terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Funcionário público ainda sofre com a falta de água, que não chega a seu apartamento porque as bombas do prédio, na Cidade Baixa, não funcionam sem energia elétrica

"Está complicado", diz morador sem luz há mais de 85 horas Tadeu Vilani/Agencia RBS

Em seu apartamento na Rua Lopo Gonçalves, na Cidade Baixa, em Porto Alegre, o funcionário público Marcelo Cavalcanti da Silveira, 56 anos, está vivendo à luz de velas há 87 horas — embora não veja romantismo nenhum em ver sua comida estragar na geladeira e ter que caminhar até a casa do filho, na Avenida Azenha, para carregar o celular.

Ele é um dos 2,5 mil clientes da CEEE que estão sem luz desde o temporal de sexta-feira e, como as bombas da caixa d'água do prédio onde mora não funcionam sem energia elétrica, está sem água também. Carregando bombonas, ele desce e sobe três lances de escada para buscar água na caixa do térreo e levar a seu apartamento.

O funcionário público conta que até segunda-feira toda a rua estava sem luz. A energia elétrica foi restabelecida para parte dos moradores, mas ainda há prédios que seguiam sem fornecimento até o meio-dia desta terça-feira. Conta que os vizinhos que puderam estão pousando na casa de familiares.
— A gente tem algum recurso. Não é que nem na região das ilhas, onde a situação é mais complicada. Mas a gente se sente impotente. — destaca. _ Está complicado.
Segundo o último balanço da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), divulgado às 11h desta terça-feira, 5,1 mil clientes estavam sem energia na Capital. Destes, 2,5 mil seguem sem luz desde sexta-feira. Os bairros com maior número de clientes sem fornecimento são Azenha, Cidade Baixa, Moinhos de Vento, Santana e Menino Deus, bairro onde a aposentada Edi Machado, 62 anos, é uma das "premiadas", sem luz desde o temporal.
Moradora da Avenida Getúlio Vargas, ela conta que a maior dificuldade é com o armazenamento de alimentos. Edi e a irmã comem fora ou vão ao mercado fazer as compras para o dia, sem permitir sobras. Nos primeiros dias, elas chegaram a perder feijão, arroz e lentilha que já haviam preparado — mas produtos como frios e manteiga, levaram para uma vizinha. Lembra que o calor também é um transtorno:
— De noite não dá para fazer nada, não tem energia para ligar o ventilador.
Mas Edi destaca que, diante da gravidade da tempestade, entende que é necessário ter paciência.
— Eu sei que a situação está difícil para todos, tem gente que não tem luz nem água.
Filho da sua sobrinha, Fernando Carvalho Macedo, 5 anos, mora no mesmo prédio. Ele não se importa com a iluminação em si — parece bem feliz com sua lanterna em forma de espada —, mas sente falta do ar condicionado e dos desenhos na televisão.
De acordo com a CEEE, a previsão é de que o fornecimento de energia seja normalizado ainda nesta terça-feira.

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