terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Para conter queda, gigantes do petróleo congelam nível de produção


 A Arábia Saudita e a Rússia, os dois maiores produtores mundiais de petróleo, concordaram nesta terça-feira em congelar o nível de produção da commodity no nível de janeiro, desde que outros países façam o mesmo. Em reunião, os dois gigantes, juntamente com Qatar e Venezuela, consideraram que manter o patamar produtivo do primeiro mês deste ano é o mais adequado para manter a demanda dos consumidores. O objetivo da medida é conter a derrubada dos preços do barril.

— Com o objetivo de estabilizar os mercados petrolíferos, os quatro países decidiram congelar a produção ao seu nível de janeiro, desde que os outros grandes produtores façam o mesmo — declarou aos jornalistas o ministro Mohammad bin Saleh al-Sada, ministro de Energia do Qatar.

Logo após o anúncio, o barril do Brent, de referência internacional, subia 2,4% em Londres, para US$ 34,20. Antes disso, já havia se valorizado 6,5%.

— Um congelamento não vai gerar uma mudança radical, mas dá uma melhor base para a recuperação dos preços no segundo semestre — afirmou Olivier Jakob, consultor-chefe da Petromatrix. — É a primeira grande decisão de gerenciamento do fornecimento desde novembro de 2014, e mesmo que alguns tentem minimizá-la e dizer que não é um corte, é uma mudança. É uma grande mudança política.

De acordo com a Agência Internacional de Energia, a Arábia Saudita produziu 10,2 milhões de barris por dia em janeiro, abaixo do último pico, de 10,5 milhões, registrado em junho de 2015. A Rússia produziu quase 10,9 milhões de barris diários no mesmo mês, maior patamar na era pós-soviética, de segundo dados oficiais russos.

O Qatar vai monitorar o acordo de congelamento da produção, de acordo com o ministro de Energia do país. Ele destacou que os baixos preços da commodity não têm sido algo positivo para o mundo. A derrubada no valor do barril afetou a economia dos países produtores, forçando-os a cortar gastos, prever aumento do déficit, elevar empréstimos e realizar reformas impopulares.

O ministro do Petróleo da Venezuela, Eulogio Del Pino, visitou os principais países produtores nas últimas semanas, defendendo a ideia de congelamento do nível de produção como uma saída para evitar a queda livre nos preços no barril.

Nos últimos 20 meses, os preços do petróleo caíram mais de 70% frente ao pico registrado em junho de 2014, graças a recordes de produção dos membros da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep), assim como de outros produtores como a Rússia.

Há pouco mais de um ano, a Opep decidiu não cortar a produção para, desta forma, pressionar para cima os preços do barril. A oferta ainda excede a demanda, o que é agravado pelo fato de os estoques mundiais só crescerem, empurrando os preços para baixo. O Goldman Sachs, por exemplo, prevê que o barril possa ser negociado a menos de US$ 20.

O Irã, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), está disposto a discutir um congelamento dos níveis de produção de petróleo uma vez que sua própria produção atinja as taxas pré-sanções, disse nesta terça-feira uma fonte familiarizada com a visão iraniana sobre o assunto, destacando a relutância de Teerã de frear a oferta.

“Nós ainda não chegamos a nossos níveis de produção pré-sanções. Assim, quando chegarmos lá, estaremos num nível de igualdade, aí poderemos conversar”, disse a fonte. “Nossa situação é totalmente diferente da daqueles países que vêm produzindo em grandes volumes nos últimos anos”.

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