Uma guerra que
começou ainda no século passado teve agora uma das suas batalhas
decisivas. Nesta etapa, Cuba levou vantagem sobre os EUA na "guerra do
rum".
Na
quarta-feira da semana passada, o serviço de Patentes e Marcas dos
Estados Unidos (USTPO) concedeu a Havana o direito temporário sobre a
marca de rum Bacardi, mundialmente conhecida.
Foi a notícia do final de semana, mas com larga previsão. Os direitos
renovados pela estatal cubana Cubaexport valem até 27 de janeiro, ou
seja, para um pouco menos de duas semanas. Já a empresa, apoiada pelas
autoridades, pretende ampliar a permissão para pelo menos duas dezenas
de anos — até 2026.
Citado pelo site chileno T13,
Olivier Cavil, porta-voz da francesa Pernod Ricard, disse o seguinte:
"Não sabemos quando a decisão a respeito desta renovação 2016-2026 será
concedida".
A produtora francesa de bebidas alcoólicas Pernod Ricard é sócia de
uma outra cubana desde 1993. Segundo os dados oficiais, relatados pelo
site, em 2015 esta empresa mista distribuiu mais de 4,5 milhões de
caixas do rum Havana Club de nove litros para mais de 125 países.
Através do seu site, a Pernod Ricard divulgou uma carta confirmando oficialmente a obtenção da renovação dos direitos.
A Bacardi, de origem cubana, mas com sede nas Bermudas, produz o seu
rum homônimo — Havana Club — em Porto Rico. Em um comunicado divulgado
no sábado (16), a empresa, cujo mercado principal são os Estados Unidos,
pretende defender os seus "legítimos direitos" à marca Havana Club.
Mesmo ficando longe de Havana.
As partes estão aguardando a deliberação do Tribunal Distrital de
Columbia (EUA). A decisão do tribunal irá atribuir o Havana Club ou à
empresa situada em Porto Rico (território associado dos EUA), ou a Cuba.
A Cubaexport obteve a marca em 1976, nos EUA. Porém, as leis do
embargo, vigentes desde 1962, impediam a parte cubana de renovar os
direitos ao seu produto, dando origem à "guerra do rum". Até a
Organização Mundial do Comércio (OMC) chegou a arremeter-se contra os
EUA neste assunto, considerando, em 2012, como discriminatória uma
decisão legal de Washington datada ainda de 1992 que proibia reconhecer
as marcas retidas pelo governo cubano.