segunda-feira, 11 de abril de 2016

BlackRock se soma à onda de venda de US$ 46 bi em ações

Logotipo da gestora BlackRock em um prédio de Nova York

Os investidores em ações de todo mundo estão brigados com Shinzo Abe.

Desde os primeiros dias de 2016, os traders estrangeiros retiraram capital da bolsa de valores de Tóquio durante 13 semanas seguidas, sequência mais longa desde 1998.

Os investidores internacionais venderam US$ 46 bilhões em ações diante da piora dos dados econômicos, dos resultados adversos do pacote de estímulos introduzido pelo Banco do Japão e da pressão às exportações causada pela alta do iene. O índice de referência Topix está em queda de 17 por cento em 2016, declínio mais agudo do mundo, atrás apenas do registrado na Itália.

A perda de confiança dos estrangeiros seria um duro golpe para o primeiro-ministro japonês -- eles são os traders mais ativos de um mercado que representa a prova de fogo da estratégia de crescimento de Abe. “O Japão está de volta” e “Compre o Abenomics!”, proclamou ele durante visita à Bolsa de Valores de Nova York, em setembro de 2013, quando as ações caminhavam para a maior alta em oito anos. Agora, cerca de metade desses ganhos foi eliminada e a BlackRock, a maior gestora de recursos do mundo, é uma das empresas que estão fechando posições otimistas em relação às ações japonesas.

“O Japão tem sido uma decepção”, disse Nader Naeimi, chefe de mercados dinâmicos em Sidney da AMP Capital Investors, que administra cerca de US$ 115 bilhões. Naeimi é um antigo fã das ações de Tóquio, mas diz que agora está procurando oportunidades de venda. “Muitas pessoas estão começando a duvidar do Abenomics”.

Medo da deflação

Enquanto outros mercados se recuperam após a forte queda internacional, quem investe no Japão vê menos motivos para otimismo. O temor cada vez maior de que o Abenomics -- a tripla estratégia baseada nos estímulos fiscal e monetário e na reforma estrutural -- esteja fracassando, que gerou a especulação de que o país possa entrar em deflação, está prejudicando os esforços para encerrar três décadas de mal-estar.

Masahiro Ichikawa, estrategista sênior da Sumitomo Mitsui Asset Management, teme que se produza uma espiral descendente. Os estrangeiros são necessários para impulsionar o mercado de ações e se as ações não subirem, o público perderá a confiança e limitará os gastos, segundo ele. Isso poderia arrastar o Japão de volta para a deflação. “Se os estrangeiros não retornarem, o futuro do Abenomics pode estar em perigo”, disse ele.

Traders estrangeiros

Os investidores internacionais, que respondem por cerca de 70 por cento do valor negociado em ações em Tóquio, compraram um total líquido de 18,5 trilhões de ienes entre 2012 e 2015. Os gerentes de fundos globais, que permaneceram negativos em relação às ações japonesas durante a maior parte dos cinco anos que antecederam a chegada de Abe ao poder, ficaram overweight todos os meses desde então, segundo uma pesquisa do Bank of America Merrill Lynch.

Agora esta tendência de alta está se dissipando. As posições overweight sobre as ações japonesas caíram pelo terceiro mês seguido em março com a piora da perspectiva dos investidores para a economia e a maior preocupação com os lucros, mostrou a pesquisa do Merrill Lynch. Desde a segunda semana de janeiro, eles venderam um total líquido de 5 trilhões de ienes, sequência mais longa desde as 16 semanas de vendas de 1998 e o maior volume registrado desde 1993.

O Citigroup foi o mais recente a reduzir sua perspectiva para as ações japonesas, na quinta-feira, unindo-se ao Credit Suisse e à BlackRock entre os que revelaram sua decepção. Na semana passada, a LGT Capital Partners, gestora de ativos suíça que administra US$ 50 bilhões, aposentou sua estratégia chamada “Ressurgimento do Japão”, citando o otimismo menor quanto ao sucesso das tentativas de Abe de estimular a inflação.

A BlackRock reduziu sua perspectiva para o Japão de “overweight” para “neutra”, citando como motivos o risco do iene mais forte para os lucros dos exportadores e a volatilidade maior. Dan Chamby, que administra o BlackRock Global Allocation Fund, de US$ 47 bilhões, disse em fevereiro que embora sua postura em relação ao Japão continue sendo otimista, as grandes oscilações do mercado o obrigaram a reduzir sua exposição às ações do país asiático, já que a meta de seu fundo é oferecer retornos competitivos com menos volatilidade.

O índice Topix caiu 0,6 por cento no fechamento do pregão em Tóquio.

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