segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

João Santana é investigado também por campanha de Haddad


 O publicitário João Santana é investigado também pela Polícia Federal em São Paulo por suspeita de ter recebido pagamentos da Odebrecht em Angola para fazer campanha para o atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. A informação consta de relatório sobre as ligações entre o publicitário e a Odebrecht assinado pelo delegado da PF Filipe Pace.

O documento mostra proximidade entre o executivo da Odebrecht Jarbas Miranda de Sant'Anna com o publicitário, a quem chama de "amigo". Numa troca de mensagem entre os dois, o executivo da Odebrecht também se refere ao vice-presidente de Angola, Manuel Domingos Vicente, como “nosso amigo MV.”

O delegado lembra que Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras e colaborador da Lava-Jato, citou Domingo Vicente num dos termos de delação. Domingos Vicente foi presidente do Conselho de Administração da Sonangol, a petrolífera angolana, e teria dito a Cerveró, em 2005, que dos R$ 300 milhões pagos pela Petrobras à Sonangol pela compra de blocos de petróleo na África, cerca de R$ 50 milhões foram destinados à campanha do PT de 2006, que reelegeu o ex-presidente Lula.

"Causa estranheza que as informações sobre o atual presidente e vice-presidente de Angola cheguem ao conhecimento de João Santana através de um executivo da Odebrecht", diz o delegado.

O publicitário João Santana recebeu entre 2004 e 2015 R$ 193,9 milhões para fazer campanhas do PT. Da campanha de Haddad, em 2012, recebeu R$ 9 milhões entre agosto e novembro de 2012. Outros R$ 21 milhões foram pagos ao publicitário, em dezembro de 2013, pelo diretório municipal do PT em São Paulo. No total, foram R$ 30 milhões.

O delegado ressalta que não há indícios de que os pagamentos feitos a João Santana sejam ilegais, mas ressalta que "há forte probabilidade” de que os pagamentos que o publicitário recebeu no exterior tenha origem na corrupção na Petrobras e possuam "vinculação direta aos serviços por eles desempenhados em favor do PT".

O publicitário e o petista já foram ouvidos pela Polícia Federal em São Paulo. João Santana afirmou no depoimento que recebeu por seu trabalho na campanha do presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, também realizada em 2012 - mesmo ano que a campanha de Haddad.

Os recursos teriam sido transferidos para o Brasil, segundo ele, de acordo com as regras do Banco Central. “O contrato com a campanha de Angola foi de U$ 20 milhões, pagos pelo partido MPLA, depositados numa conta da companhia no Banco Sol, em Luanda, capital de Angola. Desse total, US$ 16 milhões foram repatriados ao Brasil gerando uma guia de R$ 6,29 milhões em pagamentos de impostos”, afirmou o publicitário em nota divulgada na época.

Em nota, a assessoria do prefeito Fernando Haddad informou que ele não vai se pronunciar sobre as investigações e que os pagamentos ao publicitário foram feitos em reais, como mostra a prestação de contas encaminhada à Justiça Eleitoral.

Afirmou que “não há porque questionar a opinião do prefeito, uma vez que o próprio delegado Filipe Pace, da Polícia Federal do Paraná, deixou claro que não há indícios de ilegalidade nos pagamentos feitos a João Santana, no Brasil. 

 João Santana pretende se defender das acusações. Dirá que todo o dinheiro que recebeu no exterior foi proveniente de campanhas publicitárias feitas em países estrangeiros.

Para os investigadores da Lava-Jato, pagamentos feitos ao publicitário podem ter tido origem em fraudes em contratos na Petrobras.

A Odebrecht informou que, quando interpelada, se posicionará nos autos do processo.”

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