sábado, 21 de maio de 2016

Vendas do iPhone desaceleram. É o fim do encanto da Apple?

Tim Cook
 "A empresa precisa administrar com sucesso os anúncios e as transições de produtos para se manter competitiva e estimular a demanda dos consumidores de maneira eficiente.” A frase trata dos fatores de risco para os negócios da Apple e fazia parte da demonstração anual de resultados submetida pela companhia em fins de 2006, semanas antes do anúncio do primeiro iPhone.
Nestes quase dez anos, a Apple manteve-se muitos passos à frente dessas ameaças, desafiando a gravidade como poucas vezes se viu no mundo dos negócios. O iPhone, produto mais lucrativo da história, ganha uma nova versão a cada ano: mais rápida e com novas tecnologias.
Já foram vendidas mais de 800 milhões de unidades do smartphone, recentemente apontado como o gadget mais influente de todos os tempos pela revista americana ­Time. O produto anunciado por Steve Jobs como “um telefone, um iPod e um aparelho para conectar-se à internet” hoje é muito mais do que isso.
É a plataforma de computação mais importante do planeta e um negócio que representa dois terços do faturamento da Apple. Mas o sucesso do iPhone começa a fazer sombra na empresa. Sem uma inovação do mesmo porte no horizonte e diante de sinais de desaceleração no mercado de smartphones, será que o encanto sobre consumidores e investidores começa a esmorecer? 
No início de maio, a ação da Apple tinha caído ao nível de dois anos atrás. E, nos dias 12 e 13, perdeu temporariamente o posto de companhia com o maior valor de mercado do mundo para a Alphabet, controladora do Google.
Os investidores saíram vendendo Apple porque, pela primeira vez em 13 anos, a empresa registrou queda no faturamento trimestral, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Ninguém em sã consciência prevê que as ações entrem, de uma hora para a outra, numa tendência de queda continuada. No fechamento desta edição, no dia 17 de maio, os papéis da Apple voltaram a subir um pouco.
Mas esses altos e baixos parecem ter estremecido a certeza dos investidores sobre os supostos superpoderes da empresa. O iPhone é o responsável pelo resultado decepcionante. As vendas no primeiro trimestre ficaram 16% abaixo das registradas em 2015, e os números no segundo trimestre também deverão ficar aquém do esperado, segundo projeção da própria empresa.
Mas na Apple, que deverá inaugurar sua nova sede com design futurista até o final do ano, não falta otimismo. “O mercado não está crescendo”, disse Tim Cook, presidente da empresa, na mais recente teleconferência de resultados. “É reflexo do ambiente macroeconômico em várias partes do mundo. Estamos otimistas que isso vai passar e que o mercado e particularmente nós voltaremos a crescer.”
Há poucas dúvidas de que isso aconteça, porque os novos modelos de iPhone sempre são lançados na segunda metade do ano. A questão é em qual direção e a que velocidade. Especula-se que o iPhone 7 tenha lentes duplas para melhorar a qualidade das fotos, além de ser mais rápido e ter um novo visual. O iPhone 7 deve gerar uma onda de trocas, como a ocorrida um ano e meio atrás com o iPhone 6.
Mas, segundo um relatório recente da empresa de pesquisas britânica Kantar World­panel ComTech, os consumidores levam cada vez mais tempo para comprar aparelhos novos. “Os smartphones estão mais parecidos. A inovação tecnológica é medida em passos, em vez de saltos”, diz o relatório.
Somem-se a isso as já altíssimas taxas de adoção de smartphones nos países ricos e a dificuldade de competir com produtos baratos nos mercados emergentes, e o milagre da multiplicação das receitas que seduziram os investidores por uma década começa a ficar duvidoso.
O megainvestidor americano Carl Icahn é um dos que abandonaram o barco.
Icahn, conhecido por comprar grandes participações em empresas abertas para tentar influenciar a administração, chegou a ter quase 1% da Apple. Em abril, ele se desfez de tudo, uma bolada que alcançou o valor de 5  bilhões de dólares. Icahn afirma que Cook é um ótimo executivo e que as ações da empresa ainda estão baratas

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