sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Guiné-Conacri livre de Ébola ao fim de dois anos

Guiné-Conacri livre de Ébola ao fim de dois anos

Dois anos depois do primeiro caso mortal de Ébola na África ocidental, a Guiné-Conacri foi declarada livre de transmissão pela Organização Mundial de Saúde. O vírus matou 2.536 pessoas no país. A Libéria é o único país que ainda aguarda a declaração oficial de fim da epidemia.


Um país é declarado livre de Ébola 42 dias sem novos casos da doença, o que corresponde a dois períodos de 21 dias, a duração máxima de incubação do vírus. Foi o que aconteceu esta terça-feira, depois de o último paciente ter recuperado e apresentado pela segunda vez resultados negativos nas análises de controlo. A Guiné-Conacri não está livre de risco devido à possível manutenção do vírus em alguns fluídos corporais, como o esperma. A OMS, no comunicado emitido hoje, realça que o país entra agora num período de vigilância reforçada de 90 dias para poder identificar rapidamente qualquer novo caso de febre hemorrágica e impedir a sua propagação. Em janeiro de 2015 o Mali foi declarado livre do Ébola e a 7 de Novembro foi a vez da Serra Leoa. Resta agora a Libéria, que em novembro registou três casos da doença, apesar de no início de setembro tinha sido declarado livre de transmissão. No entanto, as autoridades de saúde contam que também a Libéria possa superar a epidemia em janeiro. A mais grave epidemia de Ébola Esta epidemia de Ébola foi a mais grave desde que o vírus foi identificado em 1976. Foram contabilizados mais de 28 mil casos da doença que provocou a morte a 11.300 pessoas entre 2014 e 2015. Um número que, para a OMS, está subavaliado. A esmagadora maioria dos casos ocorreram em três países da África ocidental: Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa (99 por cento dos casos). A primeira morte por Ébola aconteceu no sul da Guiné-Conacri, a 6 de dezembro de 2013. Uma criança que ficou identificada como “paciente-zero”. Em março a epidemia alastra sobretudo aos países limítrofes, que enfrentam medidas de exceção, confinamento da população, declaração de quarentena em numerosas regiões e inclusivamente o encerramento de fronteiras. A 8 de agosto de 2014 a Organização Mundial de Saúde declara mesmo o estado de emergência mundial de saúde pública e exigiu uma resposta internacional coordenada. A 12 de agosto, o primeiro cidadão europeu morre em Madrid, vítima de Ébola: um padre espanhol contaminado na Libéria. Guiné-Conacri em festa “Este é o melhor presente de fim de ano que Deus poderia oferecer à Guiné-Conacri”, referiu um sobrevivente, Alama Kambou Doré à agência France Presse. Outro sobrevivente, Fanta OulenCamara, que trabalha para os Médicos Sem Fronteiras, confidenciou à Reuters que “muitos membros da minha família morreram. Esta situação mostrou quanto temos de lutar por aqueles que sobreviveram”. “Depois de melhorar, o mais duro foi fazer com que as pessoas me recebessem de volta”, refere Camara, de 26 anos, que adoeceu em março de 2014. O Ébola deixou 6.200 crianças órfãs na Guiné-Conacri, o país hoje declarado livre da transmissão da epidemia. Registou 3.804 casos de infeção pelo vírus. O anúncio da Organização Mundial de Saúde foi recebido por isso com um misto de emoções pela população. Mesmo assim, para esta quarta-feira estão marcadas cerimónias para comemorar a libertação do país do Ébola, que vão contar com a presença do presidente Alpha Condé e 53 parceiros que contribuíram na luta contra o vírus, bem como países doadores. Além de uma cerimónia que contará com testemunhos de sobreviventes, terá lugar o concerto “Bye, bye, au revoir Ebola” que reúne artistas africanos de renome mundial como Youssou Ndour.

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