terça-feira, 17 de maio de 2016

Efeito Temer na economia é paliativo, dizem empresários

Michel Temer (PMDB) O governo provisório de Michel Temer traz uma mudança positiva que pode aliviar a crise econômica. É o que dizem quatro empresários de diferentes setores. Mas eles ressalvam que o efeito dessa mudança será, provavelmente, paliativo. E afirmam que as chances de uma transformação mais profunda na economia brasileira no curto prazo são pequenas.Os quatro expressaram suas opiniões sobre o atual momento político e econômico no debate "Experiência de quem percebeu, na adversidade, oportunidade para crescimento" no evento Hospitalar Feira e Fórum, em São Paulo, nesta terça-feira (17). O debate foi mediado pelo diretor de redação de EXAME, André Lahoz.
Em comum, os empresários acreditam que dificilmente será traçado, em tão pouco tempo, um projeto de país que coloque o Brasil nos eixos – e que, segundo eles, é essencial para que haja um crescimento consistente da economia. Veja o que eles disseram no debate:
Jorge Moll, dono da rede de hospitais D’Or São Luiz e um dos bilionários mais discretos do país, é o mais otimista dos quatro participantes do debate. Ele acredita que o Brasil está vivendo um momento “ímpar de correções”, com oportunidade para levar a cabo reformas importantes, como a da Previdência e a tributária.
“Eu sempre cresci na crise. É na crise que se cresce. Se o governo conseguir passar as reformas, rapidamente o Brasil retoma o crescimento”, afirmou.
Moll admitiu que o momento de crise é pior para as pequenas empresas, que vêm sofrendo bastante. Mas ele afirma que a situação atual abre espaço para empresas mais consolidadas fazerem bons negócios, como a compra de imóveis.
Randal Zanetti, um dos sócios-fundadores da Odontoprev e presidente do grupo Bradesco Seguros, compartilha esse otimismo, afirmando que “o mundo inteiro está desesperado para o Brasil dar certo”.
“Olhando só para os fundamentos econômicos, atingimos o fundo do poço. Portanto, a tendência é de melhora. Os investidores querem trazer recursos para cá. O vento está voltando a soprar.”
Ele ressaltou, no entanto, que, em relação às reformas necessárias, Temer representa um “Band-Aid”, um paliativo. “A questão fundamental é endereçar os problemas estruturais, o que provavelmente só vai ser feito por um governo legitimado nas urnas”, afirmou.
Em relação ao setor de saúde, ele ressaltou as oportunidades e desafios: “O setor tem oportunidades impressionantes para quem quer empreender. Os problemas estruturais que precisam ser solucionados requerem um novo modelo, com inovações disruptivas”.
Walfrido dos Mares Guia, um dos fundadores da rede Pitágoras, que se expandiu para formar a gigante de educação Kroton, justifica a falta de otimismo pela própria experiência política. Ele foi ministro do Turismo no governo Lula.
“Eu participei das tentativas de fazer reforma tributária na época do governo FHC. Ele tinha 400 deputados na base, e mesmo assim o projeto não foi aprovado. No início do governo Lula, o presidente foi ao Congresso, onde também havia 400 deputados na base aliada, junto com 27 governadores e todos os ministros. O texto passou pela Câmara, foi fatiado no Senado e até hoje não andou”, contou o empresário.
“Eu sou otimista. Acredito que a situação vá melhorar. Mas, do jeito que o Congresso está organizado, é muito difícil o Brasil sair, daqui a dois anos, com um projeto de país e as reformas feitas. Nisso eu não acredito”, completou.
Alexandre Accioly, fundador da Accioly Fitness Participações (que opera duas redes de academias de ginástica, Bodytech e Fórmula), prevê turbulência nos próximos meses.
“Nós estávamos com um país totalmente paralisado. Se ocorrerem melhoras, por enquanto, serão paliativas para a situação do país”, afirmou. Ele lembrou que a operação Lava Jato pode se estender, aprofundando as incertezas sobre o país por mais tempo.
Além disso, ressaltou que, nesta vez, o processo de impeachment foi diferente do de Collor: “não podemos esquecer que, no outro lado do Jaburu, está o Planalto. E a vitória da abertura do processo no Senado foi apertada. Se eles conseguirem mais votos, podem reverter essa decisão daqui a quatro, cinco ou seis meses – e voltamos para o antigo governo”.
“Estou com o freio de mão totalmente puxado para investimentos”, disse. “As circunstâncias mudaram. Mas todo o ambiente continua o mesmo”.

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