O Brasil declarou
guerra ao Aedes aegypti, prometendo eliminar o máximo de criadouros do
mosquito transmissor de doenças como zika vírus, que pode causar
microcefalia em crianças, dengue e febre Chikungunya.
Uma semana após o Ministro da Saúde, Marcelo Castro, declarar que o país
estava perdendo a batalha contra o mosquito, e um dia após a
Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciar a criação do comitê de
emergência para avaliar epidemia do vírus zika, a Presidenta Dilma
Rousseff, acompanhada por sete ministros, incluindo Castro, se reuniu
nesta sexta-feira (29), por videoconferência, na Sala Nacional de
Coordenação e Controle para Enfrentamento da dengue, chikungunya e víruz
zika, em Brasília, com governadores de cincos estados do país (Paraíba,
Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia) para discutir ações de
combate ao Aedes Aegypti.
Diziam que o ministro da Saúde, Marcelo Castro, falou que nós estávamos
perdendo a luta contra o mosquito. E nós estamos perdendo a luta contra o
mosquito, porque enquanto o mosquito reproduzir-se, todos nós estamos
perdendo a luta contra o mosquito. Nós temos que nos mobilizar para
ganhar a luta. Por que criar um problema com a constatação da realidade?
Dizer que nós estamos perdendo é porque nós queremos ganhar”.
O Nordeste do Brasil é o que mais preocupa, pois concentra 86% dos
mais de 4 mil casos registrados de microcefalia. Pernambuco é o estado
que possui o maior número de notificações suspeitas da doença, 1.125,
além de ter a terceira maior incidência de dengue por mil habitantes. A
Paraíba já é o estado que tem o segundo maior número de casos
notificados de microcefalia, em investigação ou confirmados, sendo 497.
No Rio de Janeiro, que tem 122 casos notificados em investigação, há uma
preocupação extra por causa do carnaval, em fevereiro, e dos Jogos
Olímpicos e Paralímpicos, em agosto e setembro.
O COI, Comitê Olímpico Internacional, anunciou que irá intensificar
as orientações para proteger atletas e turistas do zika vírus durante
as Olimpíadas. O Comitê informou que já está trabalhando em parceria com
a Organização Mundial de Saúde (OMS) e com as autoridades brasileiras
para garantir a segurança de todos nos Jogos.
Ao ser questionada pela imprensa sobre os recursos para o combate ao
mosquito, diante da crise econômica no Brasil, Dilma Rousseff afirmou
que neste caso não haverá contingenciamento, e garantiu que não vão
faltar verbas para a luta contra o Aedes aegypti.
“Não pode faltar dinheiro para essa questão. Eu
tenho certeza que não só o Governo Federal, o Executivo, considera que
não pode, mas eu tenho certeza que o Congresso também. Esta despesa é
uma despesa que tem a ver com a saúde pública no país. Então, ela não
sofre contingenciamento, nem limites. Nós temos que usar todos os nossos
recursos para combater”.
Segundo a presidenta, durante a reunião com os governadores, Geraldo
Alckmin, governante de São Paulo, anunciou que os pesquisadores do
Instituto Butantã devem começar na próxima segunda-feira os testes com a
vacina para o zika vírus.
Enquanto isso, mutirões de combate ao mosquito, com o apoio das
Forças Armadas, seguem acontecendo por todo o país. O Governo Federal
promoveu nesta sexta-feira um dia de mobilização em prédio públicos, em
Brasília, para eliminar possíveis focos do inseto. E Dilma chegou a
acompanhar a ação dos militares pelos ministérios.
As companhias elétricas também anunciaram que vão auxiliar no
combate. Em coletiva à imprensa, o ministro de Minas e Energia, Eduardo
Braga, explicou que além de realizar as leituras dos relógios das
residências, os funcionários de companhias elétricas vão também detectar
e informar online onde se encontram possíveis focos do mosquito para a
erradicação pelas autoridades de saúde. Mensalmente, os leituristas
visitam cerca de 70 milhões de imóveis residenciais e comerciais no
país.
“Nós temos um aparelho nas mãos desses
leituristas, com o qual eles poderão instantaneamente, online, marcar o
ponto do GPS onde estão esses focos de suspeita, e assim encaminharmos,
através da Central de Computação das distribuidoras, para as centrais
que estão sendo instaladas pela Defesa Civil, pelo Ministério da Saúde,
pelas Secretarias de Saúde estaduais e municipais para o combate ao
Aedes Aegypti”.
De acordo com Braga, as empresas do setor também vão atuar na
conscientização da população através de mensagens de prevenção, como,
por exemplo, “O mosquito que mata não pode nascer”, que serão colocadas
nas contas de luz e gás, informando os riscos que o mosquito traz para a
saúde.
“Nós estaremos tanto na conta de luz quanto na
conta de gás demonstrando e informando ao consumidor quais os sintomas,
como febre, dor de cabeça, que podem ser a questão do zika, do
chikungunya ou da dengue”.
De acordo com o último boletim divulgado na quarta-feira (27) pelo
Ministério da Saúde, foram confirmados no Brasil 270 casos de ligação do
zika vírus à microcefalia, doença que provoca a malformação do cérebro
do bebê durante a gestação. Outros 3.448 casos suspeitos de microcefalia
ainda estão sendo investigados.
A Organização Pan-Americana da Saúde estima que o continente
americano deve chegar até 4 milhões de casos de zika até o final de 2016