terça-feira, 19 de abril de 2016

Milionário se diz arrependido por esquema de propinas

Jogando futebol

Quando o ex-funcionário do Citigroup, Alejandro Burzaco, comprou uma participação minoritária em uma empresa de marketing esportivo argentina, em 2005, ele soube que sua nova firma vinha subornando autoridades do futebol por anos, segundo registros judiciais divulgados na segunda-feira.

Em vez de deixar a Torneos y Competencias, Burzaco escolheu pagar subornos e propinas a “várias” autoridades do futebol pelos direitos de marketing aos torneios, disse ele a um juiz dos EUA em Nova York, em novembro passado. 

 A transcrição da confissão de culpa de Burzaco, feita em um tribunal fechado ao público, foi divulgada na segunda-feira a pedido da Bloomberg News.

“Eu fui informado de que o acordo estava em vigor havia algum tempo”, disse Burzaco. “Eu sei que deveria ter ido embora naquele momento, mas em vez disso eu concordei em trabalhar para a Torneos e concordei em ter um papel ativo nos esquemas de propinas. Eu me arrependo da decisão. Eu estava errado”.

Burzaco, que se tornou CEO da Torneos em outubro de 2006, disse que seus pagamentos ilícitos continuaram até 2015. Ele concordou em devolver US$ 21,6 milhões.

Em sua confissão Burzaco disse que havia trabalhado durante 15 anos no Citigroup. O porta-voz do banco, Mark Costiglio, preferiu não comentar sobre Burzaco.

Transcrições reveladas

O juiz também revelou as transcrições das confissões de culpa de José Margulies, um intermediário brasileiro que admitiu o pagamento de propinas, e de Jeffrey Webb, ex-presidente da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe, ou Concacaf, que disse que aceitou pagamentos ilícitos. Ele é natural das Ilhas Cayman.

Burzaco disse que se uniu a integrantes de outras duas empresas de marketing esportivo ao concordar em pagar dezenas de milhões de dólares em subornos a autoridades do futebol pelos direitos da Copa América Centenário, um torneio de 32 jogos programado para 10 cidades dos EUA em junho. O torneio foi organizado por autoridades da Concacaf e da Confederação Sul-americana de Futebol, a Conmebol, que aceitaram subornos.

“No fim das contas, eu decidi não pagar suborno ou propina a autoridades da Conmebol e da Concacaf em conexão com o torneio de 2016 por medo da lei”, disse Burzaco. “No entanto, eu sei que foi errado concordar com o pagamento de subornos em si”.

Burzaco declarou-se culpado por conspiração para lavagem de dinheiro, conspiração para extorsão e conspiração para fraude eletrônica. Ele foi libertado sob a fiança de US$ 20 milhões.

No total, 15 pessoas se declararam culpadas por suas atuações ao longo de uma operação americana de repressão à corrupção no futebol nas Américas. Os promotores dizem que as autoridades do futebol e executivos pagaram mais de US$ 200 milhões em subornos pelos direitos de mídia e de marketing dos torneios, em nome de países que esperavam sediar a Copa do Mundo, e pelas eleições da Fifa, o órgão que administra o esporte.

Os promotores podem pedir aos juízes a vedação das transcrições dos réus que se declaram culpados e cooperam com as investigações. O Departamento de Justiça dos EUA está investigando a atuação dos bancos na facilitação de pagamentos para lavagem de dinheiro.

Direitos comerciais

Webb, que se declarou culpado uma semana depois, admitiu que aceitou subornos pelos direitos comerciais de uma série de torneios antes e depois de sua eleição como presidente da Concacaf, em maio de 2012. Ele concordou em devolver US$ 6,7 milhões.

Margulies, que tinha 76 anos quando se declarou culpado, dois dias após Webb, admitiu que em 1986 começou a ajudar seu amigo José Hawilla, dono da Traffic, com sede no Brasil, a conseguir direitos comerciais de torneios. Essa ajuda se transformou em subornos em 1991, quando ele começou a repassar propinas da Traffic a autoridades da Conmebol, disse ele. Hawilla declarou-se culpado antes e concordou em devolver US$ 151 milhões.

“Embora eu não tenha recebido minha comissão por esses pagamentos, eu os fiz para manter minha relação com a Traffic”, disse Margulies. “Eu fiz esses pagamentos de forma regular em nome da Traffic até cerca de 2007”.

Margulies disse que também efetuou pagamentos de subornos de 2000 a 2015 em nome de uma empresa que era, originalmente, uma joint venture da Traffic com a Torneos. Posteriormente, a empresa se tornou uma joint venture da Torneos com outros investidores, disse ele. Ele recebeu comissões de 1 por cento por essas transferências de dinheiro posteriores, que passaram por bancos americanos, disse ele.

“Estou arrependido pelos problemas que causei à minha família, ao mundo do futebol e aos Estados Unidos”, disse Margulies, que foi libertado sob fiança de US$ 10 milhões. Ele concordou em devolver US$ 9,2 milhões.

Consórcio liderado pela chinesa Apex compra Lexmark

Cartuchos da impressora Lexmark

A fabricante de impressoras Lexmark International concordou em ser adquirida pelo grupo de investidores liderado pela Apex Technology, sediada na China, e a PAG Asia Capital, em um acordo avaliado em 3,6 bilhões de dólares em dinheiro, disse a empresa.

Acionistas da Lexmark receberão 40,50 dólares por cada ação detida, prêmio de 18 por cento sob o fechamento desta terça-feira, de 34,32 dólares.

A Reuters divulgou mais cedo neste mês que a Apex Technology, que produz chips para cartuchos de tinta, estava em negociações para comprar a Lexmark.

 

Petrobras perdeu R$1,9 bi em 4 contratos com Andrade, diz PF

Logo da Petrobras

Um novo laudo pericial da Polícia Federal aponta que em quatro contratos vencidos pela Andrade Gutierrez dentro do esquema de cartel e corrupção na Petrobras pode ter havido um prejuízo de R$ 1,98 bilhão.

São contratos assinados entre 2006 e 2009 nas refinarias Replan, em Paulínia (SP), Regap, em Minas Gerais, Rlam, na Bahia, e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que analisados dentro de um conjunto de licitações, confirma a cartelização e o favorecimento ao grupo das 16 empreiteiras que fatiavam obras na estatal.

"É possível concluir que as licitações que deram origem aos contratos (...) foram frustradas mediante a atuação direta do cartel composto pela organização criminosa denominada 'Clube dos 16'. Esses contratos, vencidos pela Construtora Andrade Gutierrez (isoladamente ou consorciada a outras empresas), ocasionaram, em valores atuais, um prejuízo direto de R$ 1.983.185.853,45 à estatal", informa o laudo 158/2016.

O prejuízo direto é "decorrente de propostas com preços artificialmente majorados" informa o documento, datado de 2 de fevereiro e foi anexado nesta segunda-feira, 18, ao inquérito que investiga a participação da Andrade Gutierrez no esquema de cartel e corrupção. Os executivos da empreiteira fecharam neste mês acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República.

"Nas licitações contaminadas pelo cartel há forte tendência de que a empresa escolhida para ser a vencedora tenha como alcançar o maior valor de contrato". O valor do prejuízo não inclui ainda o que os peritos chamam de prejuízo residual e prejuízo indireto. O primeiro referente ao aumento geral dos preços no mercado, provocado pela cartelização, e o segundo gerado pela falta de competitividade e a decorrente queda na qualidades dos serviços.

"O presente trabalho demonstrou que há evidências suficientes para concluir que o chamado 'Clube dos 16' atuou em cartel para elevar artificialmente seus lucros em licitações da Petrobras", informam os peritos criminais Fábio Augusto da Silva Salvador, João José de Castro Baptista Vallim e Regis Signor.

O documento analisou possibilidade de sobrepreço nos contratos e pagamentos para empresas que podem ter ocultado propina. São contratos realizados via setor de Engenharia da Petrobras, que era uma área controlada pelo PT, segundo descobriu a Lava Jato. Os peritos analisaram licitações vencidas pela Andrade Gutierrez, individualmente ou em consórcio, no período entre 2003 e 2014, com valores de contrato acima de R$ 100 milhões.

O prejuízo apontado trata de apenas quatro contratos que somados chegam ao valor total de R$ 4,76 bilhões - um contrato na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, um contrato na Refinaria de Paulínia (Replan), em São Paulo, um na Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, e um contrato no Comperj, no Rio.

"Este superfaturamento potencial pode ter sido transformado em lucro excessivo, pagamento de propinas, repasses a empresas do grupo cartelizado, contrato de consultorias fraudulentas e até mesmo consumido por má gestão contratual das empresas executoras dos contratos destacadas, uma vez que a Petrobras podem ter deixado de contratar empresa mais competitiva para cada obra."

Na análise, os peritos identificaram o comportamento esperado para os preços oferecidos em licitações de "ampla concorrência" e também de licitações "restritas ao Clube dos 16". A conclusão é de que "o comportamento de um grupo difere estatisticamente do comportamento de outro, fato fundamental para embasar a concluso de que as licitações 'restritas ao Clube dos 16' são cartelizadas e visam aumentar artificialmente os preços das obras". "Confirmando o teor das delações premiadas amplamente divulgadas."

Em depoimento prestado na semana passada na Justiça Federal no Rio, o ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques Azevedo - mais novo delator da Lava Jato - confessou que a empreiteira pagava propinas, em média de 1%, nos contratos com o governo federal. O laudo anexado ao inquérito que investiga a empreiteira em Curitiba - sede da Lava Jato - ajudará a embasar documentalmente as confissões dos empreiteiros e confrontar dados.

"Considerando o resultado do teste estatístico, os peritos concluem que os dois grupos de licitações são efetivamente diferentes e não representam o mesmo fenômeno. Esta comprovação estatística, aliada às demais características já descritas para as licitações 'restritas ao Clube dos 16', leva os peritos a concluir que a hipótese de cartel está comprovada", informa o laudo 158/2016.

"A maioria das licitações apresentadas acima contém propostas de preços bastante elevadas em relação aos valores estimados pela Petrobras. Esse cenário é condizente com a hipótese de formação de conluio entre as empresas concorrentes no intuito de fraudar as licitações da estatal."

Dois laudos anteriores sobre as obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e Comperj, tomados como base para essa nova análise, haviam apontado sobrepreço de até 28,5% e 35% em contratos, nas respectivas obras.

"O Laudo 157/2016-SETEC/SR/DPF/PR apontou sobrepreço de 35% na contratação do Consórcio TE-AG para construção da Unidade de Coqueamento Retardado do Comperj, decorrente de preços artificialmente majorados", ressaltam os peritos.

Ao todo, a PF analisou contratos em que a Andrade Gutierrez participou que totalizaram R$ 7,2 bilhões - R$ 1,54 bilhão em contratações diretas e R$ 5,6 bilhões por meio de consórcios. No laudo 158/2016 foram considerados apenas alguns desses contratos, para comprovação de cartel e fraude nos contratos.

Procurada por meio de sua assessoria de imprensa, a Construtora Andrade Gutierrez informou que não comentaria o caso.

 

Línguas indígenas podem desaparecer, alerta antropóloga

Índios no Congresso

O Brasil corre o risco de perder um de seus grandes tesouros culturais, as línguas indígenas, se não forem tomadas medidas de preservação desses idiomas ancestrais. O alerta é da antropóloga e linguista Bruna Franchetto, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Ela falou sobre o assunto nesta terça-feira (19), quando é comemorado o Dia do Índio, em palestra no Museu do Amanhã, no centro do Rio.

“Estamos lutando conta a perda da diversidade linguística no Brasil, representada pelas mais de 150 línguas indígenas que ainda são faladas, e contra o enfraquecimento e o empobrecimento dessa diversidade. Calcula-se que, desde o momento da conquista, há mais de 500 anos, até os dias de hoje, houve uma perda superior a 80% da diversidade cultural, étnica e linguística nativa”, disse Bruna.

Diversidade

Segundo ela, há no Brasil línguas que pertencem a 40 famílias distintas, que se organizam, não todas elas, em troncos principais, o Gê e o Tupi. Além disso, têm mais 10 línguas isoladas, que não pertencem a nenhuma família.

“É uma diversidade incrível. Preservar e lutar por sua sobrevivência é fundamental. Cada língua carrega um universo de conhecimentos, tradições, artes e beleza estética. Cada velho índio que morre é como se queimasse uma biblioteca.”

Bruna esclareceu que a perda linguística deveu-se ao genocídio e à extinção de povos inteiros, desde a época da conquista. “Hoje ainda há genocídio de populações indígenas, com a morte física de falantes, causado pelas armas, invasão de territórios, invasão das áreas, dispersão de populações e doenças trazidas pelos colonizadores.”

Além disso, segundo ela, a assimilação cultural violenta também se encarrega de fazer desaparecer as línguas ancestrais. “Há uma cultura homogênea chamada de nacional e isso causou o empobrecimento cultural e linguístico do Brasil indígena. Isso se deu através das escolas, dos missionários, da catequização e da própria mídia.”

A linguista acredita que há medidas possíveis para frear o processo e garantir a preservação desses idiomas. “Estamos fazendo, timidamente, de modo muito incipiente. São pesquisas realizadas nas universidades, em centros de pesquisas. O número de linguistas que se dedicam ao estudo e documentação dessas línguas ainda é muito pequeno. Nós temos dois grandes centros de documentação, que é o Museu do Índio, no Rio de Janeiro, e o Museu Emílio Goeldi, no Pará.”

Outro assunto que ela considera essencial é melhorar a formação dos professores indígenas, responsáveis pela manutenção da língua diretamente nas aldeias. “É uma formação ainda muito precária. Uma corrida contra o tempo. Estamos remando contra a maré.”

Robôs podem superar drones em entregas

Robô

Sob a Arena 02 em Greenwich – a abóbada futurista construída originalmente como a atração de Londres para o milênio – um objeto move-se rapidamente entre grupos de crianças surpresas.

Esse pequeno robô de entregas, projetado para circular com autonomia pelas calçadas, não pelas ruas, começará neste ano a fazer as entregas de empresas locais diretamente para os consumidores.

  Ao fazer isso, ele poderia vencer o último desafio do comércio eletrônico: a reta final, o passo menos eficiente e mais problemático do processo de entregas.

“De trinta a quarenta por cento do custo da entrega surge na reta final”, diz Allan Martinson, diretor operacional da Starship Technologies, a empresa que constrói esse robô. O empreendimento é uma invenção de Ahti Heinla, um dos primeiros desenvolvedores do Skype, e é financiado pelo bilionário Janus Friis, um dos fundadores do Skype e investidor em tecnologia.

Os pequenos robôs de entrega criados pela Starship e pela startup concorrente Dispatch, dos EUA, são os BB-8s e Wall-Es do comércio eletrônico.

Esses fragmentos de androide estão enfrentando as forças mais potentes do setor tecnológico. A Amazon está testando drones voadores, assim como Wal-Mart e Google.

A Google também solicitou patentes para um caminhão sem motorista que transportaria um conjunto de armários que abrem com uma mensagem de texto.

E o Uber está implementando motoristas para entregar alimentos, um conceito que poderia se expandir para outros produtos. E não se esqueça dos responsáveis pelo transporte de bens, como Federal Express, UPS e os serviços de correio do governo.

Embora o robô da Starship talvez chegue primeiro ao mercado, a vitória não está garantida. Os androides têm limitações, e sua viabilidade econômica se restringe às zonas urbanas. Os drones têm um custo inicial mais alto e precisam superar obstáculos regulatórios maiores, mas poderiam ser menos caros por quilômetro. E, de acordo com alguns especialistas em logística, no futuro próximo os seres humanos continuam levando vantagem sobre qualquer adversário inspirado na ficção científica.

Drones x robôs

Heinla, um estoniano alto e magro, com cabelo loiro e a aparência desgrenhada de um engenheiro que considera que a forma é mais importante do que a moda, diz que os androides de entrega têm suas vantagens. Robôs menores são mais fáceis e baratos de construir. Como o androide da Starship pesa menos de 16 quilos e se move devagar, ele tem menos probabilidade de provocar danos. Além disso, por ser um veículo com rodas, ele não tem nenhuma hélice capaz de machucar – ao contrário dos drones.

O mais relevante é que ele se move pelas calçadas, não pelas ruas, o que simplifica a obtenção da aprovação regulatória para operar. Os robôs da Starship já percorreram mais de 3.057 quilômetros no Reino Unido, na Alemanha, na Bélgica, na Estônia e nos EUA, e planeja-se mais de 8.046 quilômetros neste ano.

Em comparação, os drones estão sendo testados em ambientes extremamente controlados, e as entregas comerciais estão à espera de que os reguladores resolvam questões de segurança, responsabilidade, direitos do espaço aéreo e privacidade. Até o momento, os veículos autônomos só têm autorização para testes restritos nas vias públicas.

“Fizemos testes na neve, na neve semiderretida, no gelo e na chuva – onde você imaginar”, disse Martinson. Nos EUA, a Starship está testando seu robô em Fayetteville, no Arkansas, a cerca de 56 quilômetros da sede da Wal-Mart em Bentonville, em conjunto com um laboratório de inovação da Universidade do Arkansas cujo nome homenageia a família do CEO da Wal-Mart, Doug McMillon. Isso gerou a especulação de que a gigante do varejo talvez esteja interessada no pequeno robô.

O 415C Lab, uma unidade interna da Wal-Mart que investiga diversas tecnologias inovadoras, disse que está monitorando o programa de teste. A Starship não quis comentar uma possível vinculação com a Wal-Mart. Mas Martinson disse que espera que os primeiros clientes de comércio eletrônico comecem a usar os robôs ainda neste ano.

A Dispatch, com sede em São Francisco, foi fundada por cientistas da computação saídos da Universidade da Pensilvânia e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Financiada pela empresa de empreendimento de risco Andreessen Horowitz, do Vale do Silício, a Dispatch também está testando seu próprio drone terrestre, que se chama Carry

ReclameAQUI chama "reclamaço" contra limite de internet fixa

Cabo de conexão de internet

 O ReclameAQUI está convocando os consumidores para um "reclamaço", um dia inteiro de queixas concentradas, direcionado à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

O objetivo é usar a plataforma da empresa para protestar contra a decisão das operadoras de começar a limitar a transferência de dados na banda larga fixa, assim como ocorre na internet móvel.

O "reclamaço" está marcado para o dia 27 de abril, quarta-feira.

"Vamos fazer um ‘superdia’ de reclamações contra a Anatel, o órgão que deve regular as ações das companhias de telecomunicações, para todos expressarem suas insatisfações em relação a essa medida", convocou o ReclameAQUI.

Por enquanto, o consumidor de banda larga fixa paga um valor fixo por mês e pode navegar à vontade a velocidade pré-determinada.

"(Os novos planos) podem variar de 10 GB a 130 GB por mês. Então, por exemplo, se você usar a Netflix a 25mb/s, em 11 horas você terá consumido 130 GB, o que equivale a toda sua franquia no mês. Isso sem contar os outros sites que você acessa ao longo do dia", afirma o ReclameAQUI.

A divulgação da mudança provocou revolta e uma intensa campanha nas redes sociais.

A Vivo foi uma das operadoras que já declarou que vai criar planos de banda larga com volume fixo de transferência de dados por mês. Isso pode acontecer dentro dos próximos dois anos.

A TIM, por outro lado, se apressou em dizer que não está alterando seus planos.

Na segunda-feira (18), o presidente da Anatel, João Rezende, disse que "não existe nenhum serviço que tenha oferta ilimitada aos consumidores", mas que as operadoras falharam em comunicar suas ofertas aos usuários.

Ele fez a afirmação durante apresentação a jornalistas sobre as novas regras publicadas pela agência, que obrigam que as empresas de internet criem ferramentas para que os clientes tenham controle sobre o quanto trafegam de dados, antes de reduzir ou cortar o serviço.

Para participar do "reclamaço", é preciso ter um cadastro no ReclameAQUI e acessar a página da Anatel no site.

Até as 15h desta terça-feira (19), o portal registrava 9.383 queixas contra a agência, 778 delas referentes à telefonia fixa.

Crianças têm grande influência nas decisões de compra

Criança diante de computador

Hoje, a mobilidade traz a informação para a palma das nossas mãos, e esse acesso está cada dia mais dentro das casas. Para falar sobre como essa democratização impacta a decisão de compra nas famílias, o Facebook publicou o estudo "Meet the Parents".

Nele, dados importantes como o fato da criança exercer uma grande influência nos lares são abordados.

Mesmo sem saber, ela impacta em todas as decisões da família, desde a escolha da viagem de férias, jantares e opções de entretenimento, até a escolha do carro ou em outros hábitos de consumo. Além disso, a criança também impacta no comportamento dos pais como um todo.

Confira os destaques encontrados no estudo:

Informar em vez de importunar

• 59% dos pais dizem que seus filhos têm mais impacto nas decisões de compra do que eles tinham durante o seu crescimento, com suas famílias.

• Cerca de 69% dos pais dizem que compram mais produtos específicos para crianças do que seus pais compravam para eles próprios na mesma fase. A tática de ‘importunar’ os pais para que comprem produtos para seus filhos está sendo substituída pela tática de ‘informar’ — e, em certas categorias, as crianças têm se tornado especialistas.

Paternidade é Mobilidade

• Mobile é um salva-vidas de conectividade para os pais, que passam mais tempo conectados pelo celular do que pessoas que ainda não têm filhos. Esse comportamento é ainda mais evidente em novos pais — eles passam 1,2 vezes mais tempo no Facebook, por exemplo, do que quem não tem filhos.

• Mães de primeira viagem passam 1,3 vezes mais tempo no Facebook pelo celular do que mulheres que não tem filhos. Em um mundo que pode, às vezes, parecer caótico, o mobile é o meio pelo qual pais e mães consomem informação prontamente. Os dispositivos móveis ajudam os pais a ficar conectados e informados, a registrar e compartilhar momentos importantes dos filhos, e a manter seu senso de identidade.

Coloque sua máscara de oxigênio antes de ajudar as crianças

• Pais são, sobretudo, pessoas. Eles estão, cada vez mais, percebendo que, se cuidarem de si mesmos antes, estarão melhores preparados para lidar com suas responsabilidades e pressões diárias, como cuidar das necessidades das suas famílias de uma maneira mais amorosa e disciplinada.

• 42% dos pais dizem que suas famílias estão bem quando eles mesmos estão bem. É por isso que eles asseguram-se de tomar conta de si mesmos para poder tomar conta de suas famílias.

A mulher que revolucionou o tratamento da loucura no Brasil

Nise da Silveira

Em terras de sanidade obrigatória e desenfreada, quem permite a loucura é rei. E rainha. Pois imagine que, sãos e fora de manicômios, estejamos saindo no tapa por nossas verdades. Dividindo o mundo entre o Bem e o Mal.

Contabilizando relatos selvagens. Justificando nossa falta de utopia com um racionalismo paralisante. Deixando de sonhar e de se arrepender.

Nem isso, nem aquilo. Nossa existência se encontra bem ali, no meio do isso e do aquilo. No incerto e no incalculável. Entre o olhado e o invisível.

Nise da Silveira, psiquiatra alagoana (1905-1999), enxergou a riqueza de seres humanos que estavam “no meio do caminho”. No meio do caminho entre o existir e a dignidade. No meio do caminho entre a loucura e a exclusão total. Entre o aceitável e o abominável.

Essa mulher se rebelou contra a psiquiatria que aplicava violentos choques para "ajustar" pessoas e propôs um tratamento humanizado, que usava a arte para reabilitar os pacientes.

Esquizofrênicos marginalizados e esquecidos puderam ser autores de obras hoje expostas no Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro (RJ). A arte marcou o renascimento daquelas pessoas para a sociedade.

Os ensinamentos de Nise nos falam de uma atualidade que se repete a cada vez que a loucura é estigmatizada e polarizada: é ou não é louco(a). Cobramos de nós mesmos, o tempo todo: sejamos funcionais. Como se não pudéssemos falhar ou viver nossas escolhas fora da curva que definiram para nós.

Nise, essa senhorinha miúda, agigantou a humanidade ao cuidar de brasileiros rejeitados pelo sistema e isolados do convívio. A história dela já foi tema de documentários e agora volta às telas com o filme inédito Nise – O Coração da Loucura, que estreia nesta quinta-feira (21).

Dirigido por Roberto Berliner e estrelado por Gloria Pires, o longa, baseado no livro Nise - Arqueóloga dos Mares, do jornalista Bernardo Horta, traz um recorte acessível e emocionante da atuação da psiquiatra e sua defesa da arte como principal ferramenta de reintegração de pacientes chamados "loucos".

Depois de assistir ao filme, fica evidente, por meio de uma ficção que comove e mobiliza, o fato de que Nise terá sempre nosso respeito e admiração, pois tratou a loucura com carinho e fez dela um motor de vida.

Descobrir a história de Nise é encontrar um pouco de nós mesmos nos momentos em que parecemos não “caber” em nossa própria existência.

Como essa mulher fez a diferença no mundo, listamos algumas razões pelas quais ela merece ser convocada à nossa memória:

Ela foi uma mulher pioneira

Em 1926, ao se formar na Faculdade de Medicina da Bahia, Nise era a única mulher em uma turma de 157 alunos. Ainda na graduação ela apresentou o estudo Ensaio sobre a criminalidade da mulher no Brasil.

Ela deu voz à loucura

“Na época em que ainda vivíamos os manicômios e o silenciamento da loucura, Nise da Silveira soube transformar o Hospital Engenho de Dentro em uma experiência de reconhecimento do engenho interior que é a loucura”, explica à revista Cult Christian Ingo Lenz Dunker, psicanalista e professor titular do Instituto de Psicologia da USP.

Nise era uma defensora da loucura necessária para se viver. “Não se cura além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas muito ajuizadas.”

Ela foi presa política

Nise ficou presa de 1934 a 1936, durante o Estado Novo, acusada de envolvimento com o comunismo. Ela foi denunciada por uma colega de trabalho, que era enfermeira. No presídio Frei Caneca, ela dividiu a cela com Olga Benário, a militante comunista alemã que na época era casada com Luís Carlos Prestes, lembra a revista Cult.

Ela foi citada em um livro do Graciliano Ramos

Na prisão, Nise também conheceu o escritor alagoano Graciliano Ramos, que a cita em seu livro Memórias do Cárcere:

"(...) Lamentei ver a minha conterrânea fora do mundo, longe da profissão, do hospital, dos seus queridos loucos. Sabia-se culta e boa. Rachel de Queiroz me afirmara a grandeza moral daquela pessoinha tímida, sempre a esquivar-se, a reduzir-se, como a escusar-se a tomar espaço.”

Ela implementou a terapia ocupacional no manicômio

Em 1944, Nise passou a trabalhar no Hospital Pedro II, antigo Centro Psiquiátrico Nacional, no Rio de Janeiro. Ela se recusou a seguir o tratamento da época, que incluía choque elétrico, cardiazólico e insulínico, camisa de força e isolamento. Ao dizer “não”, a psiquiatra foi transferida, como “punição”, para o Setor de Terapia Ocupacional do Pedro II. A reportagem da revista Cult lembra que esse era um espaço desprestigiado na época.

Porém, essa transferência foi fundamental para a revolução que Nise provocaria na psiquiatria: foi nesse setor do hospital que ela implementou, junto com o psiquiatra Fábio Sodré, a Terapia Ocupacional no tratamento psiquiátrico.

Ela usou a arte para tratar problemas graves de saúde mental

Nise percebeu que as artes plásticas eram o canal de comunicação com os pacientes esquizofrênicos graves, que até então não se comunicavam verbalmente. As obras produzidas por eles davam “voz” aos conflitos internos que viviam.

Ela expôs as artes feitas pelos pacientes

Além do efeito terapêutico, as artes plásticas possibilitaram que os pacientes (ou clientes, como Nise gostava de chamá-los) se tornassem verdadeiros artistas.

A produção do ateliê do Setor de Terapia Ocupacional já tinha despertado a atenção de pesquisadores de saúde mental e médicos, mas críticos de arte também viram naqueles trabalhos obras artísticas dignas de exposição. Foram organizadas duas exposições internacionais e, em 1952, foi inaugurado o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro.

Em entrevista à revista Cult, Luiz Carlos Mello, diretor do Museu das Imagens do Inconsciente e autor da fotobiografia Nise da Silveira – Caminhos de uma Psiquiatra Rebelde, informa que o acervo pessoal de Nise da Silveira é tombado como Memória do Mundo da Unesco. “Com a criação do Museu, também como um centro de estudos e pesquisa, seu acervo atingiu mais de 360 mil obras e se tornou a maior e a mais diferenciada coleção desse tipo de arte no mundo. Suas principais coleções foram tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.”

Ela introduziu gatos e cachorros na rotina dos psicóticos

Nise encorajou os pacientes psicóticos a conviverem com gatos e cachorros. O resultado foi uma admirável promoção de afetividade com os bichinhos.

Ela revelou as emoções dos esquizofrênicos

Elizabeth Maria Freire de Araújo Lima, professora do Curso de Terapia Ocupacional da USP e autora do livro Arte, Clínica e Loucura: Território em Mutação, explica à revista Cult que Nise constatou que o mundo interno do esquizofrênico, considerado inatingível até então, poderia ser acessado, revelando as emoções desses pacientes por meio das artes plásticas. “Nise afirmava que o hospital colaborava com a doença e acreditava que caberia à terapêutica ocupacional parte importante na mudança desse ambiente.”

Ela chamou a atenção de Jung

Nise era uma devoradora de livros e tinha um interesse especial pela obra do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung. Ela escreveu uma carta para ele, pedindo ajuda para interpretar as mandalas que os pacientes desenhavam. A correspondência é relatada na fotobiografia Nise da Silveira – Caminhos de uma Psiquiatra Rebelde:

“A configuração de mandala harmoniosa, dentro de um molde rigoroso, denotará intensa mobilização de forças auto-curativas para compensar a desordem interna. Então pedi para que fotografassem algumas mandalas e as enviei com uma carta para C. G. Jung, explicando o que se passava. Foi um dos atos mais ousados da minha vida.”

Bernardo Horta, autor da biografia Nise — Arqueóloga dos Mares, diz à Cult que Nise “constata o que Jung afirmava: se para o neurótico – o que seria todos nós, segundo Freud – o tratamento é por meio da palavra, ou seja, a psicanálise, para o esquizofrênico, segundo Jung, a palavra não dá conta. Para esse paciente, o tratamento deveria ser pela imagem”.

Em 1957, Nise é convidada por Jung para passar um ano estudando com ele no Instituto Junguiano, na Suíça, além de expor o acervo do Museu de Imagens do Inconsciente no II Congresso Internacional de Psiquiatria. Na volta ao Brasil, em 1958, ela criou o Grupo de Estudos C. G. Jung no Rio de Janeiro, que coordenou até morrer, em 1999.

Ela questionou os manicômios

Para Nise, a experiência em manicômios mostrou que havia uma confusão entre hospital psiquiátrico com cárcere, com os pacientes tratados como presos. Avessa a essa abordagem desde o começo, e defensora de um olhar humanista, em 1956, Nise fundou a Casa das Palmeiras, a primeira instituição a desenvolver um projeto de desinstitucionalização dos manicômios no Brasil.

A Casa é lugar para o convívio afetivo e estímulo à criatividade dos psiquiátricos. A clínica funciona em regime aberto, sem fins lucrativos, à base de doações.

Ela ajudou a escrever a história da psiquiatria

Nise apontou falhas na psiquiatria, contestou práticas e demonstrou soluções, dando novos contornos e sentidos aos tratamentos e às relações entre psiquiatras e pacientes. Em seus 94 anos de vida, a alagoana publicou dez livros e escreveu uma série de artigos científicos.

Ela representa uma resistência atemporal

O psicanalista Christian Dunker, no Blog da Boitempo, reforça a atemporalidade dos feitos de Nise:

“Não me parece um acaso que, em meio ao momento de maior dissenção social que já vivemos, desde os anos de chumbo da ditadura militar, estejamos presenciando o maior retrocesso desde então registrado em matéria de saúde mental. A nomeação de Valencius Wursch Duarte Filho como secretário de saúde mental do Ministério da Saúde, em uma operação indecente de barganha política, é o retorno de tudo o que Nise demorou uma vida para desfazer. Passeatas, manifestações e mesmo a própria ocupação, que persiste há mais de dois meses, de uma das salas do Ministério, parecem não ter voz nem luz contra a volta das piores trevas psiquiátricas.”

“Duarte Filho foi diretor técnico do hospital psiquiátrico Casa de Saúde Dr. Eiras, fechado em 2012 depois de constatadas graves violações aos direitos humanos pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados”, escrevem os psicanalistas Antonio Lancetti e Maria Rita Kehl, e o psicólogo Aldo Zaiden, em um artigo na Folha de S. Paulo.

Segundo a Sociedade Brasileira de Psicanálise, entre os profissionais de saúde, a indicação de Duarte Filho para o cargo é vista como um “retrocesso e uma ameaça real aos avanços conseguidos nos últimos anos com a Rede Nacional de Saúde Mental, que promoveu a substituição dos hospitais psiquiátricos pelos Centros de Atenção Psicossociais, organizados para oferecer atendimento intensivo, articulados a emergências psiquiátricas, residências terapêuticas e outras formas efetivas de reabilitação, beneficiando milhares de pessoas antes sujeitas a maus-tratos de toda ordem”.

Mais do que atual: Nise é urgente para a sociedade brasileira.

Líderes acusam Dilma de “encenar” que é vítima de golpe

Votação do impeachment na Câmara dos Deputados

Líderes e presidentes de 15 partidos que votaram a favor da admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, no último dia 17, acusaram hoje (19) a presidente de “encenar” para a imprensa estrangeira que é vítima de um golpe. 

Em nota, os partidos dizem que Dilma “inverte sua posição de autora em vítima” e repudiam “de forma veemente”, o “triste espetáculo encenado” por Dilma Rousseff na entrevista à imprensa estrangeira.

No documento, os partidos dizem que na entrevista a correspondentes estrangeiros a presidente “procurou desqualificar a soberana decisão da Câmara dos Deputados”, que obedecendo às regras estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou “o processamento da denúncia formulada contra ela por crime de responsabilidade”.

“A presidente da República insistiu no erro de tachar de ilegal e golpista a ação dos deputados, omitindo propositadamente que o rito do impeachment foi determinado pelo STF, nos julgamentos das inúmeras e frustradas tentativas de seu governo de impedir a atuação do Poder Legislativo. O impeachment foi chancelado pela Suprema Corte do Brasil”, diz trecho do documento.

As lideranças partidárias esclarecem que a Câmara autorizou o Senado a dar andamento ao processo e promover o julgamento da presidente, onde ela terá amplo direito de defesa. “A presidente desconsidera que está sendo acusada de ter cometido um dos maiores crimes que podem ser praticados por uma mandatária, já que a vítima, no caso, é toda a nação. Para defender-se ela inverte sua posição de autora em vítima”, diz a nota.

Em outro trecho do documento, os partidos dizem que “a vã tentativa de vitimização, sob a alegação de injustiça, não encontra amparo no relatório da comissão especial, na decisão do plenário da Câmara, nas decisões do STF, na realidade dos fatos e na soberana vontade da ampla maioria da população brasileira”.    

Assinam o manifesto os seguintes partidos: PMDB, PSDB, PSD, PSB, DEM, PRB, PTB, SD, PTN, SD, PSC, PPS, PV, PROS e PSL

 

 

O dólar no governo Temer

Michel Temer em fórum econômico em São Paulo 31/08/2015

As recentes intervenções do Banco Central, com o câmbio em torno de R$ 3,50, levantam a discussão sobre se existe um piso para o dólar. Mas há um ponto que embaralha esta visão.

Confirmado o impeachment, os rumos da economia, inclusive do câmbio, passam em breve a ser ditados por uma nova equipe, no governo de Michel Temer. Até agora, os nomes citados para a equipe do vice têm um perfil inclinado a uma menor intervenção no mercado.

Para Flávio Serrano, economista do banco Haitong no Brasil, o dólar pode cair para R$ 3,30, ou um pouco menos, à medida que se confirme a expectativa de mudança de governo, com a chegada de uma nova equipe econômica. Segundo o economista, caso se confirme o noticiário apontando a possibilidade de nomes de perfil mais ortodoxo no comando da economia, a ideia de que não há piso para o dólar se fortalecerá. “O mercado entende que haverá uma abordagem mais ortodoxa.”

A expectativa positiva do mercado quanto ao governo Temer tem sido fortalecida pelo noticiário recente sobre nomes para o governo. A lista de possíveis nomes para Fazenda e BC tem incluído Henrique Meirelles, Marcos Lisboa e Ilan Goldfajn, que foi diretor de política econômica no BC comandado por Armínio Fraga até 2002, além de Murilo Portugal, ex-secretário do Tesouro.

Fraga, também citado nas listas para a Fazenda, teria dito a Temer que ajudará com indicações, mas sem assumir o posto, disse hoje a Folha de S. Paulo. Fraga e Meirelles, que assumiram o BC em circunstâncias diferentes das atuais, em 1999 e 2003, permitiram uma apreciação acentuada do real nos meses seguintes. O afastamento de Dilma é esperado pelo PMDB para o início de maio.

As intervenções do BC não são evidência de um piso na faixa atual, em torno de R$ 3,50, diz Serrano.“O BC está aproveitando a janela para reduzir seu estoque de swaps.” Quando esta posição estiver mais reduzida, é possível que o BC deixe o câmbio mais livre, diz o economista.

“O BC deve continuar a reduzir o estoque de swaps se o processo não tiver terminado no governo Dilma”, diz Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos. “Acho que a abordagem continuará a ser redução da volatilidade. Se o câmbio sofrer um processo de valorização muito rápido, o BC tende a suavizar o processo, mas não impedir que ocorra.”

Para Serrano, do Haitong, a importância do câmbio na melhora recente das contas externas não pode ser superestimada. Segundo ele, em larga medida, o que reverteu o déficit da balança foi a queda das importações, devido à recessão. O Brasil conviver com déficit não seria um problema, afirma, desde que haja uma política econômica consistente, que atraia investimentos e gere um crescimento sustentado do PIB.

O fato de o BC ainda ter um estoque de US$ 72 bilhões em swaps cambiais fortalece a ideia de um limite para queda do dólar, diz Nathan Blanche, sócio-diretor da Tendências Consultoria. “Não vai demorar para o exportador reclamar”, caso o dólar caia para níveis muito menores. Apesar do provável perfil mais ortodoxo da equipe de Temer, Blanche adverte que a melhora dos fundamentos fiscais levará tempo.

Cleber Alessie, operador de câmbio da H. Commcor DTVM, também não acredita que o BC esteja defendendo um piso em R$ 3,50. “Não vejo uma tentativa de controle do nível da moeda por parte do BC. Há uma expectativa de maior queda do dólar no curto prazo como um todo, devido à maior liquidez no mercado externo, com o Fed não devendo subir juros tão cedo, recuperação do preço do petróleo em relação ao começo do ano, além da evidente expectativa de melhora de cenário local.”

Mulheres que não negociam podem estar fazendo escolha certa

Mulheres no escritório; trabalho

As mulheres recebem mais conselhos sobre como negociar do que precisam. Dizem que temos que deixar de ser tão mulherzinhas e que temos que pressionar, mas que a atitude assertiva vai sair pela culatra por causa do nosso gênero.

Pesquisas mostraram que as mulheres não negociam tanto quanto os homens e que, quando se impõem, elas são punidas. Teoricamente, isso deixa muitas de nós em uma situação difícil.

No entanto, algumas mulheres preferem não negociar por motivos estratégicos e benéficos financeiramente, segundo uma nova pesquisa.

Às vezes, as mulheres decidem não negociar porque consideram que já conseguiram o melhor acordo, diz uma nova pesquisa de Harvard. “Descobrimos que as mulheres parecem escolher corretamente, em termos de retornos financeiros, quando entrar [em negociações] e quando não entrar”, disse Christine Exley, uma das pesquisadoras e professora adjunta da Harvard Business School. “Acho que essa conclusão é mais otimista”.

Os pesquisadores definiram vários cenários de negociação entre pessoas que representavam trabalhadores e empresas. Diferentemente de outras pesquisas, que tendem a enfocar a parcialidade que as mulheres poderiam enfrentar em uma negociação, os pesquisadores tentaram eliminar da situação qualquer julgamento baseado no gênero.

As negociações ocorreram de modo anônimo, através de mensagens instantâneas, por isso nem o funcionário nem o representante da empresa sabiam o gênero um do outro.

Houve também transparência absoluta: os trabalhadores ganharam determinada quantia de dinheiro de acordo com seu desempenho em uma tarefa simples; as empresas obtiveram determinada quantia de dinheiro de acordo com o desempenho de seus funcionários. Todos sabiam como tinham se saído na tarefa. As duas partes precisavam negociar quanto cada uma obteria. Em um cenário, os trabalhadores poderiam escolher entre negociar ou simplesmente aceitar a oferta da empresa. Em outro cenário, todos deveriam contestar seu salário.

Quando existiu a possibilidade de escolha, a probabilidade de que as mulheres entrassem em uma negociação foi 11 por cento menor que a dos homens, o que confirma as pesquisas anteriores.

Mas, quando analisaram as mulheres que optaram por não negociar, os pesquisadores descobriram que elas tinham recebido um salário maior ou igual ao “valor de mercado” delas, que, neste caso, era o desempenho obtido na tarefa em comparação com os demais. Em outras palavras, elas já tinham feito um bom negócio, então não discutiram.

A teoria de “pressionar” nas negociações empresariais indicaria que mesmo assim essas mulheres deveriam negociar, porque as pessoas tendem a obter benefícios nas negociações. Para testar essa teoria, os pesquisadores analisaram o que aconteceu quando as mulheres foram obrigadas a negociar.

Nesse cenário, o salário delas diminuiu. Elas perderam dinheiro porque ficaram presas em negociações difíceis, em que seu valor de mercado era baixo e, ainda assim, elas pediam mais dinheiro. Antes que você conclua que isso é uma prova de que as mulheres não são boas para negociar, saiba que os homens não obtiveram resultados melhores quando foram forçados a pressionar. Eles simplesmente entraram em negociações com mais frequência e também sofreram perdas nas negociações difíceis.

“Em alguns aspectos, essa conclusão é boa”, acrescentou Exley. “Ela traz a possibilidade de que talvez, em ambientes controlados, as mulheres saibam definir bem quando devem negociar ou pressionar”.

A maioria das negociações não ocorre em ambientes controlados. Por causa da falta de transparência nos pagamentos e de uma obscura noção do valor dado a um funcionário, muitas vezes as mulheres não sabem em que tipo de negociação estão entrando, se fácil ou difícil.

As mulheres são mais propensas que os homens a dizer que não entendem bem como o pagamento é definido na empresa onde trabalham, concluiu uma pesquisa recente da Glassdoor. Isso poderia explicar por que mais mulheres não negociam.

“Uma possibilidade poderia ser que, como mulher, talvez eu subestime sistematicamente meu valor”, disse a pesquisadora Muriel Niederle, professora de Economia da Universidade de Stanford, “e talvez por isso eu não barganhe o suficiente”. Então, em vez de conselhos sobre como negociar, talvez o que as mulheres precisem é trabalhar apenas em empresas onde o pagamento e o valor dos funcionários são definidos claramente.

Arquivo do blog