domingo, 15 de maio de 2016

Democratas querem mobilizar hispânicos em estados indecisos

Protesto contra Trump na Califórnia

Quando estão sob ataque, os latinos se mobilizam, dizem líderes da comunidade nos EUA, apontando para o exemplo da Califórnia.
No anos 90, o então governador republicano, Pete Wilson, disputou a reeleição com um forte discurso anti-imigrante, o que levou ao aumento da participação política dos hispânicos e à consolidação do estado como uma das mais sólidas bases de apoio do Partido Democrata no país.
A Califórnia, que deu aos EUA Ronald Reagan, a principal referência ideológica dos republicanos, elegeu presidentes democratas nas últimas seis eleições.
A guinada foi acompanhada da expansão da parcela dos latinos no universo de eleitores, que reagiram à campanha de Wilson e à Proposição 187, que negava acesso a serviços públicos de imigrantes indocumentados. Aprovada pela maioria dos eleitores, a proposta foi declarada inconstitucional posteriormente.
Desde então, o ritmo de expansão do número de hispânicos que votam na Califórnia cresceu a uma velocidade duas vezes superior à da expansão populacional desse grupo. Como resultado, a parcela de latinos entre os cidadãos aptos a votar no estado duplicou e está hoje em 28%.
A expectativa dos democratas é que a retórica anti-imigrante de Trump crie movimentos semelhantes ao da Califórnia em estados que costumam oscilar entre os dois partidos. Estados indecisos, eles serão cruciais no desenlace do enfrentamento entre o candidato republicano e sua provável opositora, Hillary Clinton.
CrucialCom o terceiro maior número de representantes no colégio eleitoral, a Flórida será um dos principais campos de batalha no qual os latinos terão potencial de empurrar o resultado na direção democrata. Os EUA não escolhem seu presidente por voto direto, mas por meio da eleição de representantes em cada Estado para o colégio eleitoral.
No ano 2000, a Flórida definiu a mais polêmica disputa pela Casa Branca da história recente. O republicano George W. Bush venceu o democrata Al Gore no Estado por um diferença de apenas 537 votos.
Com isso, levou todos os 25 representantes que o Estado tinha no colégio eleitoral e venceu a eleição com 271 votos, 1 a mais que os necessários 270. Desde então, o número de representantes da Flórida no colégio eleitoral passou para 29.
Em razão do resultado no Estado, Bush se tornou presidente apesar de ter perdido a eleição popular para Gore por uma diferença de 544 mil votos.
Além de ser criticada pela maioria dos latinos, a proposta de Trump de deportar 11 milhões de pessoas indocumentadas encontra resistência na comunidade empresarial dos Estados Unidos que depende da mão de obra dos imigrantes.
Prejuízo Se implementada, a medida poderia levar a uma contração de 2% do PIB do país, segundo estudo realizado pelo American Action Forum, um centro de pesquisa conservador alinhado com o Partido Republicano. A análise sustenta que haveria escassez de mão de obra em setores que dependem do trabalho imigrante, em especial agricultura, construção e hotelaria.
Estatísticas indicam que 6,8 milhões dos 11 milhões de indocumentados são empregados pelo setor privado dos EUA. Se esse contingente fosse removido, não haveria trabalhadores suficientes para substituí-los, sustenta o estudo. "Esse declínio na força de trabalho por si só reduziria a produção do setor privado entre US$ 381,5 bilhões e US$ 623,2 bilhões."
Seus autores ressaltaram que a retirada do país de 11 milhões de pessoas em um período de dois anos, como propõe Trump, envolveria um custo astronômico para o governo, em razão da expansão dos setores de controle de imigração nos Estados Unidos.
A análise concluiu que regularizar a situação de todos os imigrantes indocumentados levaria 20 anos e custaria aos cofres público algo entre US$ 400 bilhões e US$ 600 bilhões. Ao lado da redução da mão-de-obra, a medida levaria a encolhimento do PIB de US$ 1 trilhão, quase metade do tamanho da economia brasileira.
Para retirar do país os 11 milhões de imigrantes no período proposto por Trump, o governo americano teria que arcar com pelo menos 17,3 mil voos charter e 30,7 mil viagens de ônibus em cada um dos dois anos, ressaltou o estudo. Além disso, teria de elevar de maneira drástica o número de funcionário envolvidos na detenção e deportação de imigrantes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivo do blog