Pense nos dois maiores fabricantes do mundo: a Toyota, na ativa há 78
anos e a Volkswagen, que nem chegou aos 70. Parece muito tempo, até
considerarmos que o terceiro maior fabricante comercializa um mesmo
modelo há mais de 80 anos. É o Suburban, um enorme utilitário produzido pela General Motors desde 1935.
A história do veículo começa com o desenvolvimento de um furgão de carga
com três fileiras de bancos. Baseado no chassis de uma picape, era
capaz de carregar oito pessoas e fora projetado para atender frotas
governamentais. Tinha motor 3,4 litros, de seis cilindros em linha, e
parcos 60 cv. Recalibrado em 1937, passou a render 79 cavalos, mantendo o
respeitável torque em baixas rotações. O modelo 1941 inovou com um
visual mais imponente, com uma larga grade frontal de frisos verticais e
faróis em formato balístico.
Ao contrário dos automóveis de passeio, o Suburban continuou sendo
produzido durante a II Guerra Mundial, pois foi utilizado no transporte
de tropas e materiais bélicos. Após o conflito, porém, ganhou nova
carroceria, denominada Advance Design, que viria em 1947. Tinha faróis
integrados na lataria, capô mais largo e para-lamas mais altos. Em 1954,
ganhava a opção da transmissão automática Hydra-Matic de quatro
velocidades, acoplada ao propulsor Thriftmaster de 3,9 litros e 112 cv.
O motor V8 4.3 de 145 cv veio em 1955, junto com a atualização de
estilo. Seu visual estava mais próximo de um carro de passeio, mas em
1957 ele recebeu tração 4x4 para fazer frente ao seu único concorrente: o
rústico International Harvester Travelall.
Foi o modelo 1960 que começou a cativar as famílias norte-americanas:
baixa e retilínea, a nova carroceria combinava com o conforto da
suspensão dianteira independente (na versão 4x2) e do ar-condicionado.
Em 1963 vieram novos motores seis cilindros (com 7 mancais para o
virabrequim) e, dois anos depois, o potente V8 de 5,4 litros e 220 cv.
O Suburban 1967 estava ainda mais parecido com um automóvel de passeio.
Sua ampla área envidraçada garantia a mesma visibilidade de uma perua e
os passageiros ganharam a praticidade de uma terceira porta lateral. A
potência era maior: o V8 de bloco pequeno (5,7 litros) chegava a 350 cv,
enquanto o V8 de bloco grande (6,5 litros) atingia 310 cv.
Foi em 1973 que o Suburban adotou quatro portas e espaço para até nove
ocupantes. Cromados em profusão, pintura em dois tons e apliques
laterais simulando madeira conferiam uma estética inconfundível, como
este modelo 1974, que pertence ao colecionador Filipe Brossi. Naquele
ano, a tração 4x4 passou a ser permanente e o V8 big block saltou para
7,4 litros, gerando 250 cavalos.
Ao longo de 19 anos, vários avanços foram incorporados: motor a diesel,
injeção eletrônica e freios ABS. Os faróis redondos foram abolidos em
1980. No ano seguinte, a dianteira passou a contar com quatro faróis
retangulares, visual praticamente inalterado por dez anos. Em 1992, o
Suburban incorporou suspensão dianteira independente para as versões
4x4, freios ABS nas quatro rodas e airbags. A evolução continuou na
linha 2000, com freios a disco nas quatro rodas, suspensão autonivelante
e sistema Quadrasteer para esterçar as rodas traseiras em manobras.
Apresentada em 2014, a 12ª geração continuou a evolução: maior, mais
potente e econômica, atingiu vendas suficientes para se manter no
mercado. E seu sucesso indica que o mais tradicional utilitário da GM
pode completar um século de existência.
Gigantes brasileiros
A GM do Brasil produziu três versões do Suburban: o Amazona 1959 tinha
acesso facilitado pela terceira porta lateral, bem como o sucessor C1416
(rebatizado Veraneio) em 1964. O Veraneio 1989 era uma versão
simplificada do Suburban 1973.
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