sábado, 13 de fevereiro de 2016

DNA dos neandertais pode levar a doenças no homem moderno



Ainda há neandertais dentro do homem moderno. De 1 a 4% do DNA de pessoas de ascendência euroasiática foi herdadode nossos ancestrais. O que não se sabia era como este percentual pode ter influenciado características físicas e o comportamento do homem moderno. A resposta vem em um estudo da Universidade de Vanderbilt (EUA) publicado hoje na revista “Science”. O legado genético está relacionado à exposição a diversos tipos de doença, especialmente epidérmicas, e ao risco de desenvolvimento de depressão e dependência de nicotina.

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Após analisar amostras biológicas de 28 mil pacientes, a equipe de John Capra, professor de Ciencias Biológicas da universidade, observou que o DNA neandertal afeta a biologia da pele do homem moderno, particularmente o risco e desenvolver lesões de pele induzidas pelo Sol, as queratoses.

Há, também, uma associação entre o DNA neandertal e uma vasta gama de características, incluindo doenças imunológicas, neurológicas, psiquiátricas e reprodutivas — explica John Capra, autor principal do estudo.

De acordo com o estudo, um trecho específico do DNA neandertalense pode aumentar significativamente o risco de dependência de nicotina. E um número de variantes está ligado ao risco para desenvolvimento de depressão: alguns positivamente e outros negativamente.

De fato, um número surpreendente de trechos do código genético neandertalense estão ligados a efeitos psiquiátricos e neurológicos.

— O cérebro é incrivelmente complexo, por isso é razoável esperar que a introdução de alterações durante a evolução tenha algumas consequências negativas — explica Corinne Simonti, coautora do estudo.

Segundo os pesquisadores, o DNA neandertalense mantido pela população atual pode ter fornecido vantagens adaptativas ao homem moderno há 40 mil anos, quando ele migrou para ambientes não-africanos, onde estava sujeitos a diferentes patógenos e a outros níveis de exposição ao Sol. No entanto, muitos desses traços podem não ser mais vantajoso em ambientes modernos.


Um exemplo é uma variante neandertalense que aumenta a coagulação do sangue. Ela poder ter contribuído para os nossos antepassados lidarem com patógenos encontrados em ambientes ainda desconhecidos, prevenindo sua entrada no corpo e selando as feridas mais rapidamente. Em ambientes modernos, no entanto, esta variante tornou-se prejudicial, porque a hipercoagulabilidade aumenta o risco de acidente vascular cerebral, embolia pulmonar e complicações na gravidez.

De acordo com Capra, a pesquisa estabelece uma nova forma de investigar questões sobre os efeitos de eventos nos últimos estágios da evolução humana.

O estudo foi limitado à comparação de variantes do DNA neandertal com características físicas (fenótipos). Outras informações presentes em registros médicos ainda serão analisadas, como testes e imagens de laboratório.

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