O Centro de
Comunicação Social do Exército Brasileiro confirmou nesta quarta-feira,
10, que o lote de mísseis portáteis Igla-S, de fabricação russa,
entregues em 27 de janeiro, será distribuído às unidades da 1ª Brigada
de Artilharia Antiaérea, localizada em Guarujá (SP), subordinada ao
Comando Militar do Sudeste.
Em
resposta à solicitação da Rádio Sputnik, também foi confirmado que já
foram adquiridos modelos em outra oportunidade e que o equipamento
atende às necessidades do Exército Brasileiro. Quanto à compra do
sistema Pantsir S-1, o Ministério da Defesa esclareceu que continuam
as negociações entre Brasil e Rússia.
A compra dos novos Igla-S esteve na pauta da visita que a presidenta
Dilma Rousseff fez a Moscou em dezembro de 2012, que foi seguida por uma
missão de alto nível do comando do Estado-Maior das Forças Armadas
junto às autoridades russas e aos fabricantes do equipamento. A decisão
pela compra foi tomada no ano passado.
Os mísseis Igla-S, considerados de curto alcance, podem ser operados
por um único homem, têm alcance de seis quilômetros, altitude máxima de
3.500 metros, velocidade de duas vezes a do som (cerca de 2.500 km/h) e
peso de apenas 10,6 quilos.
O jornalista especializado em assuntos militares e editor da coluna
Insider, Roberto Lopes, elogia a compra dos Igla-S, afirmando que o
reaparelhamento da defesa aérea é uma das prioridades do Exército
Brasileiro. Segundo ele, o Brasil está comprando diversos sistemas,
entre eles o autopropulsado Guepard de fabricação alemã.
“O problema é que o Exército não possui mísseis
para longa distância. Onde o Exército Brasileiro está mais bem servido,
com o Igla, é justamente na curta distância. Esse equipamento é muito
importante e prioritário, porque vai atender aos projetos de
reorganização da defesa aérea. Prova de que o Igla é muito bem aceito
pelos militares brasileiros é o fato de que ele também está na Força
Aérea para defender suas instalações.”
Embora tenha grande mobilidade operacional, podendo servir em
operações na Amazônia e nas zonas de fronteira, os mísseis Igla-S não se
prestarão, no Brasil, ao abate de aeronaves ligadas ao narcotráfico.
“Não faz parte da doutrina brasileira abater aviões supostamente
pertencentes ao narcotráfico por meio de artilharia antiaérea. A FAB tem
essa autorização, após abordagem e negativa de pouso do avião
contactado.”
Quanto às negociações para compra do sistema Pantsir S-1, o analista
afirma que ele é um passo adiante em termos de defesa antiaérea, embora
seja um equipamento caro para um Exército de poucos recursos como o
brasileiro. Lopes acredita que, por tudo isso, o Brasil deva adquirir
uma pequena quantidade de veículos. Quanto à transferência de
tecnologia, acenada pelo governo e pelo fabricante russos, ela deve ser
limitada à fabricação de apenas alguns componentes. “O importante é que
ele (o sistema) venha e o Exército consiga desenvolver uma doutrina de
emprego.”
O sistema Pantsir S-1 pode operar enquanto protege colunas em
deslocamento, uma vez que os veículos utilizam radares de gestão de tiro
com alcance superior a 30 quilômetros. Em posição defensiva, uma
bateria pode ser instalada em menos de dez minutos.
Os lançadores são controlados por uma unidade de tiro alimentada por
dois radares com alcance superior a 80 quilômetros. O sistema é capaz de
acompanhar 40 alvos e cada lançador pode acoplar quatro alvos por vez,
identificados por laser. Cada lançador dispõe de 12 mísseis, dois
canhões de 30 mm com capacidade para atingir aviões, mísseis de
cruzeiro, munições guiadas, entre outros alvos. O baixo custo e a
simplicidade do míssil é uma das vantagens do sistema, permitindo – ao
contrário dos concorrentes ocidentais – armazenamento por longos
períodos sem cuidados especiais.