A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa na reunião do Conselhão
- ANDRE COELHO
O ministro da Fazenda Nelson Barbosa anunciou nesta quinta-feira, na reunião no Conselhão,
medidas de incentivo ao crédito que somam R$ 83 bilhões. Barbosa
defendeu as medidas e afirmou que elas não vão prejudicar o combate à
inflação. Segundo ele, a alta dos preços no país neste momento se deve a
um choque de oferta que está sendo combatido pelo Banco Central com os
instrumentos certos.
Barbosa acrescentou ainda que as ações envolvem recursos que
já estão disponíveis na economia. O dinheiro que vai reforçar as linhas
de financiamento vem principalmente do pagamento das pedaladas fiscais
(atrasos nos repasses de recursos do Tesouro para bancos e o FGTS), que
foram quitadas no final do ano passado.
— As medidas não colocam em risco o combate à inflação. São
recursos que já existem na economia. Já estão no FGTS e nos bancos
públicos. Hoje, temos uma inflação elevada por choques de oferta e que
está sendo combatida com os instrumentos certos pelo BC — disse o
ministro, acrescentando:
— Temos que recuperar a economia rapidamente e o desafio imediato é
normalizar o estoque de crédito no país. Temos que usar melhor os
recursos que já estão disponíveis para usar melhor a liquidez que já
existe no sistema bancário.
O ministro afirmou ainda que o governo vê uma demanda por crédito nos
segmentos que quer estimular. Segundo ele, há apetite por crédito
habitacional, por capital de giro e por linhas para o comércio exterior.
Barbosa disse que o uso dos recursos do FGTS como garantia no crédito
consignado é um direito que deve ser exercido pelo trabalhador. Segundo
ele, como esses recursos já existem, a medida vai assegurar maior
eficiência ao sistema financeiro. “É boa para a economia”, observou.
O ministro informou que serão tomadas precauções para que a medida
não gere superendividanento das famílias e lembrou que a legislação
brasileira é “prudencial”, com travas para evitar que um mesmo salário
seja dado em mais garantias de financiamento. Ele destacou que a medida
ainda precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional e regulamentada pelo
Conselho Curador. Assim, que a medida for detalhada, disse o ministro,
as pessoas terão condições de manifestar sobre ela.
Estamos fazendo um aperfeiçoamento das regras existentes para que o
tralhador possa se beneficiar dos seus direitos no FGTS recursos — disse
o ministro.
A projeção do governo de que a medida poderá ampliar o crédito aos
trabalhadores do setor privado em até R$ 17 bilhões tem como base os
recursos existentes, caso 10% deles sejam oferecidos como garantia. O
ministro afirmou, no entanto, que é preciso aguardar para verificar o
impacto dessa medida na economia.