quinta-feira, 7 de abril de 2016

Cunha foi destinatário final de US$5 mi, diz empresário

Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, em Brasília, dia 16/02/2016

 O empresário Leonardo Meirelles, ex-sócio do doleiro Alberto Youssef, confirmou nesta quinta-feira que suas empresas eram utilizadas para pagamentos de propinas e que posteriormente percebeu, a partir de delações premiadas de envolvidos no esquema investigado pela Lava Jato, que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) seria um dos destinatários.

Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, que apura se Cunha incorreu em quebra de decoro parlamentar quando disse não possuir contas bancárias além do que consta em sua declaração de imposto de renda, Meirelles relatou que foi chamado por Youssef para fazer um contrato de importação fictícia cujos repasses somariam o montante de 5 milhões de dólares.

O presidente da Casa é alvo de investigação da Procuradoria-Geral da República a partir de indícios de que teria contas no exterior em seu nome e em de familiares. “Uma semana após (o primeiro repasse), almoçando com o Alberto (Youssef), eu vi o Júlio (Camargo) saindo do escritório do Alberto”, disse Meirelles, referindo-se a Júlio Camargo, empresário quem em colaboração com a Justiça afirmou que Cunha lhe pediu pessoalmente o pagamento de propina no valor de 5 milhões de dólares, afirmação negada pelo presidente da Câmara.

“Fomos almoçar e ele comentou informalmente ‘você nem imagina a pressão que estava sofrendo, graças a Deus eu consegui liquidar aquele assunto daquela transferência grande que foi lá para o Rio (de Janeiro)’ e que era do então investigado aqui, na ocasião”, disse Meirelles. “Que era de Eduardo Cunha os valores dessas transferências.”

Em entrevista a jornalistas na tarde desta quinta-feira, Cunha afirmou que o depoimento de Meirelles era “absolutamente desnecessário”, que já desmentiu as informações e que essa acusação foi rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), quando aceitou parcialmente uma denúncia contra o presidente da Câmara, transformando-o em réu, e descartou os trechos baseados apenas em delações. “Esse evento já foi por mim publicamente comprovado que não tem nada a ver comigo”, disse Cunha.

O deputado também argumentou que a acusação não tem relação com o objeto da representação que é alvo no Conselho de Ética da Câmara.

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