segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Morales culpa redes sociais e diz que respeitará derrota em referendo


 

Enquanto os resultados iniciais indicam que o presidente boliviano, Evo Morales, perdeu o referendo que poderia lhe permitir concorrer ao seu quarto mandato consecutivo, o mandatário afirmou que convocará autoridades opositoras para trabalhar nos próximos meses. Segundo Morales, o resultado oficial da votação realizada no domingo será respeitado pelo governo. O chefe do governo ressalvou, no entanto, que é necessário aguardar o fim da apuração, sobretudo nas áreas rurais do país.

 Vamos esperar pacientemente o resultado final do tribunal eleitoral, somos otimistas — disse o presidente em entrevista coletiva desta segunda-feira.

ADVERTISEMENT

De acordo com o boletim parcial do Tribunal Superior Eleitoral, com 82% dos votos apurados, 54,2% dos cidadãos votaram contra a possibilidade de Morales ficar no governo até 2025, enquanto 45,8% foram a favor da mudança constitucional.

O presidente escolheu um alvo após a derrota no referendo: as redes sociais. Em coletiva, afirmou que seria necessário debater o papel delas. A opoição fez amplo uso de mídias como Facebook e Twitter para rechaçar a proposta de extensão do mandato.

 Em alguns países, a má informação derruba governos e prejudica a nação — criticou. — Sinto muito que os que usam as redes sociais com mentiras estejam fazendo os valores das novas gerações se perderem.

 As pesquisas de boca de urna já indicavam a rejeição dos bolivianos ao quarto mandato consecutivo do mandatário. Segundo levantamento do instituto Ipsos, 52,3% dos eleitores teriam votado pelo "não" e 47,7% pelo "sim". A diferença era menor ainda segundo o instituto Mori, 51% contra 49%.

Líderes da oposição já celebravam a vitória do "não", embora o resultado final não tenha sido divulgado. O ex-candidato presidencial Samuel Doria Medina afirmou que o oficialismo sofreu uma derrota e assegurou que o voto derruba a ideia de um partido único hegemônico.

Uma vitória permitiria a Morales se candidatar em 2019 e assim promovendo uma possível reforma na Constituição da Bolívia. Eleito em 2006, ele está há dez anos na Presidência, e esta é sua primeira grande derrota.

Enquanto as cidades mostraram apoio ao "não", as áreas rurais da Bolívia permaneceram fiéis à Morales, concluiu o levantamento do instituto Mori. Os dados divulgados pela pesquisa aponta o "sim" perdeu em todas as capitais do país. Uma das derrotas mais marcantes foi em Potosí, onde o presidente só conseguiu 14% dos votos - em 2005, a região foi onde ele teve sua maior porcentagem de voto.

A única cidade importante onde o presidente conquistou uma vitória foi em El Alto. A pesquisa também mostra que seis dos nove departamentos do país votaram contra as mudanças constitucionais.

No campo, Evo Morales conseguiu manter sua hegemonia, com 65% de apoio, frente a 35% de rejeição. Mas o cenário representa uma perda em relação a votação de 2014.

 

As urnas foram fechadas na maioria do país às 17h (18h no Brasil). O resultado final poderá levar 48 horas para ser conhecido. Segundo o órgão eleitoral, a participação foi maciça, chegando a 80%. Foram autorizadas a votar 6,2 milhões de pessoas dentro da Bolívia, e 258 mil cidadãos bolivianos no exterior. O departamento tem o maior número de eleitores é a capital, La Paz, com 1,7 milhão.

O principal incidente no domingo foi registrado em uma escola em Santa Cruz. A falta de atas de registro atrasou a votação, e eleitores revoltados colocaram fogo nas cédulas. Segundo a emissora de TV Unitel, estas seções deverão repetir a votação em 6 de março. Em outros locais, a falta de material fez com que as seções só fossem abertas ao meio-dia, prolongando a votação até as 20h (21h no Brasil).


Arquivo do blog