sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Desemprego fecha 2015 em 6,8%, maior desde 2009



 A taxa de desemprego medida pelo IBGE nas seis maiores regiões metropolitanas do país (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre) terminou o ano passado em 6,8%, no maior nível desde 2009, logo após a crise financeira internacional. Em 2014, ela havia sido de 4,8%, a mais baixa de toda a série histórica, iniciada em 2002. Esse aumento de dois pontos percentuais na taxa média de desemprego do ano é o maior de toda a série anual da pesquisa, iniciada em 2002, e interrompeu a trajetória de queda que ocorria desde 2010. A taxa de dezembro ficou em 6,9%, frente aos 7,5% registrados no mês anterior e os 4,3% de dezembro de 2014. Esta é a maior taxa para o mês desde 2007. Os dados captados pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) refletem os efeitos do baixo crescimento da economia no mercado de trabalho.
- O que chama atenção em 2015 é quando se compara os números com os do ano anterior. O processo de dispensa em atividades importantes como indústria, comércio e serviços acarretou uma série de perdas com relação a rendimento, a carteira assinada e causou um grande aumento da procura por trabalho. Essa procura se deu não só por quem perdeu o emprego, mas por pessoas que estavam afastadas e, por conta da perda de emprego por outro membro da família, também foram procurar e passaram a exercer essa pressão. Isso explica essa elevada taxa de desocupação - explica Adriana Araújo Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
A crise atingiu em cheio a renda do trabalhador brasileiro. Após dez anos de ganhos sucessivos, o rendimento médio caiu 3,7% em relação a 2014, para R$ 2.265,09. A última queda tinha sido em 2004. Todas as regiões tiveram perda, com destaque para Belo Horizonte (-4,6%), Rio (-4%) e São Paulo (-4%). A média anual da massa de rendimento mensal habitual para 2015 foi estimada em R$ 53,6 bilhões, apresentando a primeira retração anual da série (-5,3%).
- A queda pela primeira vez em dez a anos no rendimento médio real pode ser explicada pela forte demissão ocorrida na indústria, que tem os mais altos salários, puxando a média para baixo - diz Adriana.
Já o aumento de dois pontos percentuais na taxa média de desemprego do ano, de 4,8% em 2014 para 6,8% em 2015, é o maior de toda a série anual da pesquisa, iniciada em 2002, e interrompeu a trajetória de queda que ocorria desde 2010. Ao mesmo tempo, o desemprego manteve a tendência de redução na passagem entre novembro e dezembro, por causa da menor procura por emprego durante as festas de fim de ano.
- Nas duas últimas semanas de dezembro, temos queda acentuada na procura por emprego, fazendo com que o mês seja caracterizado por redução acentuada da população desocupada. Em razão das festas de fim de ano. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, temos o mesmo movimento do restante do ano, que é de queda na ocupação e aumento na desocupação. E também nas duas comparações temos crescimento da inatividade, o que contribuiu para a taxa de dezembro não ser mais alta - comenta a técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
O anúncio da alta do desemprego sai no mesmo dia em que a Fundação Getúlio Vargas divulgou que a inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) acelerou em janeiro para 1,14%, após alta de 0,49% em dezembro.
Em 2015, a média anual da população desocupada foi estimada em 1,7 milhão, contingente 42,5% superior à média de 2014, que foi de 1,2 milhão de pessoas, o que representa o maior crescimento desse grupo na série histórica. Por outro lado, a população ocupada teve uma redução de 400 mil pessoas, ficando em 23,3 milhões, recuando 1,6% em relação a 2014, quando haviam 23,7 milhões de pessoas empregadas. Este é o segundo ano seguido de queda da população ocupada em toda a série.

Arquivo do blog