o Cardeal Arcebispo
do Rio de Janeiro afirma que “essa visita do Patriarca Kirill à América
Latina é sinal de boa vontade e de aproximação, já que a América Latina é
o grande continente católico do mundo, e a presença do Patriarca Kirill
aqui vem trazer laços de amizade e de fraternidade”.
O líder da Igreja Ortodoxa Russa, Kirill, Patriarca de Moscou e de
Toda a Rússia, chega ao Brasil na sexta-feira, 19, para uma visita de
três dias ao país. A primeira etapa da viagem será em Brasília. No
sábado, 20, o Patriarca estará no Rio de Janeiro, e, no domingo, 21, em
São Paulo.
No Rio de Janeiro, Kirill cumprirá extensa programação, desde a
celebração de atos religiosos junto ao Monumento do Cristo Redentor, no
Corcovado, até uma visita à Paróquia de Santa Zenaide, em Santa Teresa,
na qual se congregam os fiéis da Igreja Ortodoxa Russa.
Sobre a presença do Patriarca Kirill no Brasil e, particularmente, no
Rio de Janeiro, Sputnik conversou com o Cardeal Arcebispo do Rio, Dom
Orani Tempesta, que estará presente às celebrações de Kirill no Cristo
Redentor.
Além de desejar uma feliz estada ao Patriarca Kirill, Dom Orani
ressaltou a importância dessa visita, afirmando que ela aproxima ainda
mais os fiéis das Igrejas Católica Apostólica Romana e Ortodoxa Russa e,
de uma forma mais ampla, os povos do Brasil e da Rússia.
A seguir, a entrevista com o Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro.
Dom Orani Tempesta: Devemos agradecer a Deus por esta oportunidade de
poder falar e também transmitir a nossa alegria em receber aqui no Rio
de Janeiro o Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Patriarca Kirill, e
assim também poder acolhê-lo como cristão católico, na fraternidade,
como irmãos que se unem, para causas comuns, para preocupação do bem
comum do nosso planeta.
S: É a primeira visita do Patriarca Kirill ao Rio de Janeiro.
Entretanto, como Metropolita, ele já esteve outras vezes no Rio de
Janeiro. Que importância o senhor atribui a esta visita?
OT: Eu creio que é uma visita muito importante. Afinal de contas, o
Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa é uma pessoa importante dentro da
ortodoxia, e após o encontro que ele teve com o Papa Francisco em
Havana, Cuba, esta visita se tornou ainda mais importante, porque é uma
continuação desse relacionamento fraterno entre os católicos e os
ortodoxos russos, sabendo que cremos no mesmo Cristo, buscamos o mesmo
Deus e, ao mesmo tempo, temos histórias em comum durante mais de mil
anos. E esperamos que, passado tanto tempo, muita coisa, cada um
permanecendo dentro da sua realidade, realizando a sua caminhada
histórica, também possamos vislumbrar caminhos comuns para nós nos
tempos atuais. A Arquidiocese do Rio de Janeiro recebe com muita alegria
e com muita dignidade o Patriarca Kirill.
S: O Patriarca Kirill estará no Rio de Janeiro no sábado, e o
ponto alto dessa visita será a ida do Patriarca ao monumento ao Cristo
Redentor, no Corcovado. O senhor estará presente às celebrações?
OT: Sim, eu creio que o principal momento da vinda do Patriarca
Kirill ao Rio de Janeiro será sua oração aos pés do monumento ao Cristo
Redentor. É um desejo do Patriarca poder visitar este local que é
símbolo do Brasil, poder ver essa presença e essa oração. Eu creio que o
Cristo de braços abertos bem representa o acolhimento ao Patriarca e,
ao mesmo tempo no alto do Corcovado, a nossa oração para que haja paz em
nossa sociedade, em nosso mundo. E eu estarei, se Deus quiser,
presente, acolhendo o Patriarca no patamar do Redentor, mesmo porque ali
é um santuário da Igreja Católica, santuário arquidiocesano, e queremos
acolhê-lo como um irmão que chega para rezar e ali fazermos orações
juntos.
S: Em nossa entrevista anterior nós perguntamos ao senhor
quando poderia acontecer a reaproximação entre as Igrejas Católica
Apostólica Romana e Ortodoxa Russa, e o senhor nos disse que ela
aconteceria em menos tempo do que se imaginava. Então, está aí
comprovado o que o senhor nos disse há menos de dois anos.
OT: Realmente, eu creio que os passos vão ficando maduros. E ao mesmo
tempo que nós vamos vendo a necessidade de os cristãos se aproximarem,
respeitando a identidade, a tradição e a história de cada um, é uma
oportunidade também de ver que nós podemos estar juntos em tantos
aspectos importantes para a sociedade. Eu creio que essa visita do
Patriarca Kirill à América Latina é sinal de boa vontade, de
aproximação, já que a América Latina é o grande continente católico do
mundo, e a presença do Patriarca Kirill aqui vem trazer esses laços de
amizade e de fraternidade.