sábado, 6 de fevereiro de 2016

Tradicional Cordão da Bola Preta já chacoalha o Rio De janeiro



 Mesmo com a mensagem de paz no início do desfile, em discurso do presidente Pedro Ernesto Marinho, o Cordão do Bola Preta foi interrompido por alguns minutos devido a tumultos e tentativas de assalto no entorno

. Até por volta de meio-dia, o desfile ocorreu sem maiores problemas, com mescla de marchinhas e MPB na trilha sonora e um público entusiasmado. Do alto do trio elétrico, a atriz Leandra Leal, a cantora Maria Rita e a funkeira Ludmilla arrancavam suspiros dos fãs. Segundo estimativas da Riotur, o público foi de um milhão de pessoas.

O bloco começou 35 minutos depois do horário marcado, na Avenida Primeiro de Março, sem a presença da rainha Ludmilla, que se atrasou quase uma hora. Por volta das 10h05, Pedro Ernesto deu o discurso de inauguração, pedindo paz, respeito e muita folia.

— Carnaval são quatro dias de muito beijo na boca, alegria e felicidade. Também é preciso respeitar o patrimônio público — alertou.
O alerta, no entanto, não impediu que um grupo fantasiado de índios arremessasse cubos de gelo na direção da banda, obrigando a interrupção da música por um breve instante para que a situação fosse controlada. Os tumultos, porém, não cessaram, e por volta das 13h o desfile foi novamente interrompido, devido à ocorrência de brigas e tentativas de assalto. Neste momento, o presidente ameaçou suspender o bloco.



A concentração já animava as ruas do Centro do Rio desde às 7h deste sábado, quando foliões aglomeravam-se na concentração, na Avenida Primeiro de Março, esquina com Rua da Assembleia. Enquanto isso, Pedro Ernesto Marinho, saudava o público, reforçando a ideia de que em tempos de crise "a alegria do povo faz tudo valer a pena":

— O que importa é que chegamos para mais um desfile sem nenhum problema grave. A alegria do povo é o que importa — afirmou o presidente do bloco.
Antes do início do desfile, a expecativa era pela chegada das famosas. A madrinha do bloco, Maria Rita, destacou a união entre estilos musicais nesta edição do Cordão, que mistura samba e funk, já que a fuinkeira Ludmilla é a rainha neste ano.

 — Há algumas diferenças musicais. Mas em comum a mesma garra e paixão pela música — diz a cantora.

A atriz Leandra Leal, uma das primeiras a chegar, foi muito solícita com os fãs e destacou a tradição da agremiação.

— É um bloco que carrega várias gerações, gente de todas as idades. Muita família — diz.
Já ansiosa pelo centenário do Bola Preta, em 2018, Leandra, que é porta-estandarte do bloco, diz que estará presente daqui a dois anos.

— Só consigo pensar na fantasia — brincou a atriz.
O coordenador de carnaval da riotur, Alex Martins, lembrou que o Bola Preta sempre requer atenção maior, pelo seu tamanho.


— É o nosso maior bloco, mais antigo e mais importante. É como cuidar de uma Portela ou Mangueira. Um símbolo da cidade. Mas a cada ano aprimoramos mais nossa estrutura. Viemos de dois fins de semana já de carnaval excelentes, sem problemas graves.


Muita folia no início da concentração

Enquanto o batuque não começava, muitos aproveitaram para os últimos retoques na fantasia, como Fagner Ferreira que, ao lado do amigo Ademilson Machado, concluía o "esqueleto" montado para o carnaval. A dupla que vem de Realengo frequenta o Bola Preta há cinco anos e este ano o tema dos rapazes será a "direção consciente", enfatizando o "se beber, não dirija".

— Sofri um acidente quando era criança, por isso sempre nos preocupamos em passar essa mensagem. Podemos nos divertir e fazer as pessoas refletirem — explicou Ademilson.
Já o trunfo do "bonde dos sem vergonha ", como se denominam os 27 amigos vestidos de rosa, que vieram da Ilha do Governador, era justamente a cor da fantasia.

— A garantia é que sempre será rosa, que chama mais a atenção. Este ano escolhemos vir de mágicos - conta o folião Landes Diego Barbosa.

As musas Patrícia Oliveira e Lais Cruz, contaram que nem sabiam o que esperar quando estivessem "lá em cima, no trio", como definiu Patrícia, que aos 26 anos também é destaque da Beija-Flor este ano. Sua amiga Laís, mineira, destacou a importância do bloco na tradição carioca.
— Não existe um bloco tão reverenciado como este em Minas — disse a musa sobre a agremiação que contabiliza 98 anos de atividade.

O técnico de enfermagem Ricardo Marinho já desfila no Bola Preta há 20 anos, mas foi há sete que ele teve a idéia que marcou seu nome no bloco. Na sua fantasia, a bola preta é sua própria barriga, marcada por um buraco na camisa.

— Hoje em dia todos já me conhecem. Fiquei famoso no Bola - explica o morador de Praça Seca, que prefere vir sozinho para o desfile — curto muito mais assim, faço várias amizades na hora.
Famosos também são os amigos Alexandre Ramos, Tatiane Faco, Diego Torres, Alan Braz e Gisele de Souza, que há 12 anos se fantasiam de coelhinhos no Bola Preta.

— Fomos aumentando a quantidade de adereços, mas sempre seremos coelhinhos preto e branco — diz Ramos, que não tem dúvidas em eleger o melhor bloco da cidade. É o mais alegre e com maior diversidade.

Para o protético Eron Melo, o carnaval é oportunidade de fazer críticas políticas. Fantasiado de Batman, ele também trouxe placas de um pixuleco e do "japonês da federal"
— Juntei tudo que estava em alta. No carnaval podemos nos divertir e também refletir — diz.


Já no início do desfile, quem chamava a atenção era o grupo Uga Uga Catiri, formado por cerca de 30 moradores de Bangu, e já uma tradição no Cordão do Bola Preta. Fantasiados de homens da caverna, eles são requisitados para fotos por onde passam. Nos anos anteriores, algo que os chateava era o fato de não conseguir ver essas imagens depois.

Esse ano, pela segunda vez, eles distribuíram panfletos com os seus perfis nas redes sociais para tentar solucionar esse problema.

Arquivo do blog