quarta-feira, 9 de março de 2016

Deputado diz que assinatura não é falsa e emenda: 'Tomo remédio tarja preta'

O deputado federal Vinícius Gurgel (PR-AP)

Dizendo-se em licença médica, o deputado Vinícius Gurgel (PR-AP) compareceu ao final da sessão do Conselho de Ética desta quarta-feira para dar explicações sobre a suspeita de fraude na carta de renúncia apresentada por ele horas antes da votação da abertura de investigação contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na semana passada. Aos deputados, Gurgel disse estar sob tratamento psicológico há três anos, tomar remédio tarja preta e ter ingerido bebida alcoólica antes de assinar a documentação.

Conforme reportagem da Folha de S. Paulo, laudos grafotécnicos apontam que a assinatura que consta no documento é uma falsificação "grosseira" e "primária". A renúncia de Gurgel, que não estava em Brasília no momento da votação de relatório, era necessária para evitar a deliberação de suplente que daria voto contrário ao presidente da Câmara e, assim, permitiria a instauração de investigação contra Eduardo Cunha. No lugar de Gurgel, assumiu o líder do PR, deputado Maurício Quintella (AL), que seguiu posicionamento do correligionário e votou no sentido de salvar Cunha.

"Faço tratamentos psicológicos, tenho problemas de foro pessoal, tomo remédio controlado. Na quinta bebi um pouco antes de viajar. Na sexta assinei esses documentos. Acabei não assinando da maneira que costumo assinar", disse Gurgel. "Não falsifiquei, a assinatura é minha. Queria que pedissem para a Mesa Diretora laudos psicológicos que atestam que eu tenho problemas. Tomo remédio tarja preta que pode alterar minha assinatura", continuou o deputado.


Em uma explicação confusa, Gurgel disse que deixou o documento assinado há semanas, e não na véspera da sessão. Deputados chamam atenção para o fato de que Eduardo Cunha arrastou a sessão do plenário até às 23 horas no dia da votação do conselho, muito embora houvesse pouco mais que uma dezena de parlamentares e nada mais seria deliberado. A suspeita é a de que estava-se usando o tempo para providenciar a assinatura de Gurgel.

Depois do pronunciamento, Gurgel fez uma peregrinação pelo conselho sustentando a versão a deputados que ameaçam se insurgir contra ele com representação no Ministério Público e no próprio conselho por quebra de decoro. Ele chegou a sentar-se ao lado do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), que assina a representação que pode levar Cunha à cassação, para se explicar pessoalmente sobre o caso.

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