "guerreira", que lutou contra a ditadura e hoje enfrenta um "novo modelo de golpe". Todos os dias, Dilma recebe no Planalto ou mesmo na residência do Alvorada líderes e dirigentes de partidos aliados, além de ministros do PMDB. Pede apoio e promete mudanças.

Deputados do PP e do PR informaram a ela que será difícil manter o aval ao governo se o PMDB desembarcar e alertaram sobre um possível efeito dominó em outros partidos.

"Foi um aviso de que o gato subiu no telhado. A ficha dela caiu, mas, por incrível que pareça, não se abateu", contou um dos deputados que estiveram com a presidente. "Parece que, se morrer, vai morrer lutando".

Numa contraofensiva arriscada, o governo decidiu, na quinta-feira, desafiar o vice Michel Temer - que comanda o PMDB e é chamado por petistas de "chefe da facção" -, exonerando o presidente da Funasa, Antônio Henrique de Carvalho Pires, homem de sua confiança.

Nos bastidores, auxiliares de Dilma afirmam que tudo será feito para enfrentar a "conspiração" do grupo de Temer e contemplar com cargos quem pode ajudar a derrubar o impeachment na Câmara. É uma disputa voto a voto, no mais fiel estilo do "toma lá, dá cá".

Tática semelhante foi usada em dezembro, quando Dilma dispensou o vice-presidente de Fundos e Loterias da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto, indicado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como retaliação à atitude do deputado de aceitar o pedido de impeachment.

Em conversas reservadas, Dilma mostra inconformismo com o fato de Cunha, réu no Supremo Tribunal Federal, acusado de corrupção na Petrobras, conduzir o processo que pode levar a seu afastamento. "Eu não cometi nenhum crime para justificar a interrupção do meu mandato. Brigarei até o fim", diz ela, enquanto a Operação Lava Jato avança sobre o governo.

No PT há quem pregue até mesmo que, em caso de impeachment, Dilma recorra à Organização dos Estados Americanos (OEA). Nesse combate, há ainda táticas de guerrilha que circulam na internet, com ameaças de fim de programas sociais, como o Bolsa Família, se a presidente cair.

Foi após a campanha da reeleição, em 2014, que Dilma terminou de ler a biografia do ex-presidente Getúlio Vargas, escrita pelo jornalista Lira Neto. Não por acaso, outro dia voltou a dar uma espiada no terceiro volume, segundo relato de um ministro. "Tudo a seu tempo", costumava dizer Getúlio, quando era pressionado.

Governo aposta em medidas econômicas contra crise política

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abraça a presidente Dilma Rousseff durante sua posse como ministro, Brasília, dia 17/03/2016

 Enquanto enfrenta a turbulência política e a ameaça cada vez mais forte de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o governo corre para estabilizar a atividade econômica e dar sinais de que a saída para a crise pode vir pela economia. Cobrada por parlamentares da base aliada e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pedem urgência na adoção de medidas de estímulo ao crescimento, a equipe econômica trabalha para apresentar iniciativas que possam segurar a recessão e fazer o crédito e o investimento deslancharem.

Sem dinheiro em caixa para o modelo de subsídios utilizado no passado, e mesmo com a queda significativa na arrecadação de tributos, as ações deixam de lado o ajuste fiscal e se baseiam principalmente na expansão de gastos e em medidas para destravar a concessão de financiamentos dos bancos públicos. Na avaliação de Lula e do PT, os efeitos dessas iniciativas têm o condão de dar sobrevida ao governo.

Apesar de argumentar que as medidas tomadas por Dilma são necessárias para o País, o líder do governo na Comissão de Orçamento do Congresso, Paulo Pimenta (PT-RS), admite que o alívio na economia é uma forma de melhorar o clima na sociedade e, por consequência, no Congresso. "Melhorando a atividade, também melhora a situação política", avalia.

Pimenta espera que a melhora do ambiente, ao lado de outros fatores, como a presença de Lula na articulação do governo - mesmo se ele não conseguir assumir de fato a Casa Civil - fortalecerá a base aliada. Segundo o deputado, o governo trabalha para arrematar rapidamente o debate sobre o impeachment para, em seguida, dar andamento à pauta econômica.

Principal preocupação do Palácio do Planalto no Congresso, o PMDB teria papel importante na aprovação das medidas, mas está rachado. A decisão sobre o rompimento do partido com o governo deverá ser tomada na próxima terça-feira (29) e o desembarque é dado como praticamente certo. Na avaliação de um político próximo ao vice-presidente Michel Temer, que comanda o PMDB, se o objetivo do Planalto era facilitar as negociações políticas com uma sinalização na economia, o timing já passou.

"Agora, o Brasil está parado, esperando para ver o que acontece com o impeachment. Essas medidas terão pouca eficácia no cenário político", disse o interlocutor de Temer. Nesse cenário, o vice-presidente tem evitado os holofotes. "O melhor que ele pode fazer, neste momento, é não fazer nada: não dar opinião, não pedir nada. Qualquer movimento dele só pode vir a prejudicá-lo", afirmou um integrante da cúpula peemedebista.

Medidas

Para o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, é possível estabilizar a economia no segundo semestre, o que contribuiria para a melhora do cenário político. Nesta semana, o ministro pediu "civilidade" no debate e disse que os campos econômico e político podem se ajudar. Ao mesmo tempo, Barbosa tirou da cartola ações para dar espaço a gastos que, na opinião da atual equipe, poderão estimular a atividade, como despesas com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Para isso, o governo pediu ao Congresso que mude a lei e possa fazer um déficit de até R$ 96,6 bilhões em 2016.

Novas medidas estão em estudo, principalmente para destravar o crédito. De acordo com fontes da equipe econômica, estão na mesa ações de caráter regulatório que podem liberar a concessão de empréstimo sem a necessidade de recursos adicionais, como mudanças nas regras dos depósitos compulsórios. Também estão sendo preparadas medidas de estímulo à exportação, que, em tempos de dólar favorável, são a principal aposta do governo para a recuperação econômica.

O governo lançará, ainda, a terceira etapa do Minha Casa, Minha Vida e vê na cerimônia - marcada para a próxima quarta-feira - uma oportunidade de agenda positiva em meio ao processo de impeachment. Sem dinheiro no Orçamento para subsidiar o programa habitacional, a nova etapa depende basicamente de recursos do FGTS.

A equipe de Dilma também aposta no plano de socorro aos Estados, que reduzirá o serviço das dívidas estaduais. O governo quer que os governadores tenham mais espaço para gastar no curto prazo, o que significa uma injeção de recursos na economia, neste momento. Mas, como o plano tem contrapartidas fiscais, no médio e longo prazos isso pode representar uma melhora nas contas dos Estados, com a redução de gastos com a folha de pessoal e aumento nas contribuições previdenciárias, por exemplo.

O plano do governo federal, porém, poderá ser frustrado durante a tramitação do projeto no Congresso. Apesar de pedirem pressa na votação do texto, governadores já sinalizaram que poderão recorrer às suas bases para flexibilizar as exigências de aperto que estão hoje no projeto.

Na prática, as tentativas do Planalto de expandir o crédito esbarram nas altas taxas de juros e na falta de demanda. Em fevereiro, o governo anunciou medidas que teriam o potencial de liberar R$ 83 bilhões. Em alguns casos, como nas linhas para microempresas e exportadores, os tomadores reclamam que os juros estão altos e que as empresas estão endividadas, sem espaço para novos financiamentos.

A avaliação de integrantes da equipe econômica é que a aprovação do socorro aos Estados será rápida. No mesmo projeto, o governo empacotou medidas de reforma fiscal, como a limitação do crescimento do gasto da União e um regime especial de contingenciamento, que, na prática, reduz o esforço fiscal em anos de baixo crescimento.

Já a tramitação do segundo projeto enviado nesta semana - que reduz a meta de superávit primário de 2016 e permite o abatimento de receitas frustradas e despesas com investimentos e saúde - deverá ser mais difícil. Além do debate dominado pelo impeachment, a troca de integrantes da Comissão de Orçamento do Congresso, cuja composição atual se encerra na próxima terça-feira, vai atrasar ainda mais a tramitação.

Israel constrói maior torre de energia solar do mundo

ASHALIM: central de geração de energia solar em Israel (foto de março de 2016)

Um colosso de 240 metros de altura no meio do deserto israelense de Neguev capaz de converter energia solar em eletricidade para abastecer 120 mil famílias. Assim será Ashalim, a central de energia solar concentrada (da sigla em inglês CSP, Concentrated Solar Power) com a torre mais alta do tipo no mundo. O projeto, nascido em 2013, está em construção e a expectativa é que ele seja concluído no final de 2017. Ao invés de gerar eletricidade diretamente, como nas células solares fotovoltaicas, a tecnologia CSP utiliza heliostats, instrumentos que utilizam um espelho para refletir a luz do sol em uma determinada direção.

 

ASHALIM (foto 8): central de geração de energia solar em Israel, em março de 2016.

No caso, eles concentram a luz solar sobre encanamentos na torre central, aquecendo uma mistura de sal fundido, que em contato com a água produz vapor em seu interior. Este vapor aciona, então, as turbinas e os geradores de eletricidade. Para estocar calor e operar 24h, mesmo em dias de pouca radiação solar, as usinas usam sofisticadas tecnologias de armazenamento térmico, que mantém milhares de litros de sal fundido a temperaturas elevadas. 

ASHALIM (foto 5): central de geração de energia solar em Israel, em março de 2016.

A usina vai fornecer eletricidade sob um contrato de compra de energia por 25 anos com a Israel Electric Corporation. A expectativa é que a geração seja de 300 MW, cerca de 2% da capacidade de produção de eletricidade de Israel. Além de abastecer milhares de pessoas, a central solar evitará emissões de 110 000 toneladas de CO2 por ano ao longo de sua vida.


ASHALIM (foto 6): central de geração de energia solar em Israel, em março de 2016.

O projeto é parte essencial do compromisso de Israel em produzir 10% de sua eletricidade a partir de energia renovável em 2020. Ele é orçado em US$ 773 milhões e 80% dos recursos são provenientes do maior fundo de infraestrutura de Israel, o Noy Fund, financiado pelo banco Hapoalim e pelo Banco de Investimento Europeu. A execução está a cargo da Megalim, uma sociedade entre a francesa Alstom e a BrightSource Energym, da Califórnia, nos EUA.

Você pode comer esta garrafa de água — ela é de alga!

Garrafa de água feita de ágar-ágar, projeto do estudante Ari Jónsson

Já pensou na quantidade interminável de garrafas plásticas que circulam pelo mundo? Estima-se que pelo menos metade destas embalagens são usadas apenas uma vez e logo descartadas, a maior parte indo parar nos lixões, onde demoram uma eternidade para se decompor.

Atento ao problema, o estudante de design islandês Ari Jónsson desenvolveu uma alternativa curiosa para evitar a poluição causada por plástico — uma garrafa biodegradável a base de alga.Eu sinto que há uma necessidade urgente de encontrar formas de substituir uma parte da quantidade irreal de plástico que produzimos, usamos e jogamos fora todos os dias", disse o jovem ao site dezeen.com.

A solução usada por Jónsson chama-se ágar (também conhecida como ágar-ágar), uma substância feita a partir de algas que apresenta consistência gelatinosa. 

Para criar uma "garrafa de algas", ele misturou um pouco de ágar em pó com água, aqueceu o composto e o verteu em um molde com forma de garrafa que, em seguida, foi resfriado até o agár ficar sólido e pronto para uso.

Depois de um tempo, a garrafa se decompõe naturalmente, sem gerar poluição. Quem preferir pode mastigá-la, ela praticamente não tem sabor. Na culinária, o Agar é muito utilizado por vegetarianos como um substituto para gelatina convencional.

Jónsson apresentou seu projeto no DesignMarch, um festival de design realizado recentemente em Reykjavik, na Islândia.

Mas ele não é o único a pensar numa solução sustentável para as garrafas plásticas. Outro exemplo bacana no mundo do ecodesign é a embalagem Ooho. Com forma de bolha gelatinosa, que lembra uma água-viva, ela é feita a partir de algas marinhas e cloreto de cálcio.

Quando você está com sede, basta perfurar a membrana e beber o líquido de seu interior. Para quem curte novas experiências, também é possível colocar tudo de uma vez na boca, já que a Ooho também é comestível e biodegradável. O projeto é do trio designers espanhóis Rodrigo García González, Guillaume Couche e Pierre Paslier.

Startup brasileira cria a 1ª plataforma de realidade virtual

Máscara de realidade virtual Gear VR, da Samsung

 Muitas pessoas já conhecem ou ouviram falar dos óculos de realidade virtual, porém uma das questões do mercado é como será feita a distribuição do conteúdo em realidade virtual (VR). Uma plataforma de conteúdo que reúna Entretenimento, Games, Educação e ecommerce em um só ambiente virtual, essa é a proposta da startup brasileira Youfacer.

O projeto em desenvolvimento pretende revolucionar a forma que homem e computador interagem. Navegar no Facebook, assistir um vídeo em 360° do Youtube, estudar ou fazer compras em um shopping virtual são algumas das opções disponíveis na Youfacer. A plataforma será disponibilizada para PC, Web, Android, iOS e será compatível com os principais dispositivos do mercado como Oculus Rift, HTC Vive, Samsung Gear VR, Google Cardboard, entre outros. A plataforma prevista para ser lançada em 2017, traz experiências que tornem o uso dos dispositivos de realidade virtual, algo comum em nosso dia a dia, assim como já utilizamos smartphones, por exemplo.

Felipe Coimbra, diretor da empresa justifica o investimento em um dispositivo de realidade virtual. ‘’Iremos resolver o problema do acesso a conteúdo “VR”, o maior desafio é tornar a experiência de realidade virtual algo comum em nosso cotidiano e isso temos conseguido após muitos testes de usabilidade da interface Youfacer’’. Utilizando a plataforma também será possível ter experiências como participar de eventos; shows, esportes em 360°, jogar games em realidade virtual, fazer compras em supermercados ou reservas de hotéis como se estivessem no local, tudo através de VR.

A plataforma também oferecerá aos seus usuários um assistente virtual, o “Steve”, que acompanhará o cliente em toda a experiência na plataforma, conversando com o usuário e realizando tarefas através de comandos de voz. Até o ano de 2025, mais de 327 milhões de pessoas utilizarão ferramentas e dispositivos de realidade virtual em seu cotidiano. Esse mercado estima faturar mais de US$ 17 bilhões em todo o mundo, segundo levantamento da Goldman Sachs Global Investment Research.

Jovem brasileiro quer ser o 1º médico a imprimir um coração

Gabriel Liguori

 Aos dois anos, Gabriel Liguori teve o pequeno coração operado no Instituto do Coração (InCor), em São Paulo, para tratar uma cardiopatia congênita. As idas e vindas ao hospital forjaram sua paixão pela medicina, em especial pela cirurgia cardíaca pediátrica, e ele se formou médico na Universidade de São Paulo. Hoje, aos 26 e bolsista da Fundação Estudar, é doutorando na Universidade de Groningen e quer fazer da vida o que salvou a sua. “O que poderia ser um trauma acabou virando uma paixão”, resume.

A ligação com as ciências se fortaleceu na infância. Sem poder praticar esportes, Gabriel passava o tempo lendo de tudo, de Charles Darwin à mecânica quântica. Nas férias, chegava a terminar dez livros por mês. “Também sempre gostei de colocar meus aprendizados em prática e não foram poucas as vezes em que quase botei fogo em casa ou enchi o banheiro com larvas de drosófila”, lembra.

Os laços com o InCor, que faz parte do complexo do Hospital das Clínicas operado pela USP, também se mantiveram ao longo dos anos. Gabriel era figura tão frequente pelos corredores – as visitas eram uma atividade extracurricular para ele – que foi convidado a acompanhar um transplante de coração ainda no terceiro ano de faculdade.

A ligação, que pode vir a qualquer hora, veio em 7 de setembro de 2011. “Lembro-me de ser chamado para acompanhar a retirada do coração do doador – essa também foi a primeira vez que entrei numa ambulância – e seguimos até o local onde seria realizada a coleta. Acompanhei toda essa cirurgia e corremos de volta para o InCor”, conta.

Gabriel acompanhou então o transplante em si. Quando estava tudo quase concluído, foi convidado a chegar mais perto. “Foi primeira vez que toquei num coração batendo, recém transplantado no peito daquela criança”, diz. “Sentir esse coração na minha mão foi, com certeza, uma das melhores sensações até hoje e o momento que me fez ter certeza que era isso que eu queria.”

Águas internacionais Antes de se tornar bolsista da Fundação Estudar e começar seu doutorado, Gabriel passou um período em Harvard fazendo o curso “Principles and Practice of Clinical Research” e estagiando no Children’s Hospital Boston, onde acompanhou cirurgias cardíacas. O Hospital é considerado em diversos rankings o melhor dos Estados Unidos na área pediátrica.

“O período que passei em Harvard foi um grande catalizador da minha vontade de fazer pesquisa científica inovadora e de qualidade”, resume ele, que se encantou com o ambiente universitário. “Boston e Cambridge respiram ensino e pesquisa, e espero que eu e meus colegas da Fundação Estudar, ao voltarmos, possamos criar uma rede de desenvolvimento acadêmico e trazer essa realidade das universidades americanas e europeias para o país.”

Gabriel também estagiou em Londres, onde analisou dezenas de corações da coleção do Royal Bromptom Hospital para estudar uma doença chamada Tronco Arterial Comum, e na cidade holandesa de Maastrich, que suscitou seu interesse pelo país.

“Às vezes, quando pensamos em estudar no exterior, enxergamos apenas EUA ou Inglaterra”, diz. “A verdade é que existem muitas outras oportunidades e a Holanda, como terceiro maior produtor de conhecimento do mundo e com quase 90% da população falante do inglês, é uma excelente opção.”

Em 2015, fez as malas e mudou-se com a namorada para a Universidade de Groningen, onde se dedica a pesquisar engenharia de tecidos e o desenvolvimento de próteses cardiovasculares. “Traduzindo, meu objetivo é construir tecidos para serem utilizados durante a cirurgia cardíaca, como vasos e valvas, com as células-tronco do próprio paciente.”

Futuro no 3D Parece futurista, mas ele garante que não é. Gabriel também tem interesse especial pela promessa da impressão 3D, tanto objetos de plástico quanto aqueles feitos com biomaterial, e inclui a tecnologia em suas pesquisas.

“Basicamente, a engenharia de tecidos procura organizar polímeros, células e biomoléculas de maneira a construir tecidos vivos para a reposição e regeneração de órgãos ou parte deles”, explica.

E enquanto o método tradicional de engenharia falha na hora de criar as microestrutura de tecidos mais complexos ou órgãos inteiros, uma bioimpressora pode mudar este quadro. “Ela surge como uma solução, uma vez que possibilita a alocação de maneira pré-definida e organizada.”

A criação artificial de órgãos é uma frente promissora na ciência médica, já que pode diminuir significativamente o número de pacientes esperando por um doador na fila de transplantes. Para se ter uma ideia, em 2014, para acabar com a fila de transplante de órgãos no Brasil eram necessários 62820 órgãos doados, desconsiderando as demandas de córnea.

Coração bioartificial De acordo com o cronograma de Gabriel, a segunda fase do doutorado, que envolve o testes das próteses, deve acontecer já no Brasil. Será mais um passo rumo ao principal sonho de Gabriel. “Quero fabricar e transplantar o primeiro coração bioartificial no país e, quem sabe, no mundo”, diz.

Ele estima que ainda leve outros 15 anos até atingir seu objetivo, mas está otimista com o avanço tecnológico. É uma notícia que deve alegrar instituições como a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos. Segundo a ABTO, há 32 mil brasileiros na fila por um órgão compatível – mais de duzentos deles à espera de um novo coração.

“Há um século, as pessoas morriam devido a infecções que agora são facilmente tratadas com antibióticos”, destaca o doutorando. “Hoje, o câncer e as doenças cardiovasculares são o grande desafio, mas daqui cem anos acredito que poderemos ser imortais.”

A relação do brasileiro com o chocolate

Chocolates, bombom

 Em um cenário de recessão e alta dos preços, muitos brasileiros se empolgaram menos nas compras para a Páscoa deste ano. Uma pesquisa divulgada nesta semana pela dunnhumby, especializada em ciência do consumidor, mostrou que quase 60% da população esperava gastar menos nas comemorações deste domingo. 

O costume de comer chocolate, no entanto, certamente não foi abandonado (nem que para isso seja necessário trocar o tradicional ovo de Páscoa por uma caixa de bombom).

Anualmente, cada brasileiro consome, em média, 2,5 kg desse alimento – o equivalente a 16 barras. O Sul é a região do país onde as pessoas mais comem chocolate (4,5 kg/ano). O Nordeste aparece na outra ponta da lista com um consumo médio anual de 1,2kg.

Os hábitos também variam dependendo da classe social. Nas mais altas, o consumo é maior no inverno e as versões ao leite e amargo são as favoritas.

Já nas classes mais baixas, o chocolate é lembrado como uma opção de presente em datas comemorativas e a preferência é pela versão branca. As informações são de uma pesquisa do Ibope Inteligência encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab).

Veja abaixo outros números que mostram a relação do brasileiro com o chocolate.


Como declarar no IR um imóvel comprado com minha esposa?

Casal no apartamento novo

 Dúvida do internauta: Eu e minha esposa compramos um apartamento em 2015 e, como eu tenho uma renda maior, eu paguei um valor maior, mas o imóvel é 50% dela e 50% meu. Qual valor ela deve declarar no IR dela e qual valor eu devo declarar no meu?

 Resposta de Rodrigo Paixão e Thiago Mirales*:

Inicialmente, cumpre-nos ressaltar que a forma como você deverá declarar o seu imóvel dependerá do regime adotado em seu casamento

Nesse sentido, explicamos que quando o regime do casamento é o de comunhão total ou parcial de bens, tanto o imóvel, como todos os outros bens comuns do casal, comprados em conjunto, durante o casamento, devem ser reportados em apenas uma das declarações de Imposto de Renda. Isso se dá pelo fato de que cada um dos cônjuges não é dono de 50% do imóvel, como comumente se pensa.

Enquanto vigente o casamento, os bens comuns do casal são 100% de propriedade de ambos. Só se dividirá o patrimônio do casal nos casos de falecimento, dissolução da sociedade conjugal (divórcio) ou alteração do regime matrimonial.

A única exceção à regra é a hipótese de que o regime escolhido seja o de separação total de bens. Nesse caso, cada um dos cônjuges deverá reportar sua participação na compra da casa ou apartamento nas medidas e proporções dos pagamentos efetuados por cada um.

Caso não seja esse o regime adotado em seu casamento, a Receita Federal determina que todos os bens comuns do casal sejam reportados na declaração de apenas um dos cônjuges. Dessa forma, vocês evitam o conflito entre o patrimônio adquirido com os rendimentos de ambos e as informações individuais incluídas por vocês em cada declaração.

Assim, o imóvel deve ser incluído na ficha "Bens e Direitos" da declaração, com o código "11 - Apartamentos" ou "12 - Casas". No campo "Discriminação", você irá incluir a descrição do imóvel e os detalhes sobre a compra, como nome e CPF do vendedor e forma de pagamento (se foi comprado à vista ou financiado).

Na coluna "Situação em 31/12/2014" o valor a ser informado será “0,00” e "Situação em 31/12/2015", deve ser incluído o valor total pago pelo imóvel até a data, incluindo o pagamento do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), se houver, além de juros do financiamento e a taxa de corretagem pagos na compra da unidade.

Lembrando que os valores efetivamente pagos deverão ser incluídos no campo “Situação em 31/12/(ano)” e o valor total da unidade adquirida, caso tenha sido financiada, deverá ser informada apenas na descrição do bem.

Assim, se a compra for feita por financiamento, informe na discriminação: O imóvel foi comprado por "X" reais, sendo "X" de entrada, "X" com recursos do FGTS e "X" pagos por meio de financiamento com o banco "X"; o valor total pago no financiamento em 2015 foi de "X" reais.

 *Rodrigo Paixão e Thiago Mirales são sócios da Atlas Tax Consulting, empresa especializada em assessoria e consultoria jurídica, fiscal e tributária.

Rolling Stones levam meio milhão a show histórico em Havana

Fã segura foto de Ernesto "Che" Guevara com o símbolo da banda britânica Rolling Stones antes de seu show gratuito na Ciudad Deportiva de la Habana, complexo desportivo em Havana

A banda de rock britânica Rolling Stones arrastou mais de meio milhão de pessoas para o concerto dessa sexta-feira (25) à noite em Havana. O concerto, gratuito e sem precedentes em Cuba, levou ao complexo Ciudad Deportiva, que tem capacidade para 450 mil pessoas e ficou lotado, uma multidão onde havia moradores locais e turistas de várias faixas etárias.

Na apresentação, o vocalista dos Rolling Stones, Mick Jagger, disse que os "tempos estão mudando". "Sabemos que há alguns anos era difícil ouvir a nossa música em Cuba, mas aqui estamos nós", afirmou Mick Jagger, em espanhol.

Horas antes do início do concerto, três quartos do local já estavam cheios. Milhares de pessoas não conseguiram entrar, mas ficaram de fora vibrando com o espetáculo, perfeitamente audível nas redondezas e até visível de determinados pontos. Muitas pessoas assistiram ao show em cima de telhados, de onde podiam ver o concerto.

"Estou aqui desde as 8h porque este concerto é histórico, vai marcar a história mundial, não apenas Cuba", disse à AFP Meiden Betsy, um estudante cubano, num dos vários relatos entusiasmados e emocionados que a agência recolheu no local. "Nunca imaginei que poderia vê-los aqui um dia, nunca mesmo", afirmou o jardineiro Alexander Chacon.

O engenheiro Miguel Garcia, de 62 anos, disse à agência, ainda antes de o concerto começar, que sabia que se ia emocionar e chorar durante o espetáculo.

A banda britânica se apresentou em Cuba três dias depois da visita histórica a Havana do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. O concerto foi incluído, de última hora, na turnê dos Rolling Stones na América Latina.

Um palco de 80 metros de comprimento foi instalado na Ciudad Deportiva, complexo inaugurado em 1959, antes da revolução cubana que acabou por banir o rock do país, uma vez que o regime de Fidel Castro o considerava uma expressão musical ligada ao imperialismo. Ao longo dos últimos 30 anos, o gênero tem sido gradualmente permitido.

Entra ruim, sai pior: veja a recuperação judicial na prática

Grupo Schahin

  O empresário José Pupin, maior produtor de algodão do Brasil, soube aproveitar como poucos o crédito farto que irrigou a economia nacional até o hoje longínquo ano de 2014. Em quatro anos, sua área plantada dobrou, até atingir quase 110 000 hectares — o equivalente à cidade do Rio de Janeiro.

Dando seus bens como garantia, Pupin tomou 1 bilhão de reais emprestados e viveu anos de ouro, desfilando por Mato Grosso num carro esportivo Maserati Gran Turismo avaliado em 600 000 reais. Demorou pouco mais de um ano para que a casa caísse. O preço do algodão baixou, os clientes frea­ram, o juro subiu.

Em novembro do ano passado, o rei do algodão apelou para a recuperação judicial para evitar a falência. Em tese, seria um processo simples. Bastaria entregar os pedaços de terra aos credores, renegociar as dívidas e usar a geração de caixa das safras seguintes para pagar as prestações. Mas de simples o processo não tem nada.

Pupin lançou mão de uma brecha na lei brasileira que permite aos produtores rurais salvar os bens pessoais. A ideia da lei era proteger os pequenos agricultores. Às vésperas de entrar com o pedido de recuperação judicial, o rei do algodão se cadastrou como produtor rural. Seus bens garantiam 80% da dívida. Armou-se, então, uma confusão que foi parar no Superior Tribunal de Justiça e não tem data para acabar. 

Há atualmente no Brasil cerca de 2 500 empresas em recuperação judicial. No grupo, há companhias famosas e uma imensa maioria desconhecida, mas não menos importante. Empreiteiras como OAS e Mendes Júnior, varejistas como Luigi Bertolli e Barred’s, a viação Itapemirim, a fabricante de autopeças Mangels estão vivendo esse processo — que, por razões óbvias, é típico de crises como a que o país vive.

O número de novos casos foi recorde em 2015 e já cresceu 116% neste ano. A lei de recuperação judicial foi editada há 11 anos para criar um processo organizado que preserve as empresas em crise e permita a seus controladores renegociar dívidas sem risco de entrar em falência.

Cabe a um juiz supostamente especializado liderar o processo: os empresários, normalmente, são afastados da gestão, um novo administrador é definido pela Justiça, as decisões têm de ser aprovadas pela maioria dos credores e os ativos e as garantias dados pela empresa ficam resguardados.

A promessa é de racionalidade. Na teoria, é ótimo. Mas um olhar mais aprofundado sobre a “recuperação judicial como ela é” mostra uma realidade bem distinta. Os casos de sucesso são pouquíssimos — esti­ma-se que apenas uma em cada 100 empresas saia viva e saudável de uma recuperação judicial. E as histórias de brigas, rolos e fraudes são muito mais comuns do que se suspeita.

É no mínimo inusitado que, com um Poder Judiciário tão caótico quanto o brasileiro, investidores e empresários tivessem alguma esperança de que um processo complexo como uma recuperação judicial fosse ordeiro. Os buracos na lei e as chicanas jurídicas disponíveis são fartos. A lei diz que o processo deve demorar dois anos e que apenas um plano pode ser aprovado.

A empresa de energia Infinity Bio-Energy, que fatura 600 milhões e deve 1,5 bilhão de reais, está tentando emplacar o terceiro plano de recuperação desde 2009. Um dos credores questionou a decisão do administrador judicial de arrendar uma das usinas a um foragido da Justiça por assassinato (e que, portanto, não deve aparecer para pagar as contas), mas o juiz não viu problema.

A geradora de energia Tonon, que deve quase 3 bilhões de reais, conseguiu autorização judicial para usar garantias que estavam protegidas em depósito. A empresa alegou ser um bem perecível, por se tratar de cana. Os credores pediram uma liminar para bloquear os gastos.

A soberania das decisões dos credores em assembleia também vem sendo questionada por alguns empresários e administradores, criando mais insegurança no processo. Na recuperação judicial do grupo de construção Schahin, a maioria dos bancos e investidores votou contra o plano e a favor da falência.

Mas os acionistas estão recorrendo ao juiz para invalidar os votos dos credores, já que há casos precedentes. Outras canetadas dos juízes não fazem nenhum sentido econômico, mas dificultam o andamento do processo: a recuperação da mineradora Mineração Caraíba corre sob sigilo, e os credores precisam ir a Jaguarari, no interior da Bahia, para tirar cópias do processo e acompanhar as decisões.

De acordo com credores ouvidos por EXAME,­ os casos mais complexos são aqueles em que é quase impossível dizer onde está o dinheiro da empresa ou de seus donos. Paulo Fachin, dono da produtora e comercializadora de soja e milho Ceagro, que fatura 800 milhões de reais, levantou 1,5 bilhão com grandes bancos.

A garantia era uma série de contratos de venda de soja — os investidores ficavam com os pagamentos da venda em garantia e, em caso de inadimplência ou rompimento dos contratos, ficavam com a soja. Parecia uma garantia reforçada.

Mas não existia tanta soja assim — em julho de 2015, os compradores não receberam as encomendas e, claro, não pagaram as faturas. Os credores alegam, desde então, que a soma de ativos da Ceagro é menor do que os financiamentos que a empresa tomou, e os bancos agora querem saber onde foi parar o dinheiro que emprestaram.

O banco Indusval chegou a gastar alguns milhares de dólares numa investigação para desvendar se o dono mandou dinheiro para o exterior — mas, por enquanto, só encontrou uma conta nos Estados Unidos com 40 000 dólares (o banco nega a investigação). Em outros dois casos, da varejista Gep, dona da marca Luigi Bertolli, e do grupo JJ Martins, dono da rede de concessionárias carioca Barrafor, os empresários juntaram várias empresas no mesmo bolo da recuperação judicial com a intenção de proteger o máximo de bens possível.

Os grupos dizem que caixa e dívida das empresas se misturam, mas os credores questionam como eles escolheram as empresas que ficaram dentro e fora da recuperação — quem emprestou para a subsidiá­ria que tem operação rentável, por exemplo, não gostou. Uma consequência prática da inclusão de empresas saudáveis na recuperação judicial é impedir que seus bens sejam transferidos a credores de outras companhias do mesmo grupo.

Para os bancos, o caos de processos de recuperação judicial cria um enorme problema. O sistema bancário brasileiro é altamente concentrado — o que faz com que os grandes bancos sejam credores em quase todas as recuperações judiciais. Só o Banco do Brasil é credor em cerca de 2 000 processos.

O problema não é só o prejuízo gerado pelo deságio da dívida, mas os efeitos sobre sua capacidade de conceder crédito. Pelas regras do Banco Central, as dívidas de empresas em recuperação judicial precisam ser integralmente provisionadas, o que piora os índices de inadimplência do banco.

Muitas empresas só conseguirão sair do sufoco se tiverem acesso a novos empréstimos, mas estes também precisam ser provisionados do mesmo jeito. O banco, naturalmente, teme fazer novos financiamentos para ajudar a viabilizar um plano de recuperação, já que corre o risco de jogar dinheiro bom em cima de dinheiro ruim.

Solução privada

Nos Estados Unidos, é comum que investidores especializados aproveitem esse espaço para emprestar dinheiro a quem é visto como radioativo pelos bancos. Mas, no Brasil, o vaivém de juí­zes e credores atrapalha bastante.

O medo de brigas é tão grande que, até hoje, apenas a petroleira OGX e a empreiteira OAS recorreram ao financiamento conhecido como “dip” (do inglês debtor in possession), em que o novo credor tem preferência em relação aos demais. Nos dois casos, parte dos credores tentou barrar na Justiça esse direito.

A OGX parou de produzir petróleo em março e hoje é uma empresa inoperante. Na OAS, a briga também foi em vão, já que, depois que a empresa conseguiu a aprovação do financiamento na Justiça, a canadense Brookfield, que daria o financiamento, desistiu do negócio. Não surpreende, portanto, que muitos credores estejam fugindo da recuperação judicial sempre que podem.

Hoje, empresas com dívidas somadas de mais de 100 bilhões de reais estão adotando o que se chama de “rees­truturação privada”. O devedor chama meia dúzia de bancos à mesa e discute um plano de reestruturação, sem que os credores tenham de alardear as perdas em seus balanços.

Mas, de novo, parece mais simples na teoria do que é na prática — só funciona se os resultados da empresa melhorarem, o que não tem sido muito fácil numa recessão como a atual. Se isso não acontece, a única saída é a recuperação judicial. E, aí, seja o que Deus quiser.

Moro manda soltar 9 presos da 26ª fase da Lava Jato

O juiz Sérgio Moro

O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, decidiu pela liberação de nove presos temporários da  26ª fase da Operação Lava Jato, identificada como Operação Xepa. As prisões foram efetuadas no dia 22 de março. O prazo para o cumprimento vence hoje (26). Em depacho, Moro diz que não é o caso de prorrogação das prisões e determina a expedição dos alváras de soltura.

Sérgio Moro, no entanto, determinou também que nenhum deles poderá deixar o país durante as investigações e que devem entregar os passaportes no prazo de três dias. "Diante dos indícios de que executivos do Grupo Odebrecht foram deslocados para o exterior durante as investigações, nele obtendo refúgio, imponho como medida cautelar alternativa à prisão a proibição de que os os investigados ora soltos deixem o país", diz o despacho.

As nove pessoas presas temporariamente são investigadas por crimes que envolvem fraudes documentais. A prisão foi decidida, segundo despacho feito na época porque existia risco de ocultação, destruição e falsificação de provas. O juiz também justificou a prisão na garantia de que essas pessoas seriam ouvidas separadamente pela autoridade policial, “sem que recebam influências indevidas uns dos outros”.

Planilhas

No despacho desta sexta-feira, Moro diz ainda que vai mandar ao Supremo Tribunal Federal (STF) as planilhas apreendidadas na residência do executivo da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Júnior, que  identificam pagamentos a cerca de 200 políticos. A lista contém nomes de autoridades com foro privilegiado.

Moro pondera que é prematura qualquer conclusão quanto à natureza dos pagamentos, se ilícitos ou não. Trecho do despacho diz: "os pagamentos retratados nas planilhas da residência do executivo Benedi­cto Barbosa podem retratar doações eleit­orais lícitas ou mesmo pagamentos que não tenham se efetivado". Diz, por fim: "a cautela recomenda, porém, que a questão seja submetida desde logo ao Egrégio Supremo Tribunal Federal".

Foram presos temporariamente:

- Alvaro José Galliez Novis

- Antônio Claudio Albernaz Cordeiro

- Antônio Pessoa de Souza Couto

- Isaias Ubiraci Chaves Santos

- João Alberto Lovera

- Paul Elie Altit

- Roberto Prisco Paraíso Ramos

- Rodrigo Costa Melo

- Sergio Luiz Neves

Conheça o data center do Google em que empregados não entram

Google no currículo

 Vestir o crachá do Google não dá acesso a um dos corações da empresa, em Oregon, nos Estados Unidos.

O Data Center da empresa, que fica em The Dalles, conta com proteção contra eventuais quedas no sistema 24 horas por dia e uma equipe de plantão para resolver qualquer problema que surja. 

A maioria dos funcionários do Google não tem acesso ao local. Para entrar no centro de infraestrutura de dados, repleto de andares e mais andares de servidores, há um rígido controle que inclui checagem dupla de dados biométricos por meio da íris do visitante e um círculo de bloqueio, que só permite a entrada de uma pessoa por vez.

No entanto, já possível conhecer o local por meio de um tour virtual 360º, disponível em resolução de 4K no Google Cardboard, YouTube Mobile e Chrome. O vídeo foi liberado esta semana pelo Google e já tem 252 mil views, confira:

Prefeito de Maracás deixa PT e confirma filiação ao PSL

Prefeito de Maracás deixa PT e confirma filiação ao PSL 

O prefeito de Maracás, Paulo dos Anjos, deixou oficialmente o PT e ingressou no Partido Social Liberal. A mudança teria ocorrido após visita do presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo, presidente estadual do PSL. Paulo dos Anjos decidiu sair do PT por causa de desavenças com o diretório local da sigla – que ao invés de apoiar sua reeleição neste ano, tentaria emplacar como candidato o ex-prefeito Nelson Portela. A ruptura entre Portela e dos Anjos, que são primos, não seria novidade para os políticos da região. Além da falta de apoio do diretório municipal, Paulo deve enfrentar outro entrave em sua candidatura nas eleições de outubro: Nelson deve contar com o apoio do governador Rui Costa, de quem é amigo pessoal


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