A Organização Mundial
de Saúde (OMS) fez um alerta nesta segunda-feira de que a epidemia do
zika vírus, suspeito de provocar microcefalia nos bebês, pode se
espalhar para todos os países das Américas. Segundo a Organização
Panamericana de Saúde, 21 dos 55 países e territórios das Américas já
registraram a presença do vírus.
A Organização Panamericana de Saúde explica que a rápida propagação do
víruz zika tem se dado, em primeiro lugar, porque a população ainda não
tinha sido exposta ao vírus e, portanto, não tinha imunidade. E, em
segundo lugar, pelo fato de que o transmissor da doença, o mosquito
Aedes Aegypti, é encontrado em toda a região, com exceção do Chile e do
Canadá.
A OMS recomenda no alerta que antes de viajarem para países onde há a
transmissão do vírus, as pessoas se consultem em um serviço de saúde,
principalmente as gestantes.
Na Europa, a Itália já é o quarto país a notificar casos de contágio.
Quatro italianos que viajaram pelo Brasil e tiveram o vírus em março do
ano passado já se recuperaram. No Reino Unido, foram notificados no
último fim de semana três casos, também de turistas que viajaram pela
América do Sul. Na Espanha, duas gestantes contraíram o vírus, enquanto,
em Portugal, quatro homens tiveram a doença no início de janeiro após
retornarem de uma viagem ao Brasil.
Por conta do medo da associação entre o vírus e a microcefalia,
Equador, Colômbia, El Salvador e Jamaica pediram às mulheres que evitem
engravidar por enquanto. As autoridades equatorianas também lançaram um
plano de ação contra o mosquito transmissor da doença.
No Brasil, uma parceria firmada entre o Insituto Vital Brazil, que é
um laboratório do governo do Rio, e a Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) vai desenvolver um soro contra o vírus zika. A previsão é
de que o medicamento fique pronto em até três anos para o tratamento de
pessoas infectadas pelo vírus.
O diretor científico do Vital Brazil, Cláudio Maurício de Souza,
explicou para a imprensa que esse soro vai funcionar da mesma forma que o
antirrábico. Uma vez administrado em um paciente contaminado, ele irá
identificar as partículas virais, se ligando à sua capa protetora e
promovendo a sua inativação.
Os soros são na verdade produzidos em cavalos. Nós vamos induzir no
cavalo uma resposta imune, onde o sistema imunológico do cavalo vai
produzir uma grande quantidade de anticorpos, que já são capazes de
reconhecer o vírus. Esses anticorpos são o principal elemento do soro. E
uma vez esse soro administrado no corpo humano, na circulação, o
anticorpo reconhece o vírus, se liga no vírus, promove a sua inativação e
o bloqueio da sua ação.
De acordo com os pesquisadores do Instituto Vital Brazil, uma vez que o
soro for aplicado em mulheres grávidas, logo após a confirmação do
diagnóstico da doença, poderá evitar que o vírus entre em contato com o
feto e assim impedir a microcefalia, doença que afeta o tamanho adequado
da cabeça dos bebês.
No último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, na semana
passada, foram registradas 3.893 notificações de casos suspeitos de
microcefalia causada pelo vírus zika, identificados em 720 municípios de
21 estados do Brasil. Até agora, foram confirmados 230 casos de zika
vírus.
Para reforçar o combate ao mosquito Aedes Aegypti, responsável por
transmitir, além do zika vírus, também a dengue e a febre chikungunya, o
Ministério da Saúde iniciou uma caravana com agentes de saúde e
militares para percorrer o país. A meta é visitar todos os domicílios do
Brasil para combater o mosquito até o fim de fevereiro. Até a semana
passada, 7 milhões e 400 mil residências em todo o Brasil foram
visitadas, o equivalente a 15% das 49 milhões de casas previstas. Desse
total, 3% apresentaram focos do mosquito transmissor, o que corresponde a
222 mil residências.
Em coletiva à imprensa, o Secretário-Executivo Substituto do
Ministério da Saúde, Neilton Oliveira, disse que a expectativa do
governo é reduzir esse número para 1% até fevereiro.
Se nós chegarmos ao final de fevereiro e alcançarmos a meta de 100%, e
virmos que o total de municípios apresenta uma infestação acima daquilo
que nós previmos, nós estaremos já com uma estratégia preparada para
esse momento novo, que nós vamos encontrar
Neilton Oliveira chamou atenção para o fato de que o combate ao mosquito tem que ser permanente e não somente sazonal.
Nós não estamos trabalhando com uma coisa que vai ser feita agora e vai
embora, acabou. Esse é um processo de sustentação permanente que vai ter
etapas diferenciadas de janeiro a junho, que é o período no qual
aumenta muito a curva de incidência da dengue, e de criação do mosquito.
Depois tem uma diminuição, que é o que chamamos de período sazonal.
Portanto, para essa etapa nós vamos ter uma estratégia, e, para outras
etapas, nós vamos ter outra.
No Rio de Janeiro, por causa do carnaval e das Olimpíadas, a
prefeitura está intensificando as medidas de combate ao mosquito Aedes
Aegypti.
No fim de semana, a Secretaria de Estado de Saúde fez uma parceria
inédita com os blocos Spantinha e o Bloco Spanta Neném, na Zona Sul do
Rio de Janeiro, promovendo uma ação especial de conscientização de
combate ao Aedes aegypti, com crianças, adultos e principalmente com
as grávidas.
Por causa do aumento do receio internacional para os Jogos Olímpicos e
Paralímpicos, em agosto e setembro, a Prefeitura do Rio de Janeiro
anunciou que vai intensificar a partir de abril a vistoria nas
instalações olímpicas para combater o mosquito. E, se for preciso o uso
de fumacê, isso se dará antes dos jogos. No início das competições, o
inseticida não será mais usado, porque é contra indicado em áreas de
grande movimentação de pessoas. Ainda segundo a administração municipal,
durante os jogos também vão ser realizadas ações diárias nos locais de
competições para eliminar possíveis focos do Aedes aegypti.
Gostou do artigo? Qual é a sua opinião sobre ele? Venha compartilhar suas experiências e tirar suas