quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

OAB vai ao STF contra aposentadoria vitalícia de ex-governadores da Bahia




O Plenário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu, por unanimidade, ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra o benefício vitalício pago pela Bahia a seus ex-governadores.

Segundo o presidente da OAB Claudio Lamachia, o objetivo da ação é suspender o pagamento dos benefícios, mas não a devolução dos valores já recebidos. "A OAB entende que o mandato é transitório, não sendo admissível privilégios vitalícios a partir dele", afirma o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil.

O questionamento sobre a aposentadoria vitalícia dos ex-mandatários do Executivo baiano foi levado ao plenário da Ordem nesta segunda-feira, 1.

A autorização para o pagamento foi aprovada em 2014 pela Assembleia Legislativa da Bahia como Emenda à Constituição do Estado.

Brocador faz dois gols e decide para Bahia contra Juazeirense


Hernane Brocador, ex-Flamengo, já foi decisivo em sua estreia no Campeonato Baiano. Ele fez dois gols para o Bahia na vitória por 3 a 2 contra a Juazeirense, neste domingo. O time de Salvador ficou com um jogador a mais no primeiro tempo e mesmo assim sofreu para conseguir resolver a partida no Estádio de Pituaçu.
Durante a pré-temporada, Hernane já tinha feito 2 gols no amistoso contra o Santos e agora se consolidou como principal esperança do time para a temporada. O outro gol do Bahia foi marcado por Edigar Junio, mais um jogador contratado recentemente pelo Bahia.
A Juazeirense até conseguiu abrir o placar aos 4min de jogo, graças a um erro de Marcelo Lomba, em seu retorno ao Campeonato Baiano. O goleiro derrubou Nino Guerreiro após ser driblado na área. O próprio Nino foi para a cobrança e fez o primeiro gol do jogo.
Mas o Bahia não se intimidou com o gol e criou seguidas chances de gol, apesar da Juazeirense jogar totalmente recuada. Danilo Pires, Juninho e Edigar Junio chegaram perto do gol, mas quem empatou o jogo foi Hernane Brocador. Depois que Ricardo Braz fez pênalti e foi expulso por ter 2 cartões amarelos, o centroavante fez a cobrança com sucesso.
Com um a mais em campo, o Bahia tinha obrigação de partir para o ataque. O técnico Doriva inclusive trocou o volante Paulo Roberto pelo meia Rômulo para buscar a virada logo, o que aconteceu rapidamente, aos 3min do segundo tempo. Após cobrança de escanteio, Edigar Junio cabeceou a bola na trave, ficou com o rebote e chutou para a rede.
Depois disso, parecia que o Bahia tomaria controle do jogo. Após um "corta-luz" de Hernane, Lusinho teve uma incrível chance de gol, mas desperdiçou. E o time acabou pagando caro por isso. Aos 19min, após um longo lançamento nas costas da defesa, Ebinho chutou por baixo do Lomba e fez o gol do empate. Mas houve tempo para Luisinho se redimir. Foi dele a assistência para o gol decisivo, finalizado por Hernane Brocador embaixo do gol, em posição duvidosa.

Dólar abre em queda e é negociado a R$ 3,98



O dólar comercial abriu em queda de 0,12% nesta quarta-feira. Às 9h05m, a moeda americana era negociada a R$ 3,981 para compra e R$ 3,983 para venda.
Após três sessões de queda, o dólar fechou ontem em alta de 0,65%, a R$ 3,988.
Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registrou nesta terça-feira sua maior queda desde agosto de 2011: 4,87%, aos 38.596 pontos. A sessão foi impactada pela desvalorização do petróleo no mercado internacional, pelo recuo das principais Bolsas estrangeiras e por resultados corporativos decepcionantes, como os de Cielo e Itaú Unibanco.

Auxílio-moradia da elite do funcionalismo público custou R$ 50 milhões aos cofres de SC em 2015



Em 2015, o Estado de Santa Catarina gastou quase R$ 50 milhões com auxílio-moradia para 1.028 integrantes da elite do funcionalismo: desembargadores, juízes, procuradores, promotores, conselheiros, auditores e deputados estaduais. Nenhum deles recebe menos de R$ 22,5 mil de salário e, mesmo assim, a legislação lhes garante esse complemento, que varia entre R$ 3,2 mil e R$ 4,3 mil mensais.

A conta exata do auxílio-moradia em Santa Catarina no ano passado chegou a R$ 49.363.244,60. Com esse valor, seria possível construir um elevado semelhante ao inaugurado em 2015 em Canasvieiras, em Florianópolis, instalar um hospital como o Nossa Senhora da Graça, em São Francisco do Sul,  e bancar todo o gasto anual da Secretaria Regional de Blumenau. Com o valor, também seria possível pagar a conta de telefonia fixa do governo do Estado em 2015, lançar outro Prêmio Catarinense de Cinema nos moldes do que foi apresentado no dia 18 de janeiro — tudo isso somado, e ainda sobraria troco.

Não há nenhuma irregularidade na concessão do benefício aos 1.028 funcionários. Uma lei estadual aprovada no fim de 2012 uniformizou os valores do auxílio-moradia para Assembleia Legislativa (Alesc), Tribunal de Contas do Estado (TCE), Tribunal de Justiça (TJSC) e Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) – por simetria com o TCE, os procuradores do Ministério Público de Contas (MPC) também foram beneficiados.

As gratificações, que tinham valores diferentes, foram igualadas a 90% do que recebem para moradia os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Hoje, esse valor corresponde aos R$ 4.377,73 que recebem, mensalmente, desembargadores do TJSC, procuradores do MPSC e do MPC, conselheiros do TCE e deputados estaduais — Gean Loureiro (PMDB) é o único que renunciou ao direito, pago mesmo quando o beneficiado possui imóvel na cidade em que trabalha.

A maior parte do gasto se concentra no TJSC e no MPSC. Nesses órgãos, o auxílio também é pago a juízes e promotores, com valores que variam de R$ 3,2 mil a R$ 3,9 mil, dependendo da posição do servidor na carreira. Na Justiça Estadual, foram gastos R$ 26,5 milhões para bancar a moradia de 533 magistrados por todo o Estado. O MPSC ficou atrás, com R$ 20 milhões distribuídos entre 443 procuradores e promotores ao longo de 2015.

Quem recebeu o auxílio-moradia em 2015

Contas Abertas defende auxílio pago de forma temporária e transitória
Para o economista Gil Castello Branco, fundador da ONG Contas Abertas – entidade que descobriu as “pedaladas fiscais” do governo Dilma Rousseff e foi autora da denúncia do caso ao Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União –, o auxílio-moradia deve estar, necessariamente, associado a uma situação ou a um cargo transitório ou temporário.

— Em 1990, por exemplo, existiam em Brasília 10.760 imóveis funcionais. Muitos órgãos que há época concordaram com a venda para seus titulares, hoje pagam auxílios-moradia. Na maioria das vezes, o auxílio tem o efeito de um complemento salarial.

Como justificar o auxílio-moradia para o funcionário que já possui imóvel próprio?

Castello Branco chama a atenção para o fato de que, por uma questão de isonomia, o auxílio deveria ser pago a todos os servidores federais, estaduais e municipais, em todos os poderes, o que, ressalta, é inviável sob o ponto de vista fiscal.

— Dessa forma, só as categorias que têm maior poder de pressão conseguem vantagens dessa natureza. Sou completamente a favor da valorização do servidor público, mas por meio de um bom salário, perspectivas de ascensão na carreira e de capacitação. Vantagens isoladas para determinados segmentos apenas agravam as distorções existentes nos planos de cargos e salários.

Quem ganha e quanto
AlescDeputados estaduais - R$ 4.377,73

Tribunal de ContasConselheiros - R$ 4.377,73
Auditores - R$ 4.377,73

Ministério Público de Contas (MPC)Procuradores - R$ 4.377,73

Tribunal de JustiçaDesembargador - R$ 4.377,73
Juiz de 2o grau - R$ 4.377,73
Juiz de entrância especial - R$ 3.939,96
Juiz de entrância final - R$ 3.742,96
Juiz de entrância inicial - R$ 3.555,59
Juiz substituto - R$ 3.235,58

Ministério Público de SCProcurador - R$ 4.377,73
Promotor de entrância especial - R$ 3.939,96
Promotor de entrância final - R$ 3.742,96
Promotor de entrância inicial - R$ 3.555,59
Promotor substituto - R$ 3.235,58

Auxílio-moradia em SC 01
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Compare o que poderia ser feito

R$ 210 milhões
23,47% do gasto extra com o reajuste a ser concedido aos professores em 2016 no novo plano de carreira
R$ 35.286.780,92
Mais do que tudo que foi efetivamente pago em 2015 na rubrica Prevenção e Preparação para Desastres pela Secretaria de Defesa Civil
R$ 24.890.744,45
Quase duas vezes o que foi efetivamente pago em 2015 na rubrica Ressocialização dos Apenados e dos Adolescentes Infratores pela Secretaria de Justiça e Cidadania
R$ 26.575.691,10
Quase duas vezes vezes o gasto com toda a estrutura de Defensoria Pública em 2015
R$ 14.569.806,01
Mais de três vezes o gasto total da Secretaria Regional de Blumenau em 2015
R$ 12 milhões
Construir quatro elevados semelhantes ao construído em Canasvieiras, Florianópolis, em 2015
R$ 12 milhões
Construir quatro hospitais semelhantes ao Nossa Senhora da Graça, em São Francisco do Sul, em 2012
R$ 6.419.909,98
Mais de sete vezes o gasto do governo estadual com telefonia fixa em 2015
R$ 3.730.743,00
Mais de 13 vezes o que foi efetivamente pago em 2015 na rubrica Gestão dos Recursos Hídricos na Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável
R$ 3.375.000,00
Dava para fazer 14 Prêmios Catarinense de Cinema nos moldes do divulgado esta semana


Judiciário e Legislativo justificam os gastos
A reportagem do DC procurou os chefes dos poderes Judiciário e Legislativo estaduais e enviou a eles, mais ao Ministério Público de Santa Catarina e ao Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, uma mesma questão a respeito da adequação do gasto de cerca de R$ 50 milhões com auxílio-moradia em tempos de crise:

Em 2015, Santa Catarina gastou quase R$ 50 milhões com auxílio-moradia para 1.028 funcionários que já recebem salários que variam de R$ 22,5 mil a R$ 30,4 mil. Embora seja um benefício previsto em lei, o senhor considera adequada essa gratificação diante do cenário de crise econômica e das dificuldades dos Estados em manter em dia a folha do funcionalismo?

Nelson Schaefer Martins, presidente do Tribunal de Justiça (TJSC)

"O auxílio em questão, como bem dito, é devido por força legal. É um direito da magistratura, previsto na Lei de Organização da Magistratura Nacional (Loman) e na Lei Complementar Estadual n. 376/2006, além de também estar regulamentado pelo próprio Conselho Nacional de Justiça (CNJ). É pago pela maioria dos tribunais do país e demais poderes. Mais do que um benefício para integrantes de uma carreira marcada pela itinerância, é igualmente uma forma de remuneração pela ausência de uma política de reposição salarial para a magistratura brasileira. Outros servidores e agentes públicos percebem verbas indenizatórias diversas, como por exemplo periculosidade, insalubridade, e adicional por tempo de serviço, as quais não alcançam a magistratura. Aliás, nunca é demais lembrar que os poderes constituídos são independentes e harmônicos entre si, cada qual com responsabilidades na gestão orçamentária em busca de suas metas e objetivos. A crise econômica afeta a todos indistintamente e exige adequações dentro dos princípios da legalidade. No Poder Judiciário de Santa Catarina, por exemplo, procedemos contingenciamento orçamentário da ordem de quase R$ 100 milhões em 2015, sem contudo malferir direitos."

Aderson Flores, Ministério Público junto ao Tribunal de Contas de Santa Catarina (MPTC-SC)

"
Defendo que o auxílio-moradia deva respeitar a ideia que originou sua criação, na lei orgânica da magistratura e no estatuto do Ministério Público. Conforme essas leis, é uma verba indenizatória devida apenas a juízes e promotores públicos. Em razão da carreira desses agentes públicos não se dar em um único lugar, havendo a possibilidade de remoção/promoção para diversos municípios do estado, apenas neste caso parece pertinente que as despesas com moradia sejam indenizadas pelo poder público. Nessa hipótese, a questão econômica não deve se sobrepor à questão legal. De outro lado, houve expansão na interpretação dos beneficiários do auxílio-moradia, provocada por leis que vinculam a remuneração de determinados agentes públicos às carreiras do Judiciário e do Ministério Público. A título de exemplo, cito a Lei Estadual nº 15.939/2012,1, que define, no âmbito do Estado de Santa Catarina, o valor e as condições para a percepção do auxílio-moradia a uma série de agentes públicos."

Gelson Merisio, presidente da Alesc

"No ano passado, na Assembleia Legislativa, fizemos economia de R$ 100 milhões e aplicamos o recurso em banco. Justamente para garantir apoio ao Governo em 2016 em situações emergenciais. Desde 2011, a Alesc vem devolvendo recursos aos cofres do governo. Mas, além disso, acredito que não seja só o momento de crise econômica que nos obrigue a apertar o cinto e fazer mudanças, mas também o modelo de estado pesado, caro e antigo que ainda estamos usando. Hoje, temos uma estrutura administrativa muito grande, inchada, que acaba, sim, comprometendo investimentos nas atividades fim, como saúde, educação e segurança. E as mudanças precisam ser profundas e efetivas. Por exemplo: se a lei que prevê o auxílio-moradia for extinta e ele não mais for pago, o recurso não retorna necessariamente para o governo. Vai acabar ficando nos poderes porque o Executivo faz um repasse fixo para cada um deles. E este é o ponto, o debate tem que ser na origem do problema e precisa ser feito. De uma forma geral, há muita gordura pra cortar."

Fábio de Souza Trajano, subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais do Ministério Público (MPSC)
"Cumprimos o que rege a lei e seguimos a decisão do Conselho Nacional do Ministério Público (resolução nº 117, de 7 de outubro de 2014). Cabe-nos respeitar as determinações legais."

Luiz Roberto Herbst, presidente do Tribunal de Contas de Santa Catarina

"Houve uma ampliação exacerbada do sentido e do objetivo originais do auxílio-moradia. Porém, atualmente, não é possível qualquer correção de forma isolada para um órgão ou para um determinado cargo. Isto dependeria de um ajuste geral, abrangendo categorias das administrações estaduais e federal.

Projeto prevê que mais ricos paguem para frequentar universidade pública

Projeto prevê que mais ricos paguem para frequentar universidade pública Tadeu Vilani/Agencia RBS

Nos Estados Unidos, não é incomum que bebês de classe média já nasçam com uma conta poupança reservada para os gastos com Ensino Superior no futuro. Depois de formados, a realidade para muitos é enfrentar grandes dívidas estudantis. Ainda que as anuidades sejam inferiores às de universidades privadas, as faculdades públicas no país são pagas. Quem não for contemplado com uma bolsa tira do próprio bolso para cursar a graduação.

No Brasil, ricos e pobres podem conquistar um diploma universitário sem pagar mensalidade. O caminho? Estudar bastante para ficar entre os mais bem colocados em concorridos vestibulares para as universidades públicas. Em tese, é um modelo mais igualitário. Mas as estatísticas comprovam que o acesso não é tão universal.

Em 2004, segundo dados do IBGE, os estudantes que pertenciam aos 20% da população com os maiores rendimentos familiares representavam 54,5% do total de alunos no Ensino Superior público. Os 20% dos brasileiros com menor renda familiar representavam apenas 1,2% de universitários.

Políticas públicas — como as de cotas e as de financiamento — e a ascensão da classe C (jovens que antes precisavam trabalhar exclusivamente para ajudar no sustento da casa puderam se dedicar aos estudos) reduziram a discrepância. Em 2014, os mais ricos eram 36,4%, e os mais pobres, 7,6%.

Ainda que os dados mostrem um avanço na democratização, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) acredita que o abismo entre os mais pobres e os mais ricos no Ensino Superior pode diminuir se os mais privilegiados passarem a pagar pelos estudos. Esse foi o motivo para apresentar o projeto de lei 782/2015 em dezembro. Crivella propõe que estudantes com renda familiar superior a 30 salários mínimos (R$ 26,4 mil) paguem uma anuidade para frequentar universidades públicas. O valor da cobrança, conforme consta no texto do projeto, seria calculado com base nos custos por aluno em cada curso. “A maior parte das vagas nas instituições públicas é ocupada por estudantes que poderiam pagar, com maior ou menor sacrifício, os seus cursos nas universidades privadas, impedindo, indiretamente, que tais vagas sejam oferecidas a estudantes reconhecidamente carentes dos recursos necessários, muitas vezes até, para pagar as próprias taxas dos exames vestibulares”, justifica o senador no projeto de lei.

Crivella argumenta que uma mudança na lei também arrecadaria mais fundos para as instituições que, segundo o senador, “andam à míngua de recursos”. Por e-mail, via assessoria de imprensa, o senador diz que o sistema de cotas é adequado, mas sua proposta não é excludente. E questiona: “De que adianta para um aluno que pode pagar ter a universidade gratuita, mas sem estrutura por dispor de poucos recursos?”.

A proposta não agrada Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que agrega uma rede de grupos e entidades. Ele cita os recentes debates sobre o tema no Chile e nos EUA como exemplos de um movimento que caminha no sentido contrário. No país sul-americano, acaba de entrar em vigor a lei do ensino universitário gratuito, aprovada em dezembro de 2015. Nos EUA, uma geração de endividados está no cerne da discussão sobre o quão justo seria o sistema vigente. O valor total da dívida estudantil no país já ultrapassa US$ 1,3 trilhão. De acordo com The Institute For College Access and Success, uma ONG que trabalha para tornar a educação superior no país mais acessível, em 2014, 69% dos estudantes que se formaram em universidades públicas ou sem fins lucrativos saíam com algum tipo de endividamento. A média por aluno era de US$ 28.950, o equivalente a mais de R$ 117 mil.

Para Daniel, implementar uma forma de cobrança de mensalidade ou matrícula para os mais ricos, por meio de mudança na lei, abriria fortes precedentes para uma diminuição do limite estabelecido conforme a renda familiar no futuro.

— A chance desse patamar descer para as classes mais baixas é grande. Você abre uma porteira para uma visão equivocada de como deve ser a universidade. A curto prazo, se criaria outro tipo de estudante: o que acha que tem mais direitos
porque paga — avalia.

À frente da entidade cuja bandeira principal para democratizar o ensino superior é a criação de políticas afirmativas, Daniel defende uma reforma tributária, investimentos na educação básica e assistência aos universitários carentes durante os estudos.

— A desigualdade nas universidades é um sintoma, não uma causa. O Brasil é desigual — pondera.

Maria Beatriz Luce, professora titular de política e administração da educação na UFRGS, defende a mesma bandeira. Ela, que já foi conselheira por dois mandatos do Conselho Nacional de Educação (CNE), nas câmaras de Educação Básica e Superior, enxerga um progresso anual.

— No atual momento histórico, o Ensino Superior público gratuito é essencial para a democracia no Brasil. As universidades não podem ser excludentes, nem para os mais pobres nem para os mais ricos. Além da produção de conhecimento científico, as instituições têm função de formação do cidadão — afirma Maria Beatriz.

Economistas enxergam benefícios na cobrança
Se um estudante pudesse escolher entre duas universidades de qualidade equivalente e uma fosse gratuita e a outra não, qual ele escolheria? A pergunta foi tema de artigo publicado em 2012 na Revista Brasileira de Economia por dois pesquisadores, Eduardo Azevedo, professor de economia na Wharton School of Business, e Pablo Salgado, doutor em Economia pela PUCRJ. Para eles, instituir uma cobrança para os mais ricos nas universidades públicas otimizaria os recursos investidos na área. Azevedo analisa:

Ser admitido em uma universidade pública é uma espécie de prêmio do Estado. Mas se usa mal as poucas vagas da instituição. Quando você dá esse prêmio, a sociedade está pagando para uma pessoa que tem dinheiro para estudar, sendo que, se ela tivesse de pagar em ambas, talvez pudesse escolher a particular, abrindo vagas na pública. Não é incomum os pais mais ricos darem um carro para o filho que passa no vestibular. É uma prática cultural no Brasil. Comprar um carro, no fim das contas, é mais barato do que pagar por uma universidade privada.

O economista avalia que, desse modo, a distribuição de renda se torna desigual, já que os impostos, pagos por todos, auxiliam uma parte da população que não precisaria do custeio do governo para estudar.

— Quando você aumenta impostos para dar esse dinheiro para a parcela mais rica, a eficiência da economia diminui — acrescenta.

Gustavo Ioschpe, autor do livro A Ignorância Custa um Mundo — O Valor da Educação no Desenvolvimento, defende que as universidades públicas expandam o número de alunos matriculados e cobrem mensalidades. O economista sugere um modelo em que a pesquisa seja uma responsabilidade do Estado, financiada por instituições como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), enquanto o ensino deveria ser pago por quem poderia arcar com custos.

— Na parte de graduação, uma alternativa seria cobrar mensalidade e usar esse dinheiro para pagar os salários dos professores e a estrutura. Quem não puder pagar, pode provar com declaração do Imposto de Renda. A isenção deveria ser gradativa, até chegar naqueles que, na verdade, precisam até mesmo de uma ajuda de custo para se manter estudando. Estamos perdendo gente que poderia estar na universidade, mas não pode se sustentar. O sistema deveria dar financiamento para quem precisa — defende.

Ele ressalta que, nas faculdades onde há mais expectativa de ganhos salariais no mercado, a concentração de alunos de alta renda é ainda maior. No curso de Medicina da USP, por exemplo, segundo dados da Fuvest, dos alunos matriculados no curso em 2015, 22,7% declaram renda familiar mensal superior a 20 salários mínimos. A proporção dos alunos com renda entre um e três salários mínimos não chega a 8% do total. Ioschpe afirma:

— Dizer que as vagas estão disponíveis para todos independentemente de classe é um engano. Entra quem tem condições de bancar uma escola particular ou um cursinho. A participação dos alunos pobres nas universidades públicas é normalmente relegada a cursos de baixa remuneração.

Há excesso numa ponta e falta na outra

A comparação entre as informações de renda dos 5.457 candidatos aprovados no vestibular da UFRGS de 2014 e os dados da Pesquisa Anual por Amostra de Domicílios (Pnad) do mesmo ano evidenciam a desigualdade no acesso ao Ensino Superior:
- Na UFRGS, 8,65% dos calouros declararam renda familiar superior a 20 salários mínimos (hoje, R$ 17,6 mil). No Brasil e na Região Sul, só 2,1% das famílias recebiam o equivalente.
- 22,7% dos aprovados eram de famílias com rendimentos de pelo menos 10 salários mínimos (R$ 8,8 mil). No Brasil, apenas 7,5% dos domicílios tinham rendimentos maiores (o percentual sobe para 9,2% na Região Sul).
- 45,9% dos novos alunos vinham de famílias com renda acima de cinco salários mínimos (R$ 4,4 mil). No Brasil, somente 22,9% dos lares ganhavam mais do que cinco mínimos. Na Região Sul, eram 30%.
- 26,4% dos calouros tinham renda familiar de até três salários mínimos (R$ 2.640). No Brasil, 52,3% dos domicílios recebiam até três salários mínimos. Na Região Sul, o percentual era de 41,3%.

As informações foram analisadas pelo professor de Economia da Universidade Federal de Pelotas Felipe Garcia, pesquisador de políticas públicas de educação, saúde e mercado de trabalho.

— Há sobre-representação dos ricos, enquanto os pobres estão sub-representados. Vale dizer que isso ocorre a despeito das políticas de cotas para o ingresso — comenta Garcia, para quem os dados suscitam diversas questões para a criação de políticas públicas de educação e de combate às desigualdades. — As respostas não são óbvias.

Garcia sustenta que, se o desejo das universidades é gerar pesquisa em conhecimento, o que pode acarretar em progresso tecnológico e crescimento econômico a longo prazo, não importaria o perfil socioeconômico dos estudantes, apenas que os melhores fossem selecionados. Mas se a promoção de oportunidades e suavização da pobreza forem prioridades, o processo de seleção de novos alunos deve ser reconsiderado

Saiba como conseguir remédios gratuitos ou com desconto

Saiba como conseguir remédios gratuitos ou com desconto Juan Barbosa/Agencia RBS

Em época de crise econômica e inflação batendo recordes, é bom saber: existem maneiras de adquirir um medicamento sem precisar pagar nada ou então com o preço bastante reduzido.

Para garantir à população o acesso a remédios essenciais por um custo bem baixo ou zero, há dois tipos de farmácias: a Básica (pertence à administração de prefeituras) e a Popular (do governo federal).


Para não confundir na hora de procurar o seu medicamento, é preciso conhecer as diferenças entre os sistemas públicos. Fique sabendo!

Farmácia Básica

- Pertence ao Sistema Único de Saúde (Sus) e fornece os medicamentos básicos de graça.
- A Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre administra dez Farmácias Distritais, que oferecem remédios da lista básica, definida na Relação Municipal de Medicamentos. Nesses locais, são fornecidos, inclusive, medicamentos de controle especial, pertencentes aos protocolos ou que possuam alguma especificidade. A lista de medicamentos oferecidos é diferente em cada município, observando as características da população.
- Os remédios das farmácias básicas são utilizados para doenças básicas, como hipertensão, diabetes, analgésicos, antibióticos para infecções comuns, medicamentos contraceptivos, hipertireoidismo e anemia, entre outros.
- Atende exclusivamente pessoas cadastradas junto ao Sus.
- A receita não precisa ter carimbo do Sus.
- Além das Farmácias Distritais, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e as Unidades de Saúde da Família (USF) possuem dispensadores de remédios. Porém, os medicamentos controlados ou que detenham especificidades não fazem parte dos estoques dessas unidades.


Como retirar os remédios
 
- A distribuição dos remédios receitados em consultas pelo Sus é gratuita, tanto nas Farmácias Distritais quanto nas UBSs e USFs.
- Para adquirir um medicamento, é necessário ir à farmácia com a receita válida e uma cópia da receita (caso o médico não tenha fornecido duas vias, faça uma cópia). A receita precisa ter o nome do paciente e a assinatura do médico.
- É preciso ter documentação com foto e CPF. Se um terceiro for buscar o medicamento, é preciso levar a identidade de quem precisa do remédio e também seu próprio documento de identificação.
- Leve a carteirinha do Sus.


Farmácia Popular do Brasil

- Permite aos usuários das redes de saúde pública e privada a aquisição de remédios para as doenças mais comuns, entre elas controle da hipertensão, diabetes e asma.
- Alguns medicamentos são entregues de graça. Outros podem ser vendidos com até 90% de redução de preço.
- O programa envolve unidades próprias da Farmácia Popular e de parceiros.
- O sistema oferece 112 medicamentos  e, para ter acesso a eles, basta apresentar a receita médica, que tenha validade de 120 dias a partir da emissão, em casos de medicamentos ou fraldas geriátricas, e um ano para anticoncepcionais.

veja quais são AQUI

- Para retirar, pode ir à Rede Própria, que são unidades físicas da Farmácia Popular que funcionam em parceria com prefeituras municipais e governos estaduais.

- Outra opção é buscar qualquer drogaria com a marca "Aqui tem Farmácia Popular", estabelecimentos comerciais privados credenciados no programa. A lista de itens oferecidos é diferente. Veja aqui os medicamentos disponiblizados para o tratamento de hipertensão, diabetes, asma, rinite, dislipidemia, doença de Parkinson, osteoporose, glaucoma, além dos contraceptivos e fraldas geriátricas.

Onde pedir
 
- Há unidades físicas em Porto Alegre (Rua Ramiro Barcelos, 2.500, Bairro Santana), Canoas (Rua Guilherme Morsch, s/nº, Centro), Esteio (Avenida Presidente Vargas, 2.504, loja 02, Centro), Sapucaia (Avenida Sapucaia do Sul, 1.214, Centro), São Leopoldo (Rua Saldanha da Gama, 817, Centro e Avenida Integração, 1.008, Feitoria), Novo Hamburgo (Rua Lima e Silva, 421, Centro) e Gravataí (Avenida Dorival de Oliveira, 1.001, Centro)
- Já em drogarias são 357 unidades na Capital. Confira aqui a mais perto da sua casa.

Como obter benefícios

- Leve a receita médica válida - contendo obrigatoriamente carimbo e assinatura do médico, endereço do estabelecimento de saúde, data da prescrição, nome e endereço do paciente - e documento oficial com foto no qual conste o seu número de CPF.
- Após efetuada a venda, serão emitidos dois cupons: Fiscal e Vinculado.
- O Cupom Vinculado deverá ser obrigatoriamente assinado pelo próprio usuário, assim como o endereço deverá ser preenchido no momento da compra. Serão emitidas duas vias (uma ficará com você e outra com a farmácia). Confira os dados registrados no Cupom Vinculado antes de assinar. Este será seu controle para adquirir novos medicamentos.
- Além disso, o estabelecimento irá tirar uma cópia da receita médica para deixar armazenado junto aos cupons.
- Atenção: a receita original não pode ser deixada na farmácia, apenas a cópia.

Farmácia Popular: receitas ganham dois meses a mais de validade

Farmácia Popular: receitas ganham dois meses a mais de validade Luiz Armando Vaz/Agencia RBS

Formulário passará a valer por 180 dias para os medicamentos que fazem parte do programa do governo federal

 Um mês antes de vencer a receita dos medicamentos que o segurança aposentado Elídio Antônio Brum Vianna, 63 anos, faz uso continuamente, ele vai ao posto de saúde da Vila Vargas, no Bairro Partenon, na Capital, onde mora, para marcar uma consulta com o médico. 

É que, a cada quatro meses, a receita precisa ser renovada para que ele consiga retirar medicamentos no programa Farmácia Popular do Brasil, que oferece remédios gratuitos ou com desconto de até 90% nas redes privadas credenciadas ou em unidades próprias do governo federal.
A partir do dia 12, no entanto, a visita ao médico demorará um pouco mais a chegar. Isso porque haverá uma mudança no programa: a prescrição passará a ter o prazo de validade estendido de quatro para seis meses.

– Eu pego um remédio para hipertensão, um diurético e AAS desde 2009. Quando não tem no posto de saúde, procuro na Farmácia Popular. Não posso ficar sem eles, então, tenho que correr atrás – explica Elídio.
As novas regras do programa foram publicadas na sexta-feira passada, conforme previsto na portaria 111/2016: o novo prazo de validade das prescrições passa de 120 para 180 dias _ exceto para os anticoncepcionais, cuja validade permanece em 365 dias.
Endereço
Também é obrigatório a partir de agora a apresentação de prescrição, laudo ou atestado com a informação de endereço do paciente, conforme previsto na lei 5.991/73, que dispõe sobre o Controle Sanitário do Comércio de Drogas, Medicamentos, Insumos Farmacêuticos e Correlatos.

Pela nova portaria, fica previsto que, além dos médicos, os farmacêuticos também podem preencher as informações do endereço do usuário.

Protesto de aeroviários e aeronautas afeta voos no Salgado Filho

Protesto de aeroviários e aeronautas afeta voos no Salgado Filho  Ronaldo Bernardi/Agencia RBS

Uma greve nacional de trabalhadores do setor aéreo paralisa 12 aeroportos do país na manhã desta quarta-feira. Em Porto Alegre, o Salgado Filho está com pousos e decolagens suspensos desde às 6h. A previsão é que voltem a operar a partir das 8h. A greve afeta ao menos 14 vôos na Capital, segundo a Infraero.

Das 13 partidas programadas, duas foram canceladas e nove sofrem atraso. Das nove chegadas previstas para o horário entre 6h e 8h, duas também foram canceladas. No saguão do aeroporto, centenas de funcionários se reúnem desde às 5h carregando cartazes que pedem reajuste salarial.
A greve inclui os aeroviários, cujas atividades incluem check-in e despacho de bagagens, e os aeronautas, cuja categoria abrange pilotos e comissários de bordo. Para Tiago Rosa, diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas, a principal reivindicação é por um aumento de 11%:
— Queremos o mínimo, que é a reposição da inflação. Estamos há mais de um ano sem reajuste. Pedimos desculpa para a população pela paralisação, mas precisamos fazer isso para exigir pelo menos um aumento que deveria ser automático.
O Sindicato Nacional das Empresa Aeroviárias, por meio da assessoria de imprensa, informou em nota que seis propostas já foram apresentadas, mas todas foram recusadas. Além disso, a patronal afirma que, ao longo dos últimos 10 anos, sempre foi concedido à categoria um reajuste acima da inflação apurada.

Conforme Leonel Montezana, presidente do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre, nenhuma proposta oferecida pela patronal foi favorável à categoria:
— Estamos tentando negociar há tempo, e até agora nenhuma proposta foi favorável. Nossa ideia é realizar manifestações pacíficas para tentar fechar um acordo com a patronal.
Por volta das 9h30min, a categoria deve se reunir em assembleia para decidir os rumos da greve. Segundo Tiago Rosa, existe a possibilidade de novas paralisações nos próximos dias.
Além do Salgado Filho, os aeroportos de Florianópolis, Curitiba, Brasília, Salvador, Fortaleza, Recife, Campinas, o Galeão e o Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e Congonhas e Guarulhos, em São Paulo, estão sem operação entre 6h e 8h.
Por causa da manifestação dos aeroviários e aeronauta s empresas aéreas orientam passageiros a remarcarem vôos. Entretanto, quem chega ao terminal tem sido autorizado a realizar o check-in, mesmo sem garantia do horário em que o voo sairá.

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